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Bunge vê como boa notícia turbulência no mercado agrícola

Uma das maiores traders e processadoras agrícolas do mundo informou que pretende tirar proveito das inundações na Argentina e da seca no Brasil


	Bunge: perturbações representam oportunidades para a rede de terminais, instalações portuárias e unidades de processamento da Bunge
 (Agência Vale/Divulgação)

Bunge: perturbações representam oportunidades para a rede de terminais, instalações portuárias e unidades de processamento da Bunge (Agência Vale/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2016 às 19h42.

A Bunge, uma das maiores traders e processadoras agrícolas do mundo, informou que pretende tirar proveito das inundações na Argentina e da seca no Brasil, que prejudicaram os mercados agrícolas internacionais nas últimas semanas.

Apesar de alertar que o distúrbio criará fatores adversos para a empresa americana no trimestre atual, o CEO Soren Schroder também previu, na quinta-feira, que as colheitas sul-americanas menores proporcionarão uma probabilidade maior de “deslocamento” da oferta no fim deste ano.

Essas perturbações representam oportunidades para a rede de terminais, instalações portuárias e unidades de processamento da Bunge, que se estende pela América do Norte, América do Sul e Europa.

Tamanho alcance permite à empresa gerenciar as colheitas dos hemisférios norte e sul e, assim, vender a produção de áreas com abundância nas regiões que enfrentam escassez.

Os comentários da Bunge surgem uma semana depois de a Argentina informar que a produção de soja deste ano será mais de 3 milhões de toneladas menor do que o previsto devido à chuva pesada, contribuindo para que os preços da oleaginosa entrassem em bull market.

Na semana passada, o Brasil suspendeu os impostos de importação do milho depois que o clima seco afetou sua safra atual. A chamada safrinha -- segunda colheita anual do grão no país -- poderá ser até 10 milhões de toneladas menor que a estimativa anterior, disse Schroder em entrevista. O excedente para exportação será reduzido em uma quantidade equivalente à que será preenchida pela oferta dos EUA e da Ucrânia de agosto a janeiro, disse ele.

“Isto representa uma certa tendência de alta na segunda metade do ano” para a Bunge, disse Schroder.

A empresa com sede em White Plains, Nova York, divulgou na quinta-feira um lucro melhor que o esperado para o primeiro trimestre. O lucro, excluindo itens pontuais, foi de US$ 1,41 por ação, superando a média de 73 centavos de dólar de 10 estimativas compiladas pela Bloomberg. A Bunge projetou uma recuperação das margens do processamento de soja, que haviam caído no início do ano.

“A exposição da Bunge à América do Sul serviu como um bom fator compensador para as margens e os volumes mais fracos do esmagamento de soja na América do Norte”, disse David Driscoll, analista do Citigroup em Nova York, em um relatório. “O trimestre demonstra a força da presença global dos ativos da Bunge”.

As ações subiram 3,4 por cento no fechamento em Nova York, para US$ 62,51, maior alta em três meses.

Alta do milho

O relatório de lucros trouxe uma quebra de sequência bem-vinda para a Bunge. A empresa e suas concorrentes Archer-Daniels-Midland, Cargill e Louis Dreyfus formam o grupo conhecido como ABCD, que há tempos domina a agricultura mundial. Todas registraram lucros menores com a queda dos preços do milho, da soja e do trigo durante três anos consecutivos.

Mas nas últimas semanas houve sinais de melhora. A exemplo do salto nos preços da soja, o milho subiu, registrando um ganho de 1,7 por cento na quinta-feira no mercado de futuros de Chicago depois que os dados provenientes dos EUA mostraram um aumento das exportações.

A Bunge foi fundada em Amsterdã em 1818, entrou no mercado argentino em 1884 e começou a negociar no Brasil algumas décadas depois. A empresa cresceu e se transformou na maior processadora de soja da América do Sul e na maior empresa de moagem de trigo da América Latina, segundo o Citigroup.

Devido à sua longa história e presença na América do Sul, a Bunge se beneficiou com as colheitas maiores no Brasil e a recente abertura dos mercados agrícolas da Argentina em um momento de oferta menos competitiva nos EUA por causa do dólar valorizado.

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