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BRF sai com 'lição de casa' de reunião no Cade

A empresa terá até o final do mês para apresentar uma proposta de venda de ativos que realmente convença os conselheiros de que a fusão é viável

Brasil Foods: julgamento da fusão adiado por 15 dias no Cade (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 15 de junho de 2011 às 21h02.

Brasília - A BRF Brasil Foods conseguiu hoje uma vitória no arrastado processo de fusão de Sadia e Perdigão: o adiamento do julgamento no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) por pelo menos 15 dias. Com esse fôlego extra, a empresa terá até o final do mês para apresentar uma proposta de venda de ativos que realmente convença os conselheiros de que o negócio é viável e não prejudicará consumidores e a concorrência.

As primeiras tentativas de acordo não surtiram efeito. Hoje, no entanto, depois de o conselheiro Ricardo Ruiz atender ao pedido da companhia de prorrogar o prazo, a BRF começou a se articular para essa nova fase de negociação. Imediatamente elogiou a decisão de Ruiz e logo após o almoço, esteve em reunião com integrantes do Cade para alinhavar uma nova proposta com o órgão antitruste. Nenhuma oferta formal foi apresentada, mas a BRF recebeu como "lição de casa" reler as considerações feitas pelo relator, Carlos Ragazzo, que foi contrário à fusão.

Na primeira parte do julgamento na semana passada, além de vetar a operação, Ragazzo também criticou a proposta inicial de acordo da companhia, considerada muito aquém do desejado. A avaliação do conselheiro foi a de que a sugestão ficou "mais leve" do que a apresentada pelo Ministério da Fazenda há um ano. Segundo ele, se a BRF apenas se desfizesse de marcas como Rezende, Wilson, Excelsior e Delicata, como indicou, não movimentaria o mercado.

Ridículos

O relator chegou a classificar como "ridículos" alguns itens e que a proposta de abrir mão de algumas fábricas, assim como de ceder o fornecimento de insumos e redes de distribuição por dois anos era insuficiente. O temor de Ragazzo é o de que a união das companhias ponha fim à concorrência existente hoje e dificulte a entrada de rivais no setor. Mais do que isso, mostrou-se preocupado com os reflexos que a operação trará para o consumidor, como a possibilidade de aumento de preços de produtos - de até 40% em alguns casos -, que seria também uma barreira para os novos consumidores das classes C e D.


Neste primeiro momento, segundo apurou a Agência Estado, a BRF descarta a sugestão hipotética apresentada por Ragazzo de criar uma joint venture específica para atuar no mercado externo. Neste caso, Sadia e Perdigão seguiriam separadas no Brasil, o que não traria os ganhos de eficiência gerados a partir da fusão.

Mesmo assim, a empresa se propõe a avaliar todas as possibilidades. "Mais do que discutir o voto do relator lido na semana passada, é preciso discutir a oportunidade que ficou aberta com o adiamento do julgamento, para encontrar uma solução pacífica", disse o presidente de assuntos corporativos da BRF, Wilson Mello, logo após o anúncio de adiamento.

"O momento agora é de ter calma e entender preocupações do Cade", acrescentou o executivo. Em nota, mais tarde, a companhia elogiou a "maturidade institucional" do Cade ao dilatar o prazo para negociar. Os conselheiros não quiseram se pronunciar a respeito do processo.

Encontros

Hoje, durante a reunião da tarde, ficou acertado que novos encontros serão realizados para alinhar as opiniões do Cade e da empresa. O caso volta para a pauta no dia 29 de junho. Até lá, a BRF diz ter condições de apresentar uma proposta que atenda a expectativa do órgão antitruste. Mesmo assim, o conselheiro Ruiz ainda tem o direito de adiar o julgamento por mais uma sessão (até 13 de julho). Uma nova prorrogação pode ser dada, mas dependeria de uma decisão de todos os conselheiros que participam do caso.

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Brasília - A BRF Brasil Foods conseguiu hoje uma vitória no arrastado processo de fusão de Sadia e Perdigão: o adiamento do julgamento no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) por pelo menos 15 dias. Com esse fôlego extra, a empresa terá até o final do mês para apresentar uma proposta de venda de ativos que realmente convença os conselheiros de que o negócio é viável e não prejudicará consumidores e a concorrência.

As primeiras tentativas de acordo não surtiram efeito. Hoje, no entanto, depois de o conselheiro Ricardo Ruiz atender ao pedido da companhia de prorrogar o prazo, a BRF começou a se articular para essa nova fase de negociação. Imediatamente elogiou a decisão de Ruiz e logo após o almoço, esteve em reunião com integrantes do Cade para alinhavar uma nova proposta com o órgão antitruste. Nenhuma oferta formal foi apresentada, mas a BRF recebeu como "lição de casa" reler as considerações feitas pelo relator, Carlos Ragazzo, que foi contrário à fusão.

Na primeira parte do julgamento na semana passada, além de vetar a operação, Ragazzo também criticou a proposta inicial de acordo da companhia, considerada muito aquém do desejado. A avaliação do conselheiro foi a de que a sugestão ficou "mais leve" do que a apresentada pelo Ministério da Fazenda há um ano. Segundo ele, se a BRF apenas se desfizesse de marcas como Rezende, Wilson, Excelsior e Delicata, como indicou, não movimentaria o mercado.

Ridículos

O relator chegou a classificar como "ridículos" alguns itens e que a proposta de abrir mão de algumas fábricas, assim como de ceder o fornecimento de insumos e redes de distribuição por dois anos era insuficiente. O temor de Ragazzo é o de que a união das companhias ponha fim à concorrência existente hoje e dificulte a entrada de rivais no setor. Mais do que isso, mostrou-se preocupado com os reflexos que a operação trará para o consumidor, como a possibilidade de aumento de preços de produtos - de até 40% em alguns casos -, que seria também uma barreira para os novos consumidores das classes C e D.


Neste primeiro momento, segundo apurou a Agência Estado, a BRF descarta a sugestão hipotética apresentada por Ragazzo de criar uma joint venture específica para atuar no mercado externo. Neste caso, Sadia e Perdigão seguiriam separadas no Brasil, o que não traria os ganhos de eficiência gerados a partir da fusão.

Mesmo assim, a empresa se propõe a avaliar todas as possibilidades. "Mais do que discutir o voto do relator lido na semana passada, é preciso discutir a oportunidade que ficou aberta com o adiamento do julgamento, para encontrar uma solução pacífica", disse o presidente de assuntos corporativos da BRF, Wilson Mello, logo após o anúncio de adiamento.

"O momento agora é de ter calma e entender preocupações do Cade", acrescentou o executivo. Em nota, mais tarde, a companhia elogiou a "maturidade institucional" do Cade ao dilatar o prazo para negociar. Os conselheiros não quiseram se pronunciar a respeito do processo.

Encontros

Hoje, durante a reunião da tarde, ficou acertado que novos encontros serão realizados para alinhar as opiniões do Cade e da empresa. O caso volta para a pauta no dia 29 de junho. Até lá, a BRF diz ter condições de apresentar uma proposta que atenda a expectativa do órgão antitruste. Mesmo assim, o conselheiro Ruiz ainda tem o direito de adiar o julgamento por mais uma sessão (até 13 de julho). Uma nova prorrogação pode ser dada, mas dependeria de uma decisão de todos os conselheiros que participam do caso.

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