Sede do BTG Pactual em São Paulo: crescimento no segmento de varejo com aquisição da corretora Necton (Germano Lüders/Exame)
Marcelo Sakate
Publicado em 25 de outubro de 2020 às 20h30.
Última atualização em 26 de outubro de 2020 às 10h12.
O BTG Pactual fechou a aquisição de 100% da Necton Investimentos por 350 milhões de reais. O negócio, que deve ser anunciado nesta segunda-feira, 26, é mais um exemplo do momento de efervescência do mercado para o investidor de varejo no Brasil.
A aquisição reforça a musculatura do BTG Digital, a operação para o investidor de varejo do BTG (da mesma holding que controla a EXAME). A corretora Necton conta com mais de 40 mil clientes e mais de 16 bilhões de reais em ativos sob custódia. O BTG tinha 120 bilhões em ativos sob custódia (AuC, na sigla em inglês) em agosto, segundo dados da Anbima, a associação das entidades do mercado.
O total de ativos sob gestão (AuM) do BTG Pactual, por sua vez, supera a casa de 500 bilhões de reais, o que inclui o volume do braço de gestão de fortunas (Wealth Management).
Há um mês, o banco anunciou o lançamento do BTG+, um banco digital de varejo com serviço completo para pessoas físicas; e o BTG+ Business, dedicado à oferta de produtos e serviços para pequenas e médias empresas (PMEs). O objetivo é oferecer um serviço completo para o cliente, de modo que ele faça uso recorrente e diversificado dos produtos do banco.
A Necton nasceu há dois anos, fruto da fusão de duas corretoras tradicionais, a Spinelli e a Concórdia. Entre os principais acionistas estão Nelson Spinelli, que emprestava o sobrenome à antiga casa, e Luiz Fernando Furlan, ex-ministro do Desenvolvimento e da família que era dona da Concórdia e da antiga Sadia, hoje dentro da gigante de alimentos BRF.
Outros sócios da Necton estão na linha de frente dos negócios: o executivo-chefe (CEO) Marcos Maluf e o diretor de Distribuição, Rafael Giovani, além do economista-chefe, André Perfeito.
A aquisição da Necton pelo BTG é o mais recente exemplo de um movimento de consolidação do mercado para o investidor de varejo, em linhas com duas mudanças estruturais: as menores taxas de juros básicos da história do país, que tiram a atratividade da renda fixa e empurram o investidor para outros produtos de forma crescente, e o avanço da digitalização, que simplifica e acelera o acesso a informações e a ferramentas de investimento, como as plataformas abertas com produtos de todo o mercado.
São números recordes mês a mês. Para ficar em três exemplos recentes: a bolsa superou a marca de 3 milhões de investidores pessoa física, fundos imobiliários atraem mais de 1 milhão de investidores, e a indústria de fundos de investimento teve a maior captação líquida da história no terceiro trimestre, com 189 bilhões de reais em ingresso líquido.
Dentro desse contexto, há um mês, o Nubank acertou a compra da Easynvest, então a maior corretora independente do país; pouco depois, foi a vez do Santander adquirir a Toro Investimentos. Em junho, a modalmais havia acertado acordo com o banco Credit Suisse para venda de até 35% do seu capital; no mês seguinte, foi a vez de a fintech Neon Pagamentos adquirir a corretora Magliano Invest. Em comum a todos, o objetivo de ampliar a oferta integrada de serviços para fisgar o investidor.
No evento de lançamento do BTG+ no mês passado, o CEO do BTG, Roberto Sallouti, revelou o potencial que se enxerga para a unidade de varejo digital. Segundo ele, o BTG Digital tem participação crescente para o banco a cada trimestre, seja nas receitas, no número de funcionários ou no resultado. E disse que a unidade pode responder por 50% das receitas e do resultado do banco em um prazo de cinco anos.