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Cade vê concentração alta em fusão Kroton-Anhanguera

Superintendência recomendou impugnação do processo de fusão entre as empresas de educação Kroton e Anhanguera, citando preocupação concorrencial

Anhanguera: caso será submetido ao tribunal do Cade nos próximos dias para que avalie "eventuais remédios, impostos ou via de acordo com as partes, que solucionem os problemas concorrenciais identificados" (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2013 às 12h41.

São Paulo - A fusão das empresas de educação Kroton e Anhanguera, que criará uma gigante mundial no setor, representa riscos de concentração em mercados de ensino presencial e à distância no Brasil e pode exigir eventuais restrições, segundo parecer do órgão de defesa da concorrência no país, Cade.

De acordo com o documento, produzido pela Superintendência Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), há "séria potencialidade de efeitos anticompetitivos em diversos mercados" decorrentes da fusão.

As ações das empresas abriram em forte queda nesta quarta-feira na Bovespa. As da Anhanguera chegaram a recuar quase 8 por cento, enquanto as da Kroton cederam 5,7 por cento na mínima da sessão.

O entendimento da superintendência do Cade agora será levado ao tribunal do órgão em data a ser definida, quando poderão ser impostas condições ao negócio anunciado em abril.

Se aprovada sem restrições, a união entre as companhias implicaria preocupação concorrencial em mais de cinquenta cidades, informou a superintendência do Cade.

"Trata-se de preocupações graves, na medida em que envolve... provável queda significativa da concorrência nesses mercados --seja na forma de aumentos de preços, redução de oferta, queda de qualidade ou outros--, com consequências diretas para um número elevado de alunos em todo o Brasil", segundo o parecer.

Nos mercados em que há concentração, as instituições de ensino competidoras não seriam capazes de oferecer rivalidade suficiente, pois Kroton e Anhanguera possuem vantagens importantes em termos de captação de alunos, escala, catálogo de cursos, capilaridade de instituições e polos de ensino, preços, marketing e outras variáveis, de acordo com o documento do Cade.


Em comunicado, as duas empresas afirmaram que tentarão buscar uma solução negociada para que a união das companhias seja aprovada pelo tribunal do Cade, que não está vinculado ao parecer emitido pela superintendência do órgão.

"Definitivamente, a notícia não é tão ruim quanto parece, mas as restrições são mais significativas do que antecipávamos... A notícia não sugere que a transação não seja concluída", afirmou o Itaú BBA em relatório a clientes.

Em meados de outubro, o Cade já tinha considerado a fusão de Kroton e Anhanguera complexa e determinado uma análise mais aprofundada da operação que criaria um grupo com ao redor de 1 milhão de alunos e avaliado em 13 bilhões de reais, um dos maiores do mundo no setor educacional.

No parecer, a superintendência do Cade viu problemas em Jundiaí (SP), no mercado geográfico de Cuiabá/Várzea Grande (MT) e em Rondonópolis (MT), ressaltando que as instituições de ensino superior nesses municípios respondem por cerca de 12 por cento do total de alunos das duas empresas no segmento de graduação presencial.

Segundo Kroton e Anhanguera, no cenário municipal as recomendações do parecer indicam que uma eventual restrição no segmento de ensino presencial representaria 2,7 por cento do total de alunos das companhias na graduação. No ensino à distância, haveria "necessidade de intervenção em 171 mercados/cursos, localizados em 55 municípios distintos".

O parecer afirmou ainda que haveria um total acima de 50 mil alunos das empresas nos mercados mencionados. Isso representa entre 6 e 7 por cento da base total de alunos de Anhanguera e Kroton em graduação à distância.

Às 12h58, as ações da Anhanguera perdiam 3,52 por cento na bolsa paulista, enquanto as da Kroton tinham desvalorização de 1,67 por cento. O Ibovespa tinha variação positiva de 0,15 por cento.

Atualizado às 13h40

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São Paulo - A fusão das empresas de educação Kroton e Anhanguera, que criará uma gigante mundial no setor, representa riscos de concentração em mercados de ensino presencial e à distância no Brasil e pode exigir eventuais restrições, segundo parecer do órgão de defesa da concorrência no país, Cade.

De acordo com o documento, produzido pela Superintendência Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), há "séria potencialidade de efeitos anticompetitivos em diversos mercados" decorrentes da fusão.

As ações das empresas abriram em forte queda nesta quarta-feira na Bovespa. As da Anhanguera chegaram a recuar quase 8 por cento, enquanto as da Kroton cederam 5,7 por cento na mínima da sessão.

O entendimento da superintendência do Cade agora será levado ao tribunal do órgão em data a ser definida, quando poderão ser impostas condições ao negócio anunciado em abril.

Se aprovada sem restrições, a união entre as companhias implicaria preocupação concorrencial em mais de cinquenta cidades, informou a superintendência do Cade.

"Trata-se de preocupações graves, na medida em que envolve... provável queda significativa da concorrência nesses mercados --seja na forma de aumentos de preços, redução de oferta, queda de qualidade ou outros--, com consequências diretas para um número elevado de alunos em todo o Brasil", segundo o parecer.

Nos mercados em que há concentração, as instituições de ensino competidoras não seriam capazes de oferecer rivalidade suficiente, pois Kroton e Anhanguera possuem vantagens importantes em termos de captação de alunos, escala, catálogo de cursos, capilaridade de instituições e polos de ensino, preços, marketing e outras variáveis, de acordo com o documento do Cade.


Em comunicado, as duas empresas afirmaram que tentarão buscar uma solução negociada para que a união das companhias seja aprovada pelo tribunal do Cade, que não está vinculado ao parecer emitido pela superintendência do órgão.

"Definitivamente, a notícia não é tão ruim quanto parece, mas as restrições são mais significativas do que antecipávamos... A notícia não sugere que a transação não seja concluída", afirmou o Itaú BBA em relatório a clientes.

Em meados de outubro, o Cade já tinha considerado a fusão de Kroton e Anhanguera complexa e determinado uma análise mais aprofundada da operação que criaria um grupo com ao redor de 1 milhão de alunos e avaliado em 13 bilhões de reais, um dos maiores do mundo no setor educacional.

No parecer, a superintendência do Cade viu problemas em Jundiaí (SP), no mercado geográfico de Cuiabá/Várzea Grande (MT) e em Rondonópolis (MT), ressaltando que as instituições de ensino superior nesses municípios respondem por cerca de 12 por cento do total de alunos das duas empresas no segmento de graduação presencial.

Segundo Kroton e Anhanguera, no cenário municipal as recomendações do parecer indicam que uma eventual restrição no segmento de ensino presencial representaria 2,7 por cento do total de alunos das companhias na graduação. No ensino à distância, haveria "necessidade de intervenção em 171 mercados/cursos, localizados em 55 municípios distintos".

O parecer afirmou ainda que haveria um total acima de 50 mil alunos das empresas nos mercados mencionados. Isso representa entre 6 e 7 por cento da base total de alunos de Anhanguera e Kroton em graduação à distância.

Às 12h58, as ações da Anhanguera perdiam 3,52 por cento na bolsa paulista, enquanto as da Kroton tinham desvalorização de 1,67 por cento. O Ibovespa tinha variação positiva de 0,15 por cento.

Atualizado às 13h40

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