Fábrica de espumantes da Cereser (Divulgação)
Tatiana Vaz
Publicado em 23 de dezembro de 2010 às 05h36.
São Paulo – A ascensão de um grande contingente de brasileiros à classe C nos últimos anos está fazendo com que empresas de diversos portes e ramos destinem uma atenção maior a esse público. Nesse cenário, sai na frente as companhias que já têm lugar cativo na decisão de escolha desses consumidores. A fabricante paulista de bebidas Cereser é uma delas. Conhecida pelas marcas Chuva de Prata e Sidra Cereser, a empresa sempre focou a criação de produtos para consumidores da classe C e D, fato que contribuiu para que suas vendas alcançassem um crescimento acelerado de 2005 para cá. Agora, a ideia é apostar em um novo segmento: o de destilado.
Desde julho, os supermercados nordestinos vêm recebendo o primeiro rum da fabricante no país, o Capitán Cortez. O produto, que já era fabricado e exportado pela Cereser para América Latina e África, é comercializado por aqui com intuito de aumentar o portfólio e a participação de mercado regional da empresa.
O nordeste é estratégico para a Cereser principalmente por conta da demanda que a região possui por produtos destilados, como o rum. A estimativa da companhia é que 80% de todo o consumo dessa bebida no país esteja concentrado ali. “Os nordestinos ainda têm a cultura de optar por beber rum e conhaque em vez de cervejas, acredito que pelo clima quente e preço mais acessível”, afirma José Fontelles, diretor comercial da Cereser. O plano da companhia é de, neste primeiro ano, é focar na capilaridade de distribuição do produto na região.
Para isso, a empresa usa a mesma rede de distribuidores que possui no nordeste hoje, mas com o cuidado de fazer com que o Capitán Cortez esteja em todos os bares, restaurantes, quiosques e supermercados da região. Para divulgar a marca do rum por meio de campanhas de imagens unindo a marca aos famosos locais. “Os nortistas e nordestinos tendem a optar por marcas aliadas às personalidades da região”, afirma Fontelles.
Expansão de fábrica e portfólio
Desde que foi fundada em 1926 pelos irmãos Pedro e Xisto Cereser, na cidade paulista de Jundiaí, a companhia estabeleceu como diretriz atender consumidores de baixa renda. A empresa, que começou plantando uvas para depois fabricar vinho e outras bebidas, detém hoje 76% do mercado brasileiro de sidras, de acordo com a Nielsen, produto tradicionalmente voltado para esse público. As vendas desses produtos, com preços médios de 7 reais, representam 40% do faturamento total.
A intenção de investir em novos produtos é também aumentar a receita e diminuir a dependência das marcas Chuva de Prata e Sidra Cereser. Juntas, as vendas das duas crescem a uma taxa média de 8% ao ano. “Não acreditamos que, por conta do aumento da renda, os brasileiros de classe C e D deixarão de consumir nossas sidras”, diz o diretor, “mas queremos oferecer a eles novas opções de consumo para atendê-los em diversas situações”.
O aumento de portfólio começou no final do ano passado, com a apresentação de novas versões dos produtos: Chuva de Prata sem álcool e Sidra Cereser sem álcool e sem açúcar, nos sabores de morango, pêssego e uva. “Desenvolvemos essas versões para atingir crianças, diabéticos e religiosos que não podem beber nada alcoólico”, diz Fontelles. Apenas em 2009, a empresa vendeu cerca de 26 milhões de garrafas de sidras de 660 ml.
Para suprir a demanda por produção, a companhia teve de dobrar a capacidade de sua fábrica paulista de Jundiaí. Com 2.000 metros quadrados construídos, a nova instalação processa cerca de 26.000 garrafas de bebidas por hora. A Cereser não divulga quanto foi investido no empreendimento, mas declara que o espaço é hoje 25% maior do que as maiores fábricas do gênero.