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Carnaval deverá movimentar R$ 8,18 bi no turismo, 26,9% acima de 2022, diz CNC

Apesar da forte alta, o número fica abaixo do registrado em 2020, ano em que o Carnaval ocorreu com normalidade e sem as restrições impostas pela pandemia

Por causa da pandemia, a receita dos negócios associados ao turismo tombou 43% no Carnaval de 2021, na comparação com 2020 (LatinContent / Correspondente/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de janeiro de 2023 às 13h43.

Com a pandemia de covid-19 para trás, o feriadão do Carnaval, uma das principais datas para o turismo nacional, deverá movimentar R$ 8,18 bilhões neste ano, conforme estimativa da Divisão de Economia e Inovação da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Se confirmada a projeção, a receita de negócios associados ao turismo, como bares, restaurantes e hotéis, será 26,9% acima da registrada em 2022, em valores já atualizados pela inflação.

A forte alta, puxada pela normalização definitiva das atividades afetadas pelas restrições ao contato social impostas pela pandemia, será insuficiente para recuperar o nível de receitas ao registrado em 2020 - ficará 3,3% abaixo. Naquele ano, o Carnaval ocorreu dentro da normalidade, movimentando R$ 8,47 bilhões, em valores de janeiro deste ano. A covid-19 chegaria ao País logo depois do feriadão.

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"O Carnaval é considerado o 'Natal do turismo' brasileiro. Nesse sentido, as atividades que o compõem foram severamente impactadas desde a decretação da crise sanitária em meados de março de 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Para o principal evento do calendário turístico brasileiro, as medidas restritivas significaram o cancelamento do Carnaval em diversas regiões do País, nos dois últimos anos", diz um trecho do relatório sobre o levantamento da CNC.

Por causa da pandemia, a receita dos negócios associados ao turismo tombou 43% no Carnaval de 2021, na comparação com 2020. Em 2022, com a vacinação já avançada, houve uma recuperação, mas os R$ R$ 6,45 bilhões movimentados ainda estavam 24% abaixo dos valores movimentados em 2020.

Segundo a CNC, o destaque será o segmento de bares e restaurantes, com movimentação esperada de R$ 3,63 bilhões. As empresas de transporte de passageiros deverão movimentar R$ 2,35 bilhões, enquanto a receita dos serviços de hospedagem em hotéis e pousadas deverão movimentar R$ 890 milhões. "Juntos, estes três segmentos responderão por quase 84% de toda a receita gerada durante o maior feriado do calendário nacional", diz o relatório da CNC.

Com a recuperação, o estudo estima que os negócios associados ao turismo gerarão 24,6 mil empregos temporários para o próximo Carnaval.

"Cozinheiros (4,40 mil), auxiliares de cozinha (3,45 mil) e profissionais de limpeza (2,21 mil) devem ser as profissões mais demandadas neste ano", diz o relatório da entidade.

Ainda assim, o número ficará aquém do Carnaval de 2020, quando foram gerados 26,1 mil empregos temporários, e de 2019, com 24,7 mil vagas temporárias.

Quais os obstáculos para o crescimento da receita

Apesar da superação da covid-19, para o Carnaval deste ano, "o principal obstáculo ao restabelecimento das receitas ao nível pré-pandemia deriva das condições econômicas menos favoráveis, tais como significativos reajustes de preços, juros e comprometimento da renda mais elevados", diz a CNC.

Conforme o relatório do estudo, a inflação dos serviços associados ao turismo foi maior do que a média. Conforme os dados do IPCA, o índice oficial de preços calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, o preço das passagens aéreas saltou 23,53%. A hospedagem ficou 18,21% mais cara, enquanto o aumento médio dos pacotes turísticos ficou em 17,16%. No agregado, o IPCA subiu 5,79% no ano passado.

Outra restrição à demanda pelo turismo é a elevação generalizada dos juros, na esteira do aperto monetário levado a cabo pelo Banco Central (BC). O relatório da CNC lembra que, frequentemente, as viagens a lazer são pagas com crédito, em parcelas.

"A taxa média de juros dos empréstimos e financiamentos livremente obtidos por pessoas físicas atingiu 59,0% ao ano - maior patamar desde agosto de 2017 (62,3% a.a.). Esse fenômeno, aliado ao grau de endividamento historicamente elevado dos consumidores nos últimos meses, certamente se configura como um empecilho à expansão de gastos com lazer", diz o relatório da CNC.

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