BTG paga R$ 2 bilhões antecipados ao FGC
Banco recorreu ao fundo quando o controlador, André Esteves, foi preso, para garantir liquidez aos saques de clientes
Da Redação
Publicado em 27 de abril de 2016 às 10h20.
Última atualização em 27 de julho de 2020 às 15h03.
São Paulo - O Banco BTG Pactual antecipou o pagamento de R$ 2 bilhões que deve ao Fundo Garantidor de Crédito ( FGC ).
O fundo ajudou a dar liquidez à instituição na época da prisão do ex-controlador, o banqueiro André Esteves . Foram liberados R$ 5,5 bilhões para fazer frente a saques de clientes do banco.
Segundo fontes próximas ao FGC, não havia um prazo definido para o pagamento, mas o empréstimo foi feito sob algumas condições. A principal delas é que todo o dinheiro que fosse arrecadado com a venda do BSI, o banco suíço que pertencia ao BTG, deveria ser usado para pagar o fundo.
Além disso, a instituição deu parte de sua carteira de crédito e a garantia pessoal dos acionistas controladores. Essas garantias representavam 120% do valor da linha de crédito ofertada de R$ 6 bilhões.
Do total ofertado pelo FGC, o BTG sacou R$ 5,5 bilhões até janeiro deste ano. Agora, já está pagando parte do que tomou emprestado, mesmo sem ter ainda concluído a venda do BSI.
Com isso, poderá também liberar o quanto antes o pagamento de bônus aos sete sócios principais do banco, que ficaram sem receber a remuneração durante o ano de 2015.
Para manter a liquidez, segundo informou em seu balanço, o banco suspendeu os pagamentos de bônus aos administradores, dividendos e juros sobre o capital próprio aos acionistas e também foi suspensa a concessão de créditos a integrantes do programa de "partnership" do banco, em que os funcionários recebiam linhas de financiamento para se tornarem sócios.
Na terça-feira, 26, com a volta de André Esteves ao banco, depois que o Supremo Tribunal Federal revogou os termos de sua prisão domiciliar, os papéis do BTG chegaram a subir 7%. Mas, mesmo assim, estão longe de recuperar os mais de 30% que perderam desde novembro do ano passado.
Vendas
Desde que entrou nessa ciranda financeira, o BTG já anunciou a venda de uma série de ativos, que juntos são estimados em cerca de R$ 20 bilhões. O último anúncio foi feito na semana passada, quando vendeu a Pan Seguros por R$ 700 milhões.
Entre os ativos vendidos estavam empresas como a Rede DOr, de hospitais, a Recovery, que fazia recuperação de crédito, e o próprio BSI. O banco suíço foi comprado pelo EFG International, um banco sediado em Zurique.
O preço final da transação deverá ficar entre 1,5 e 1,6 bilhão de francos suíços e, desse total, cerca de 1 bilhão de francos suíços entrará como caixa.
Mas a transação realizada com o EFG International em fevereiro ainda está sujeita a aprovação de órgãos reguladores para, somente então, haver a liquidação financeira, ou seja, os recursos entrarem no caixa do banco. Procurados, BTG e FGC não quiseram fazer comentários.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.