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Carro voador, nova fábrica, 99 app e universidades: o plano bilionário da GAC Motor para o Brasil

A montadora chinesa chegará ao Brasil em 2025 com um investimento de 1 bilhão de dólares durante cinco anos. Alex Zhou, CEO da GAC no Brasil, conta com exclusividade os próximos passo da companhia que promete mexer com o mercado automotivo brasileiro

Alex Zhou, CEO da GAC Motor no Brasil: “Somos uma empresa estatal e faz parte da nossa cultura ter uma estratégia de longo prazo. Queremos fincas as nossas raízes no Brasil” (GAC Motor /Divulgação)

Publicado em 6 de dezembro de 2024 às 08h09.

Última atualização em 6 de dezembro de 2024 às 11h09.

O ano de 2025 promete ser agitado no setor automotivo brasileiro com a presença de gigantes montadoras chinesas. Depois da BYD chegar ao Brasil e anunciar a produção na fábrica na Bahia a partir de março de 2025 e da GWM que irá inaugurar a primeira unidade no Brasil em maio de 2025, a GAC Motor, quinta maior montadora chinesa, colará em prática um plano de expansão no Brasil com um investimento de 1 bilhão de dólares, cerca de 6 bilhões de reais, durante cinco anos. Desse total, 120 milhões de reais serão destinados para a área de pesquisa e desenvolvimento com parceria com três grandes universidades: Universidade Federal de Santa Catarina, Unicamp e Universidade Federal de Santa Maria – que firmaram acordo em um evento realizado nesta quinta-feira, 5, no Hotel Hilton, em São Paulo.

O chinês Alex Zhou será o CEO que comandará a montadora no Brasil. O escritório da companhia já funciona na região do Morumbi, em São Paulo, com cerca de 10 funcionários, que estão estudando cada passo que a companhia poderá dar no próximo ano. Entre as apostas no mercado brasileiro, além da parceria com as universidades, a companhia prevê uma nova fábrica em 2025, investimentos em inovação (como o carro voador e motores flex) e entrar no mercado de mobilidade por meio de parcerias com empresas como a 99.

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Em entrevista exclusiva, após o evento que reuniu autoridades das universidades parcerias e autoridades locais, Alex Zhou, CEO da GAC Motor no Brasil, conta detalhes dessa operação que promete movimentar o mercado automotivo brasileiro.

Quais serão suas prioridades como CEO da operação brasileira?

A prioridade serão os clientes. Esse é o nosso conceito. Temo um slogan que é “serviço antes de tudo.” Por exemplo, se no próximo ano vamos lançar um modelo, neste ano vamos importar todas as peças e componentes necessários para o lançamento daquele modelo. Estamos prezando muito a necessidade do cliente. Se o carro do cliente comprar dar algum problema, as peças serão acessíveis para o brasileiro.

Quais serão as áreas de investimentos no Brasil com o valor de 1 bilhão de dólares durante cinco anos?

O 1 bilhão de dólares inclui o acordo assinado hoje com as três universidades brasileiras em termo de pesquisa, produção dos motores e demais promoções no setor. Hoje fiz o meu primeiro discurso em solo brasileiro e com certeza vamos anunciar em breve novas parcerias com instituições e parcerias empresariais.

Qual será o foco inicial da GAC no Brasil: veículos híbridos, elétricos ou à combustão? Qual chegará primeiro?

Vamos lançar no primeiro momento de um a dois modelos de veículos com motores elétricos. Logo depois vamos lançar modelos híbridos.

Onde será a fábrica da GAC Motor no Brasil e quais modelos serão produzidos?

Ainda não está definido o local, mas com certeza será em 2025. Ainda não temos um estudo sobre quantas vagas de emprego vamos gerar, mas certamente vai ser um grande número e vai depender de cada etapa e de cada modelo que vamos lançar.

Inicialmente, estamos prevendo a produção de quatro modelos no Brasil, que estão em fase de licenciamento, entre eles uma SUV e o Aion.

Existe uma meta de produção e de vendas no Brasil?

A nossa expectativa é de vendermos até 2030 cerca de 80 mil veículos no Brasil. O nosso segundo passo é entrar em outros mercados da América do Sul, não somente o Brasil. Ou seja, o lar da CAG na China é na cidade de Guangzhou, na província de Guangdong, e o lar na América Latina será no Brasil.

Já produzimos carros na Malásia e na Tailândia, o Brasil será o terceiro país onde a GAC Motor produzirá internacionalmente. Assim como nesses país, não queremos forçar os fornecedores com metas absurdas no Brasil. Conforme for a evolução das nossas vendas, vamos ajustar as nossas estratégias e estabelecer novas metas.

Dr. Wey, executivo global da GAC Motor, comentou com exclusividade à EXAME que ¼ dos serviços como Uber e 99 na China são realizados com os carros da GAC. Existe alguma aproximação com empresas como a Uber e a 99 no Brasil?

Estamos confiantes no mercado brasileiro. Na China, os nossos carros oferecem benefícios melhores para os motoristas do Didi, que é a empresa que realiza o serviço como a Uber e a 99 na China. Temos uma parceria de longo prazo com a Didi e queremos replicar esse modelo de sucesso aqui no Brasil também. Existem um segredo de mercado, mas podemos adiantar que estamos conversando de forma amigável com a 99 no Brasil.

Como vai funcionar a parceria com as empresas no Brasil? Honda e Toyota estão nesta relação, como acontece na China?

Não temos parceria com a Toyota e a Honda no Brasil, essa parceria acontece apenas na China, mas se caso eles tiverem interesse, nós podemos conversar. Daqui alguns meses, divulgaremos parcerias com novas empresas.

Hoje vocês anunciaram a parceria com a Universidade Federal da Santa Catarina, Unicamp e Universidade Federal de Santa Maria que receberão nos próximos cinco anos um investimento de cerca de 120 milhões de reais em pesquisa e desenvolvimento. Qual é a maior expectativa com as três universidades brasileiras?

A curto prazo, queremos realizar projetos de adaptação dos nossos motores para flex e para híbridos. A médio prazo queremos entregar para essas universidades alguns estudos não somente tecnologicamente falando, mas também em termos de viabilidade sobre serviços de locação, como a Uber e a 99, e realizaremos a transferência de tecnologia de inteligências artificial aplicada aos veículos, assim como tecnologia para carros voadores. Tudo isso fazem planos dessa parceria com as universidades.

Também fazemos parte do grupo técnico de normas chinesas, por isso estamos sempre preocupados com o ciclo, desde a mineração até a fabricação de baterias. Estamos, por exemplo, desenvolvendo uma bateria de longa duração que pode carregar dentro de 30 minutos um veículo, que poderá andar mais de mil quilômetros. Estamos desenvolvendo também um motor à combustão que será mais econômico.

Por que o Brasil será o mercado prioritário para a GAC Motor?

O nosso alvo realmente será dedicado ao Brasil, queremos fincar as nossas raízes no Brasil. Somos uma empresa estatal, e faz parte da nossa cultura ter uma estratégia de longo prazo. Eu sou o primeiro CEO, e com certeza virão novas gerações de CEOs para o Brasil.

No Brasil não queremos apenas comercializar carros, queremos ajudar a desenvolver a indústria automotiva e gerar impacto socioeconômico para o país. Os nossos clientes sempre estarão em primeiro lugar e vamos apostar em parcerias de longo prazo. Queremos crescer aqui.

A vida na China, entre o moderno e o antigo

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