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Startup indiana faz sucesso com canudos feitos de folha de coqueiro

Orgânico, durável e econômico, produto se apresenta como importante alternativa para reduzir o lixo plástico, um dos grandes desafios globais

Os canudos de folha de coqueiro da Sunbird (Sunbird/Divulgação)

Os canudos de folha de coqueiro da Sunbird (Sunbird/Divulgação)

EXAME Solutions
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Publicado em 20 de novembro de 2023 às 08h00.

No fim de 2017, Saji Varghese, professor na Christ University, em Bangalore, na Índia, avistou por acaso uma folha de coqueiro caída no campus, enrolada como um canudo. Naquela aparentemente cena irrelevante, ele enxergou uma oportunidade: será que daria para transformar, literalmente, folhas secas de coco em canudos?

Teve início ali uma jornada de estudos e experimentos. Ao longo de três anos, ele descobriu, entre outras coisas, que as folhas secas possuíam uma cera natural, que vinha à superfície quando cozida no vapor, e que ela conferia propriedades antifúngicas e hidrofóbicas, vitais em canudos para beber.

E, em 2020, nasceram os Sunbird Straws, os primeiros canudos do mundo feitos de folhas de coqueiro. O produto, patenteado, é totalmente orgânico, livre de substâncias químicas, naturalmente brilhante, eficiente e econômico. Após usado, ainda é 100% biodegradável.

Com multicamadas, ele conta com paredes externas e internas resistentes a fungos e umidade, podendo ser imerso em qualquer bebida por até 3 horas.

“Numa pesquisa em 15 aldeias do estado de Karnataka, descobrimos que a maioria dos agricultores queima essas folhas em aterros sanitários ou fora das cozinhas. Agora, não o farão mais, pois podem ser convertidas num produto que cria valor e resolve um desafio global”, diz a startup.

Os canudos de folha de coqueiro são hidrofóbicos e podem ser imersos por até 3 horas

Do chão dos coqueirais para os copos

Cerca de 200 canudos podem ser feitos a partir de uma única folha naturalmente seca e caída, com desperdício mínimo. Tudo começa com a coleta desse insumo em diferentes regiões da Índia. Com as folhas em mãos, elas são limpas e preparadas para o processamento, tendo as nervuras centrais cuidadosamente removidas. 

Então, passam por uma série de processos manuais e automatizados e são esterilizadas, para assim se tornarem o canudo acabado. Os produtos são depois enviados para a unidade de embalagem, onde há uma minuciosa verificação de qualidade e embalagem, para enfim poderem ser comercializados.

Os canudos Sunbird podem ser adaptados a diversas especificações, oferecendo variedade de diâmetros e comprimentos para escolher. Além dos de tamanho padrão, há opções para drinks, shakes e chás Boba, por exemplo. Empresas também têm a opção de personalizar ainda mais, com a gravação da marca no produto. 

Um trabalho feito por mulheres

A maior parte do trabalho de fabricação e processamento é feito por mulheres que vivem na zona rural, em uma outra frente da sustentabilidade abraçada pela empresa: a social. 

Inicialmente, eram apenas oito mulheres de Bangalore realizando tudo manualmente. Felizmente, um vídeo sobre o processamento dos canudos viralizou na internet e o professor Saji começou a receber pedidos de todo o mundo e em grandes quantidades. 

Para aumentar o ritmo de produção, foi preciso desenvolver máquinas e mais mulheres foram contratadas, aprendendo a operar esses equipamentos. Hoje, são mais de 500 indianas da área rural envolvidas em diferentes partes do país. 

Melhor em custo e sustentabilidade

A startup, que já vende pela Amazon, por exemplo, produz atualmente 10 mil canudos por dia. Até o fim de 2024, a projeção é esse número chegar a 300 mil. 

“Ao fazer isso, pretendemos impedir que 550 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente atinjam a atmosfera terrestre. E planejamos estender a produção a todos os 11 estados produtores de coco na Índia”, disse Saji Varghese ao The New Indian Express.

Ao YourStory.com, ele comentou que o potencial da solução é enorme, já que tem vantagens sobre as demais opções ecológicas do mercado: os canudos de papel não são tão eco-friendly assim, pois cortam árvores, são branqueados quimicamente e se encharcam rapidamente; os de bambu custam caro; os de feno são limitados pelo diâmetro; e os de aço têm alto custo e requerem higiene adequada. 

A empresa também quer ampliar o portfólio de produtos feitos a partir de folhas secas. Agora, além dos canudos, ela também já fabrica canetas. Cerca de 96% do produto é feito de folhas secas e apenas 4%, de plástico. 

“Estamos constantemente focados em melhorar a nossa forma de fazer as coisas e em explorar as possibilidades de desenvolver novos produtos a partir de resíduos agrícolas”, comentou o professor. 

Enquanto isso, o trabalho feito segue repercutindo pelo mundo. Recentemente, a Sunbird foi reconhecida no Youth Ecopreneur Award 2023, premiação organizada pelo International Trade Center (ITC) e pela ONU, que celebra jovens empreendedores que trabalham em prol do desenvolvimento sustentável. A Sunbird Straws foi uma das finalistas e a única startup da Índia selecionada este ano.

 

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