Negócios

Nesta empresa, ir ao escritório garante dinheiro extra na previdência

O programa elevou frequência no escritório em 22% e melhorou a retenção de talentos em 15%

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 10 de dezembro de 2025 às 09h51.

Enquanto a maioria das empresas ainda discute como convencer funcionários a voltar ao escritório, a plataforma Deskbee, de gestão de espaços corporativos e trabalho híbrido, decidiu literalmente pagar para ver.

Em parceria com a Stay, de benefícios corporativos, a companhia criou um benefício de previdência privada corporativa que aumenta em 50% a contribuição para quem aderir ao modelo presencial, transformando dias no escritório em investimento para a aposentadoria.

Na prática, cada vez que o profissional passa pelo menos sete horas na sede e faz o check-in, registro de presença via app, o sistema da Deskbee contabiliza o dia e envia a informação para a Stay, responsável pelo plano de previdência empresarial.

“Isso significa que se o colaborador paga R$ 100 por mês para garantir sua aposentadoria, a empresa coloca mais R$ 50”, afirma Mário Verdi, CEO da Deskbee.

Segundo dados da empresa, o programa alcançou 90% de adesão entre os funcionários, elevou em 22% a frequência média de idas presenciais e foi acompanhado de uma melhora de 15% nos índices de retenção de talentos.

Foco no futuro

Além do ganho individual, a proposta tem um pano de fundo macroeconômico: a preocupação com aposentadoria em um país com sistema público pressionado.

“O que propomos é que as empresas ofereçam uma alternativa ao INSS, uma vez que a previdência privada tem mais garantias e, em formato de benefício corporativo, fica mais econômica”, explica Tsai Chi-Yu, CEO da Stay.

A estratégia também conversa com o movimento global de retorno ao escritório. Segundo o relatório CEO Outlook, da KPMG, 83% dos CEOs ao redor do mundo preveem um retorno total aos escritórios nos próximos três anos.

Nesse cenário, o desafio das empresas é reduzir a resistência dos times ao presencial e, ao mesmo tempo, mostrar que o tempo de deslocamento e permanência no escritório não é “tempo perdido”, mas pode ser convertido em patrimônio futuro.

“É um meio de validar que o tempo de cada profissional é valioso”, diz Verdi.

O que é a Deskbee?

Antes de se tornar fundador de uma startup focada em escritórios híbridos, Verdi veio do universo do design.

A experiência com projetos de identidade visual e sinalização urbana em Porto Alegre levou o empreendedor a explorar ferramentas digitais para organizar cidades — um produto que acabou ganhando o mercado suíço e sendo vendido por cerca de 1 milhão a 2 milhões de francos suíços, algo em torno de R$ 6 milhões à época.

Depois dessa primeira saída, o fundador começou a buscar um problema mais específico para atacar com tecnologia.

A resposta veio do universo de facilities, área de gestão de infraestrutura predial: primeiro, atendendo prestadores de serviços de limpeza e manutenção; depois, vendendo diretamente para grandes empresas que queriam ter autonomia na gestão de seus prédios.

A aproximação com esse mercado abriu caminho para um novo tema que ganhava força às vésperas da pandemia: o trabalho híbrido, com reservas de mesas e salas feitas por software.

Quando a covid-19 forçou o fechamento dos escritórios, a Deskbee já tinha parte da solução pronta.

Em um ano, a base da empresa saltou de cerca de 20 clientes para 100, depois para 200, até chegar às mais de 400 empresas atendidas hoje, incluindo nomes como Raízen, XP, Renault, Cielo, Volkswagen, Coca-Cola, TOTVS e John Deere, em 30 países.

Além das mesas

Do lado do negócio, a Deskbee também amadureceu. A empresa deve fechar 2025 com faturamento de cerca de R$ 11 milhões e projeta crescer entre 70% e 80% no ano seguinte, apoiada em um foco maior no segmento enterprise, voltado a grandes empresas.

A estratégia não se limita à reserva de mesas e salas. A Deskbee adquiriu um serviço de caronas corporativas que conecta motoristas e colegas de trabalho por meio de um app fechado para cada empresa.

Em um dos casos citados por Verdi, um evento recorrente do Santander que ligava a sede em São Paulo a Piracicaba passou de 70 carros para 32 após a adoção do sistema de caronas, reduzindo mais de uma tonelada de emissões de gás carbônico por edição.

Além da carona, a plataforma hoje permite reservar vagas de estacionamento, refeitório, transporte fretado e até itens específicos do escritório, como equipamentos e salas voltadas a serviços de massagem, yoga ou atendimento psicológico, conforme configuração de cada cliente.

O objetivo é consolidar em um único sistema a gestão do espaço físico e dos recursos que sustentam o trabalho híbrido, ao mesmo tempo em que o RH ganha dados para desenhar políticas mais flexíveis.

Acompanhe tudo sobre:Home officeEscritóriosPrevidência privada

Mais de Negócios

Saúde suplementar: a pressão sobre a indústria para redefinir a gestão dos planos

De Goiás, Aliare cresce no agro e mira R$ 230 milhões em 2026

De app de recarga a plataforma financeira: a reinvenção do RecargaPay

O médico que recusou o Vale do Silício, evitou fundos e construiu uma farmacêutica de US$ 6 bilhões