Negócios

Buffett busca oportunidades de compras no Brasil e na China

O investidor bilionário disse que as empresas brasileiras estão em seu “radar” e que ele ficaria “encantado em comprar negócios na China” assim como em Hong Kong

Buffet olha para as economias emergentes no momento em que as projeções indicam que elas devem crescer duas vezes mais do que as nações desenvolvidas (Getty Images)

Buffet olha para as economias emergentes no momento em que as projeções indicam que elas devem crescer duas vezes mais do que as nações desenvolvidas (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de maio de 2011 às 12h42.

Nova York - A procura de Warren Buffett por negócios no Brasil e na China pode colocar empresas como Marcopolo SA, Odontoprev SA e Lonking Holdings Ltd. em sua lista de desejos.

O investidor bilionário de 80 anos, presidente do conselho de administração da Berkshire Hathaway Inc., disse em uma entrevista coletiva em 1 de maio, após assembleia de acionistas, que as empresas brasileiras estão em seu “radar” e que ele ficaria “encantado em comprar negócios na China” assim como em Hong Kong. Os comentários de Buffett ocorrem menos de dois meses depois de acertar a compra da americana Lubrizol Corp. por cerca de US$ 9 bilhões.

O investidor mais bem sucedido do mundo está olhando para fora dos Estados Unidos em um momento em que as projeções indicam que as economias emergentes devem crescer duas vezes mais do que as nações desenvolvidas e que as taxas de juros perto de zero limitando a rentabilidade na renda fixa. A Marcopolo, maior fabricante de ônibus do Brasil, a Odontoprev, maior empresa de assistência odontológica do País, e a Lonking, uma das maiores fabricantes de equipamentos de construção da China, estão entre as 27 empresas do Brasil e da China que atendem aos critérios de aquisição listados no relatório anual de Buffett, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Primeira aquisição

“Uma das razões para ele viajar pelo mundo é a de tentar encontrar algo que faça sentido, que ele possa entender, nas economias em crescimento”, disse Barry James, que administra US$ 2,5 bilhões como presidente da James Investment Research Inc. em Xenia, no estado americano de Ohio. Buffett deve fechar alguns desses acordos internacionais provavelmente em um ou dois anos, disse James. O fundo James Balanced Golden Rainbow Fund superou 94 por cento dos concorrentes nos últimos cinco anos.

Buffett não retornou o e-mail com pedido de comentário enviado à sua assistente, Carrie Kizer.

A aquisição de uma empresa do Brasil ou da China seria a primeira da Berkshire nesses mercados. A companhia de Buffett já gastou pelo menos US$ 50 bilhões em aquisições de empresas abertas dos Estados Unidos na última década, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A Berkshire detém participações na montadora chinesa BYD Co., por meio de sua unidade MidAmerican Energy Holdings Co. As ações da BYG mais que triplicaram desde a compra de 225 milhões de ações da empresa por Buffet em setembro de 2008.


‘Encantados’

As economias emergentes devem crescer 6,5 por cento em 2011, segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional. Isso se compara a uma alta de esperada de 2,4 por cento para as nações desenvolvidas. A China, economia que mais cresce entre as maiores do mundo, deve ter expansão de 9,5 por cento em 2011, segundo a projeção mediana a 11 economistas consultados pela Bloomberg.

“Nós compraríamos negócios em Hong Kong”, disse Buffett na coletiva de imprensa em 1 de maio, um dia após a assembleia de acionistas anual da Berkshire. “Estamos encantados me comprar negócios na China também.”

Buffett tipicamente prefere negócios “simples” com lucro antes de impostos superior a US$ 75 milhões, “consistente” poder de ganhos e “bons” retornos sobre o patrimônio, enquanto utilizam pouco ou nenhum endividamento, de acordo com sua carta anual aos acionistas de 26 de fevereiro.

Ele mudou sua estratégia de aquisições com a Berkshire tendo focado em “negócios de capital intensivo”, assim como produtores de energia e rodovias, o que requer investimentos consistentes em infraestrutura e equipamentos.

A Berkshire, que usualmente mantém até US$ 20 bilhões disponíveis em caixa, tinha cerca de US$ 38 bilhões no final do primeiro trimestre, segundo Buffett.

Existem 27 companhias do Brasil e da China com valor de mercado entre US$ 1 bilhão e US$ 15 bilhões com despesas de capital que correspondem por pelo menos 5 por cento de seus ativos fixos líquidos; retorno sobre patrimônio acima de 10 por cento; aumento no lucro nos últimos cinco anos de até 50 por cento; e uma relação média de preço por lucro menor do que a média das companhias listadas no índice MSCI Emerging Markets, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Os chamados investidores de valor, como Buffett, também compram empresas quando os preços das ações estão baixos em padrões históricos quando comparados aos lucros.

Império

“Não procuramos em países específicos. Estamos em busca de ideias em qualquer lugar”, disse Buffett na coletiva de 1 de maio. “A maioria de nossas oportunidades deve vir dos Estados Unidos.”

A Berkshire, que tem um valor de mercado de US$ 204 bilhões, possui 10 seguradoras incluindo a Geico e mais que 60 outras empresas, como a distribuidora de alimentos McLane Co., a confecção Fruit of the Loom, a fabricante de ferramentas Iscar Metalworking Cos. e a elétrica MidAmerican Energy.

A Marcopolo, com um valor de mercado R$ 3 bilhões (US$ 1,9 bilhão), foi negociada a uma média de 11,2 vezes seu lucro nos últimos cinco anos, 84 por cento menos do que a média das companhias do índice MSCI Emerging Markets, de 21 países em desenvolvimento, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O retorno sobre patrimônio da empresa sediada em Caxias do Sul, uma medida de quanto ela lucra para cada dólar investido, dobrou para 35 por cento no ano passado. Isso se compara a 21 por cento do índice MSCI para mercados emergentes.

O lucro líquido da fabricante de ônibus mais do que dobrou para R$ 296,5 milhões no ano passado, com as vendas saltando 44 por cento.

A assessoria de imprensa externa da Marcopolo informou que os executivos da companhia não foram localizados para comentar o assunto, segundo um comunicado enviado por e-mail.


‘Uma honra’

A Odontoprev, empresa de planos odontológicos com capitalização de US$ 2,93 bilhões, teve lucro de R$ 219 milhões no ano passado, um crescimento de 12 vezes em relação a 2005, segundo dados compilados pela Bloomberg. O retorno sobre patrimônio da empresa sediada em Barueri, foi de 28 por cento no ano passado, acima da média das 809 empresas do índice MSCI Emerging Markets, segundo os dados. O aumento do lucro líquido também foi maior que 95 por cento das empresas do índice nos últimos cinco anos.

As ações, que subiram para valor recorde em novembro, acumulam alta de 81 por cento nos últimos 12 meses, comparada a uma baixa de 4,2 por cento do Ibovespa e a um ganho de 18 por cento no índice MSCI de mercados emergentes.

Odontoprev teve sua recomendação elevada para “compra” em fevereiro por Daniel Gewehr, analista do Banco Santander SA, que disse que a criação de empregos e a queda do desemprego vão estimular as adesões aos planos. A taxa de desemprego do Brasil caiu para o recorde de 5,3 por cento em dezembro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

“Seria uma honra e um privilégio contar com o reconhecimento da equipe de gestão do senhor Buffett”, disse José Roberto Pacheco, diretor de relações com investidores da Odontoprev, por e-mail. A empresa não foi procurada por qualquer representante de Buffett, disse ele.

A MetLife Inc., de Nova York, maior seguradora dos EUA, comprou a Odonto A Saúde Empresarial em 2008 para entrar no mercado de assistência dental brasileiro.

“Estamos esperando um chamado”, disse Buffett na entrevista de 1 de maio, referindo-se a oportunidades no Brasil.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaChinaEmpresáriosEmpresasgrandes-investidoresMarcopoloPersonalidadeswarren-buffett

Mais de Negócios

15 franquias baratas a partir de R$ 300 para quem quer deixar de ser CLT em 2025

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia