Briga de Globo e Record vira modalidade à parte no Pan
A poucos dias do final do Pan 2011, disputa pode arranhar as duas emissoras
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O nadador Cesar Cielo: no centro de uma das brigas entre a Record e a Globo no Pan (Al Bello/Getty Images/Getty Images)
Publicado em 3 de novembro de 2011, 09h45.
São Paulo – Os Jogos Pan-Americanos, que terminam no próximo dia 30, viram disputas acirradas tanto nas provas, quanto fora delas. A briga entre as duas maiores emissoras de televisão do país, Globo e Record, se transformou em uma modalidade à parte. Só que, neste caso, a imagem de ambas pode sair arranhada.
A Globo, que transmitiu o Pan-Americano de 2007, chamou a atenção do público e desagradou atletas ao praticamente ignorar o evento nos primeiros dias – incluindo a cerimônia de abertura dos Jogos, no dia 14. O mal-estar foi tanto, que alguns atletas cobraram uma mudança de atitude da emissora.
O segundo round da briga foi a acusação da Record de que a Globo teria usado, indevidamente, imagens de uma prova de natação com Cesar Cielo. O caso foi parar até no telejornal noturno da emissora, apresentado por ninguém menos que Ana Paula Padrão (uma das antigas estrelas do jornalismo da Globo).
Depois do barulho da rival, a Globo afirmou que a veiculação foi um erro. A emissora o atribuiu, porém, à agência APTN, a divisão de televisão da Associated Press, com quem mantém um contrato de fornecimento de conteúdo. Segundo a Globo, a APTN teria fornecido as imagens, sem alertar para a proibição de uso no Brasil.
A Record continuou no ataque, ao afirmar que a Globo nunca manifestou interesse em assinar um acordo de retransmissão do Pan-Americano. A emissora teria sido procurada, mas não teria retornado os contatos. Parte da imprensa, porém, afirma que a Record teria pedido alto demais para fechar um acordo.
Derrapadas
Se a imagem da Globo pode sair arranhada do Pan 2011, a da Record também está na berlinda. Apesar dos picos de audiência e dos momentos em que se mantém à frente da concorrente, a emissora é criticada por especialistas e telespectadores pelos escorregões na cobertura.
Mesmo com uma equipe de cerca de 200 pessoas no México, a Record parece não ter encontrado o tom da cobertura, segundo os observadores. Destaque exagerado para provas de pouca importância, transmissão de replays em detrimento da cobertura ao vivo, interrupção de provas relevantes para a veiculação de outras e certo ufanismo na narração são as principais queixas dos telespectadores, expressas nas redes sociais.
Os que apoiam a emissora afirmam que se trata de um período de aprendizado. Afinal, este é o primeiro grande evento esportivo transmitido pela Record, que apostou alto nesse filão de mercado.
Fome de esportes
A Record desembolsou 10 milhões de dólares pelos direitos do Pan 2011 e das Olimpíadas de Londres, no ano que vem. A emissora também vai pagar 20 milhões de dólares para transmitir o Pan–Americano de 2015, que será realizado em Toronto, no Canadá. E, ontem, a Record conquistou o Pan de 2019 por um valor ainda não divulgado.
Os investimentos mostram o esforço da emissora para se firmar como uma opção nos eventos esportivos. E é justamente aí que as derrapadas na cobertura do Pan 2011 podem espantar a audiência.
Para os especialistas, até o momento, a Globo ameaça sair dessa briga com uma imagem de jogador que não aceita ficar para trás e parte para atitudes antidesportivas. E a Record pode sair como uma emissora que não estava à altura de suas ambições e perdeu o foco – em vez de se concentrar na partida, decidiu bater no adversário. Uma disputa que, para os telespectadores, não vale nenhuma medalha.
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