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Casa do Pão de Queijo pede recuperação judicial com dívida de R$ 57,5 milhões

Fundada em 1967, a rede conta com 22 lojas próprias e 170 franquias. Saiba o que levou a empresa ao pedido de recuperação judicial

Casa do Pão de Queijo: companhia sofreu com a pandemia de covid-19 e tragédia no Rio Grande do Sul (Divulgação)
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 1 de julho de 2024 às 10h42.

Última atualização em 1 de julho de 2024 às 11h26.

A Casa do Pão de Queijo, uma das maiores redes de cafeterias do país, entrou com pedido de recuperação judicial. A dívida é de R$ 57,5 milhões.

A ação foi protocolada na última sexta-feira, 28, na Vara Regional de Competência Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem da 4ª RAJ, em Campinas/SP, e inclui o grupo CPQ Brasil S/A e 28 filiais localizadas em aeroportos.

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Do total da dívida, R$ 244,3 mil seriam devidos a credores trabalhadores, R$ 55,8 milhões aos chamados quirografários e R$ 1,3 milhão a credores enquadrados como microempresas e empresas de pequeno porte.

Na ação também consta uma dívida não sujeita aos efeitos do processo de recuperação judicial, que soma R$ 53,2 milhões, sendo R$ 28,7 milhões de passivos tributários.

Em comunicado, a companhia informou que foi fortemente impactada pela pandemia de covid-19. A empresa também cita o cenário macroeconômico pouco favorável, com juros altos.

"Suspendemos atividades por razões sanitárias com a consequente perda de produtos, sem suficiente contrapartida em termos de aluguéis de lojas, pagamento de funcionários e contratos com fornecedores", diz o comunicado.

Como a Casa do Pão de Queijo foi criada

A Casa do Pão de Queijo, comercialmente conhecida como CPQ Brasil S/A, é uma empresa fundada por Mario Carneiro em 1967. A história da empresa começou com uma receita especial de pão de queijo criada pela sua mãe, Dona Arthêmia.

A primeira loja foi inaugurada na Rua Aurora, no centro de São Paulo, e rapidamente se tornou um sucesso, vendendo 2 mil pães de queijo no primeiro dia.

Com o crescente sucesso, a empresa construiu sua primeira fábrica na Barra Funda, São Paulo, permitindo a expansão da produção e a adoção do modelo de franquias. Em 1987, sob o comando de Alberto Carneiro Neto, a imagem de Dona Arthêmia passou a estampar a logomarca da empresa.

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Nos anos 2000, com mais de 200 lojas franqueadas, a Casa do Pão de Queijo recebeu um aporte de capital do fundo de Private Equity do Banco Pátria, possibilitando a construção de uma nova fábrica em Itupeva, São Paulo. Em 2005, a empresa alcançou 700 pontos de venda e, em 2008, atingiu a marca de 1.000 pontos de venda.

Em 2009, o Banco Standard se tornou sócio da empresa, junto com Alberto Carneiro e Marco Aurelio Aliberti Mammana, adquirindo a participação do fundo do Banco Pátria. Em 2010, a CPQ Brasil S/A adquiriu os direitos da marca "O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo".

Em 2012, após o Standard Bank encerrar suas atividades no Brasil, Alberto Carneiro e Marco Aurelio Aliberti Mammana adquiriram 100% da CPQ Brasil S/A.

A empresa apostou nos últimos anos na abertura de unidades próprias em aeroportos. Ao todo são 22 lojas próprias, 170 franquias.

O que levou a Casa do Pão de Queijo à recuperação judicial

A Casa do Pão de Queijo apostou nos últimos anos na abertura de unidades próprias em diversos aeroportos. A empresa investiu aproximadamente R$ 14 milhões para abrir dez novas lojas em aeroportos privatizados, motivada por grandes eventos internacionais como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.

No entanto, a pandemia de covid-19 em março de 2020 causou uma queda drástica no faturamento, comperdas de 97% nos primeiros três meses e uma redução total de 50% no ano, informa a empresa no processo.

Os franqueados da Casa do Pão de Queijo também foram severamente impactados. A empresa informa que muitos franqueados tiveram de fechar suas lojas.

Na pandemia, a fábrica de Itupeva interrompeu a produção várias vezes, resultando em perda de produtividade.

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A empresa também destaca a falta do delivery como um agravante para a queda da receita durante a pandemia.

"A empresa enfrentou dificuldades para obter linhas de crédito junto aos bancos, sendo forçada a recorrer ao não pagamento de impostos temporariamente", diz o processo.

Crise no Rio Grande do Sul

A Casa do Pão de Queijo operava quatro lojas no aeroporto de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, que geravam um fluxo de caixa significativo para a empresa.

Atragédia climáticaque atingiu o estado teve um impacto financeiro negativo de quase R$ 1 milhão por mês em vendas e resultou em uma perda de Ebitda de aproximadamente R$ 250 mil por mês, informou a empresa no processo.

Devido a essa inundação e a falta de previsão de retorno à normalidade, a empresa demitiu 55 funcionários, agravando ainda mais a crise financeira.

Veja ranking das 10 maiores franquias em 2023 (por unidades)

FRANQUIAS

Quem são os principais credores da Casa do Pão de Queijo

Credores extraconcursais (passivos detalhados no processo que não entraram no pedido de recuperação judicial):

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