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Cade firma acordo com Petrobras para venda de ativos no mercado de gás

Acerto prevê saída da estatal do mercado de transporte e distribuição de gás; em troca, órgão encerrará 3 processos contra a empresa

Petrobras: empresa tem plano de desinvestimento (Sergio Moraes/Reuters)

Petrobras: empresa tem plano de desinvestimento (Sergio Moraes/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de julho de 2019 às 17h22.

Última atualização em 8 de julho de 2019 às 17h51.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) firmou acordo com a Petrobras para a venda de ativos no mercado de gás. Os detalhes do acordo ainda não foram divulgados. O acerto prevê a saída total da estatal do mercado de transporte e distribuição de gás natural. Em troca, o órgão encerrará três processos contra a estatal por conduta anticompetitiva nesse mercado.

O compromisso estipula que, até o fim de 2021, a empresa venderá sua participação nas transportadoras Nova Transportadora do Sudeste (NTS), Transportadora Associada de Gás (TAG) e Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG). A companhia também alienará sua participação acionária indireta em distribuidoras, vendendo suas ações na Gaspetro ou a participação da Gaspetro nas distribuidoras.

"A Petrobras está comprometida a sair integralmente do transporte e distribuição de gás. Pretendemos concluir as transações no período mais curto possível e, ao final do processo, nossa participação em distribuição será zero", afirmou o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.

O executivo disse que a estatal já está conversando com a Mitsui sócia na Gaspetro, para estruturar a venda da participação da Petrobras. Castello Branco disse ainda que está "tentando sair" do mercado de distribuição de gás no Uruguai.

O acordo também prevê outras obrigações, como o arrendamento de uma planta de GNL, a oferta de capacidade remanescente em seus dutos a terceiros, a abertura de dados sobre capacidade de transporte da NTS e da TAG, e o fim de cláusulas de exclusividade em contratos vigentes. A Petrobras também se comprometeu a não contratar novos volumes de gás natural, de parceiros ou terceiros, a partir da data de assinatura do compromisso.

O superintendente-geral do Cade, Alexandre Cordeiro, ressaltou que hoje os produtores dependem dos dutos da Petrobras para transportar o gás e que a estatal tem participação em 20 das 27 distribuidoras estaduais. "A Petrobras controla condições de oferta, transporte e demanda de gás natural. Detectamos condutas anticompetitivas da Petrobras no mercado de gás, como abuso de posição dominante e discriminação ao contratar", afirmou.

Segundo Cordeiro, não houve exigência de alienação na área de produção. "A parte de produção e tratamento ficará com a Petrobras, já há competitividade e, com acesso à infraestrutura, outros produtores entrarão no mercado", afirmou. O cronograma de alienação de ativos de gás vai até o fim de 2021, mas poderá ser adiado por um ano se o Cade julgar necessidade.

O secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, disse que a pasta está debruçada sobre o que chama de "novo choque de energia". "Há alinhamento político e de órgãos que cuidam do assunto", completou.

A segurança na sessão desta segunda-feira foi reforçada depois de um empresário ter se matado em um evento com a participação de Albuquerque na semana passada, em Sergipe. Foram instalados detectores de metais na entrada do conselho para o encontro.

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