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Camargo Corrêa estima perdas de R$ 792 mi em balanço

O resultado já considera as multas dos órgãos governamentais


	 Camargo Corrêa: o lucro da construtora caiu significativamente no ano passado, cerca de 90%
 (Germano Lüders/EXAME)

Camargo Corrêa: o lucro da construtora caiu significativamente no ano passado, cerca de 90% (Germano Lüders/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 22 de abril de 2015 às 13h01.

São Paulo - Os efeitos da Operação Lava Jato começam a ser estimados em números pelas empresas envolvidas nas denúncias de corrupção.

Na quarta-feira, 15, a construtora Camargo Corrêa divulgou seu balanço anual e nele estima que as perdas podem chegar a R$ 792 milhões, já considerando multas dos órgãos governamentais, Ministério Público e ainda processos que possam ser abertos contra a companhia.

O lucro da construtora caiu significativamente no ano passado, cerca de 90%, ficando em R$ 40 milhões, apesar de o faturamento ter se mantido praticamente igual ao do ano anterior (R$4,5 bilhões).

A empresa não informou os motivos da queda nos resultados, mas segundo alguns analistas eles ainda não refletem os efeitos das perdas estimadas com a Lava Jato.

Isso porque apenas uma pequena parte dos R$ 792 milhões foi provisionada pela empresa, ou seja, reconhecida como perda já em balanço.

O balanço anual da companhia informa que R$ 62 milhões foram provisionados e outros R$ 730 milhões podem ter de ser desembolsados em processos administrativos ou judiciais em função da Lava Jato, mas considera que essas perdas são "possíveis", não "prováveis". Nessa classificação de "possível", a empresa não tem obrigação contábil de fazer provisões.

A estimativa foi feita com base em pareceres jurídicos, segundo a companhia. A empresa de auditoria, a Deloitte, fez, entretanto, uma ressalva ao balanço em relação a este ponto.

Para a Deloitte, uma série de fatores - como o fato de o processo de investigação ainda estar em curso - podem alterar esses valores apresentados pela Camargo.

"Considerando a data recente dos processos e alegações iniciados contra a companhia, a falta de jurisprudência sobre casos similares e o fato de a investigação estar em andamento, outros fatos poderão vir a ser conhecidos, cujo desfecho não pode ser determinado até o momento e poderão afetar os valores provisionados e os valores das contingências divulgadas em 31 de dezembro de 2014", diz a nota de ressalva da empresa de auditoria.

Alguns advogados que acompanham diversas empresas envolvidas na Lava Jato dizem que ainda é muito difícil estimar números que envolvam possíveis multas da Controladoria Geral da União ou do Ministério Público Federal e que as empresas estão apenas reportando valores genéricos.

A depender do grau de corrupção que for detectado em uma companhia, as multas poderão até mesmo inviabilizá-la. Mas não há ainda parâmetro no Brasil para estimar concretamente essas perdas.

Nos Estados Unidos, por exemplo, algumas empresas que foram enquadradas na Lei Anticorrupção pagaram multas pesadas, como a Siemens, que desembolsou US$ 800 milhões, fora os gastos com investigações.

O valor das multas preocupa inclusive os credores de empresas que já entraram com pedidos de recuperação judicial, como as construtoras OAS e Galvão Engenharia, também envolvidas na Lava Jato. Ainda não se sabe como essas multas poderão afetar o processo de recuperação.

Contratos

O eventual desembolso para as perdas estimadas pela Camargo Corrêa só será exigido no médio e longo prazos, segundo a construtora, e poderá ser suportado por seu fluxo de caixa. O endividamento da companhia até 2019 soma R$ 340 milhões.

Com fornecedores, a obrigação é desembolsar R$ 344 milhões neste ano. Em seu balanço, a Camargo afirma que o total de contratos que tem em carteira é de R$ 10,4 bilhões e que foram feitos com clientes privados em sua maioria, o que daria suporte para seu caixa.

Os contratos com a Petrobrás somam R$ 490 milhões deste total, menos de 5%.

A construtora, entretanto, recentemente fez uma reformulação demitindo centenas de funcionários na sede administrativa, indicando ao mercado uma desaceleração em novos contratos.

No ano passado, a empresa pagou R$ 29 milhões a título de remuneração a seus administradores, 20% maior do que 2013. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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