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Capitalização da Petrobras não prejudica empresas, diz professor da FGV

Valorização do real frente ao dólar, provocada pela operação, não trará impacto para grandes exportadores, segundo William Eid Jr.

Capitalização da Petrobras: injeção de dólares valoriza o real apenas momentaneamente (.)

Capitalização da Petrobras: injeção de dólares valoriza o real apenas momentaneamente (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.

São Paulo - Uma operação do tamanho da capitalização da Petrobras -- que somou 120,3 bilhões de reais -- tem impacto direto na variação cambial. Com o montante entrando na economia brasileira, o real se valorizará frente ao dólar. O efeito já pode ser sentido nesta sexta-feira (24/9). A moeda americana fechou em queda de 0,52%, negociada a 1,71 real. Como a taxa de câmbio interfere em diversos setores da economia, a emissão da Petrobras poderia afetar, indiretamente, as receitas de grandes exportadores ou as dívidas de empresas com contratos dolarizados.

Mas, para o economista William Eid Jr., professor da Fundação Getúlio Vargas, o impacto da capitalização da Petrobras sobre o caixa de empresas de outros setores será passageiro. "A variação cambial será momentânea e em poucos dias deve se regularizar", afirma Eid Jr. "A valorização do real frente ao dólar seria mais duradoura se houvesse entrada de um grande volume por muito tempo."

Com a valorização do dólar, as dívidas contabilizadas na moeda americana das empresas brasileiras cairiam. Isto poderia favorecer setores como o de aviação, no qual boa parte dos compromissos é dolarizada, como o leasing de aeronaves e o querosene de aviação. O outro lado é a queda do valor arrecadado pelas exportações das companhias com forte presença no mercado externo. Companhias de alimento, mineração e siderurgia, por exemplo, geram mais de 30% -- às vezes, muito mais -- de sua receita com vendas para outros países -- e os contratos são em dólar.

O fato, segundo Eid Jr., é que as grandes exportadoras, como a Vale, podem respirar aliviadas diante da enxurrada de dólares despejados no Brasil pela capitalização da Petrobras. Segundo o economista, a única alteração nos rumos dos negócios das exportadoras ocorreria se algum acordo fosse fechado na semana de alta do real. "Nesse caso, acredito que as empresas tentariam prorrogar as decisões", afirma.

Já no caso das empresas que possuem dívidas em dólar, como a queda da moeda americana deve ser passageira, o alívio no fluxo de pagamentos deve ser pequeno -- isto, se houver, segundo o professor da FGV.

O governo também deu sinais de que está atento ao impacto da capitalização sobre outros setores produtivos. "Tomaremos as medidas adequadas para que o real não seja valorizado", afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em encontro com jornalistas. "Vamos enxugar qualquer excesso de dólar que possa entrar com a operação da Petrobras. Vamos comprar tudo, já estou avisando." Pelo jeito, o Banco Central -- responsável pelas operações de câmbio do governo -- terá muito trabalho pela frente.

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