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Carros usados da Ford viram dor de cabeça. O que fazer?

Modelos têm desvalorização até três maior que rivais, mas podem ser oportunidade no mercado

Desvalorização: Ford EcoSport chega a perder três vezes mais valor que o Chevrolet Tracker (Ford/Divulgação)
GA

Gabriel Aguiar

Publicado em 29 de maio de 2021 às 08h00.

Última atualização em 16 de junho de 2021 às 10h05.

Desde que decidiu fechar as fábricas no Brasil, a Ford criou uma dor de cabeça para os proprietários de EcoSport e Ranger: a desvalorização desses modelos no mercado de usados é até três vezes maior que nos rivais. Só que nem tudo é ruim, já que o Ka – também aposentado – se deu bem frente à concorrência.

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O resultado é de uma pesquisa encomendada pelo Automotive Business à consultoria KBB que comparou o preço do carro 0 km em janeiro deste ano em relação à revenda no mês de abril em duas situações diferentes.

Na primeira, a consultoria especializada em cotações considera o veículo repassado pelo dono ao lojista (chamado Preço de Troca), enquanto, na segunda, simula o valor de repasse diretamente para compradores particulares (chamado Preço de Revendedor).

Desvalorização do EcoSport

No pior cenário, o EcoSport desvalorizou 6,17% no Preço de Revendedor, enquanto o Chevrolet Tracker ganhou valor no mesmo cenário, com 3,43% de ágio – com isso, a diferença entre os SUVs foi de 9 p.p.. Mas a situação é ainda mais preocupante levando e consideração o Preço de Troca, com desvalorização de 20,85%, praticamente o triplo do rival feito pela General Motors, que só perdeu 7,01%.

Ranger: não perdeu valor, mas foi pior que a concorrência (Ford/Divulgação)

Desvalorização da Ranger

Em relação às picapes, o fenômeno de valorização dos usados durante a pandemia (fosse por reajustes na tabela de preços ou por redução da produção pela falta de componentes) ficou bem claro: todos os três modelos analisados tiveram ágio no Preço de Revendedor. Só que a Ranger, que ainda é produzida na Argentina, teve o pior índice do segmento, 2,58%, frente a 5,2% da S10 e 9,42% da Hilux.

No que diz respeito ao Preço de Troca – quando é repassado diretamente ao lojista –, a desvalorização foi de 11,05%, enquanto a picape média da Chevrolet perdeu 6,47% no mesmo cenário. Comparada ao modelo da Toyota, que perdeu apenas 2,56% de valor no Preço de Troca, a Ford Ranger teve quase três vezes mais desvalorização, praticamente repetindo o resultado de EcoSport frente a Tracker.

Desvalorização do Ka Sedan

No segmento de sedãs compactos, o Ka Sedan foi o único representante da categoria a perder valor, já que Chevrolet Onix Plus e Hyundai HB20S tiveram ágio de 6,45% e 0,44%, respectivamente, no Preço de Revendedor – enquanto o modelo da Ford perdeu 1,89%. No preço de troca, o lanterna passou à frente do rival sul-coreano (-13,61%, contra -15,94%), enquanto o rival da GM só desvalorizou 5,07%.

Se saiu bem: Ka (dir.) ficou à frente do Chevrolet Onix (Ford)

Surpresa no mercado de usados

E não é que o hatch compacto Ka, também aposentado no início deste ano, deu o troco pelos “irmãos”? Isso porque o representante da Ford ficou à frente dos rivais e valorizou 5,08% no Preço de Revendedor, pouco acima de Onix (5,05%) e bem melhor que o HB20 (-1,26%). No Preço de Troca, perdeu 7,19% do valor, com desvalorização acima do Chevrolet (-6,26%) e bem melhor que o Hyundai (-17,64%).

O que isso significa

“Por ser uma marca de longa história, grande rede e já ter clientela cativa, a desvalorização que tinha que ocorrer já ocorreu. E foram carros feitos no Brasil e na Argentina, o que deve garantir peças a curto e médio prazo. Além disso, muitos foram comprados com descontos acima de 20% quando fecharam as fábricas, reduzindo efeitos da desvalorização”, diz Murilo Briganti, sócio da Bright Consulting.

E, ainda que os modelos possam ser um problema para os donos atuais, é provável que se tornem uma boa opção de compra no mercado de seminovos e usados futuramente, já que a primeira desvalorização acentuada deverá garantir preços mais atraentes e pacotes de equipamentos mais completos frente aos principais rivais. Sem dizer que, mesmo que com outra operação, a empresa continua no mercado.

-(Arte/Exame)

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