Detalhe em prédio da Brookfield Asset Management Inc, a maior gestora de ativos alternativos do Canadá (Matthew Staver/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 28 de abril de 2015 às 22h24.
A Brookfield Asset Management Inc., maior gestora de ativos alternativos do Canadá, está estudando investir mais de R$ 3,3 bilhões (US$ 1,1 bilhão) no Brasil, sendo dois terços desse total em ativos inadimplentes, segundo duas fontes com conhecimento direto do assunto.
Imóveis comerciais, açúcar, etanol e construção são alguns dos setores em que a Brookfield, que tem sede em Toronto, tem interesse, porque foram mais duramente atingidos por quedas nos preços e restrições de crédito, disseram as fontes, que pediram anonimato porque os planos são privados.
A Brookfield já adquiriu um portfólio de ativos de energia renovável da Energisa SA por R$ 1,4 bilhão, excluindo dívida, em novembro, e um imóvel em São Paulo, por US$ 312 milhões, em setembro.
“Temos sido historicamente muito bem-sucedidos na aquisição de empresas de grande escala nos períodos em que o capital é limitado”, disse Sam Pollack, CEO da unidade de investimento em infraestrutura da Brookfield, em carta a investidores, em fevereiro. Kristhian Kaminski, porta-voz da firma, preferiu não comentar investimentos específicos.
Os preços dos ativos no Brasil caíram após previsões de que economia brasileira sofreria a pior contração em 25 anos neste ano e com os esforços do governo para recuperar as contas fiscais e controlar a inflação para evitar um rebaixamento do rating de crédito soberano.
O escândalo de corrupção da Petrobras também tem colocado seus fornecedores em aperto de crédito.
Financiamento da OAS
Os novos investimentos da Brookfield poderão incluir R$ 800 milhões em financiamento à OAS SA, a construtora que entrou com pedido de recuperação judicial em São Paulo no mês passado, segundo as fontes. A OAS foi proibida de apresentar licitações em novos projetos com a Petrobras após uma investigação envolver seus executivos pelo recebimento de subornos em troca de contratos de trabalho.
A Brookfield, que foi fundada no Brasil em 1899 como Brascan Ltd., ofereceria financiamento possibilitando que a OAS pagasse seus credores em troca de uma participação na Invepar, uma operadora de aeroportos e rodovias, segundo as fontes. A OAS possui 24,4 por cento da Invepar.
O diretor de desenvolvimento corporativo da OAS, Diego Barreto, disse no dia 22 de abril em São Paulo que a empresa estava negociando um financiamento debtor-in-possession de R$ 800 milhões, sem citar o nome do possível credor. Ele preferiu não comentar as negociações com a Brookfield.
BTG Pactual
Uma unidade da Brookfield se juntou ao Grupo BTG Pactual em fevereiro para fechar o capital da BR Properties SA, cujas ações caíram 60 por cento em relação ao seu pico, em outubro de 2012. Se todos os atuais acionistas decidirem vender, a Brookfield investiria R$ 405 milhões para comprar as ações e ao mesmo tempo manteria o controle sobre algumas propriedades da firma, segundo um fato relevante de 26 de fevereiro.
O acordo não afetaria o rating junk do BB mantido pela BR Properties, segundo a Standard Poor’s.
Mais R$ 560 milhões em novos investimentos podem ser adicionados ao total se a Brookfield comprar a participação do BTG em uma propriedade comercial conhecida como WTorre Morumbi. Essa transação depende de a BR Properties ter seu capital fechado, segundo o fato relevante.
Os preços dos imóveis caíram 3,1 por cento nos três primeiros meses deste ano descontada a inflação, segundo o índice de preços de imóveis FipeZap.
Negociações com Renuka
A gestora de ativos canadense também está em negociações avançadas para adquirir a processadora sucroalcooleira Renuka do Brasil SA por cerca de R$ 1,5 bilhão em dívidas, disseram duas fontes com conhecimento direto do assunto em 17 de abril.
A Brookfield assumirá a dívida e negociará os termos de pagamento com os credores da Renuka, disseram as pessoas.
A Brookfield está negociando também a injeção de capital nas produtoras sucroalcooleiras Tonon Bioenergia SA e Virgolino de Oliveira SA, que estão buscando reestruturar suas dívidas em dólares, disseram três fontes com conhecimento do assunto em 17 de abril.
Assessores das empresas BR Properties, Renuka, Tonon e Virgolino de Oliveira preferiram não comentar.