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BRF quer ser mais verde, diante dos problemas na economia

A maior empresa de alimentos do país está recorrendo aos green bonds na Europa diante das dificuldades econômicas brasileiras

Linha de produção da BRF: a empresa pode ingressar em um mercado de US$ 80 bilhões (Germano Lüders/EXAME)
DR

Da Redação

Publicado em 25 de maio de 2015 às 18h08.

São Paulo - A maior empresa de alimentos do Brasil tem a intenção de se tornar mais verde.

A BRF SA, que fabrica mais de 5.000 produtos alimentícios processados, de pizzas congeladas a lasanhas, está em busca de vender os chamados green bonds na Europa após reunir-se com investidores esta semana.

Seria a primeira empresa latino-americana a financiar um projeto ambientalmente sustentável por meio do mercado de bonds oito anos após o Banco Mundial e o banco sueco SEB AB terem definido os parâmetros para esse tipo de dívida.

Para a BRF, que tem sede em São Paulo, o negócio é uma tentativa de obter um financiamento mais barato recorrendo a um universo mais amplo de investidores e se beneficiando das taxas de juros da Europa, em uma baixa recorde -- especialmente em um momento em que o mal-estar econômico no Brasil pode repelir alguns compradores de bonds.

Desde 2010, foram vendidos US$ 80 bilhões em green bonds em todo o mundo, segundo a Bloomberg Intelligence.

“Eles buscam abrir portas em um mercado com um negócio inovador e custos mais baixos”, disse Leonardo Alves, analista da Votorantim CTVM SA, por telefone, de São Paulo.

A BRF está recorrendo aos green bonds após dificuldades econômicas do Brasil e um escândalo de corrupção na estatal Petrobras terem impedido o acesso das empresas do país ao mercado internacional de bonds por cinco meses.

A seca terminou no início deste mês, quando a fabricante de cimento Votorantim Cimentos SA vendeu títulos na Europa.

Bonds da Hera

Ainda que tenha sido capaz de contornar boa parte da turbulência -- e até mesmo ter recebido ganho um aumento no rating de crédito, na semana passada, que levou os yields de suas dívidas a uma baixa recorde --, a BRF ainda ainda paga mais do que seus pares do mercado desenvolvido que utilizaram o mercado de green bonds para levantar recursos.

Um exemplo é a Hera SPA, empresa italiana de serviços públicos que tem o mesmo grau de investimento da BRF, o BBB. No ano passado, a Hera vendeu 500 milhões de euros (US$ 550,7 milhões) em notas de 10 anos a 2,375 por cento, e que agora têm um yield de 1,68 por cento.

A Hera disse que os investidores voltados a ativos sustentáveis adquiriram cerca de dois terços da oferta.

Em contrapartida, em maio passado a BRF emitiu US$ 750 milhões de notas de 4,75 por cento para 2024 que atualmente têm um yield de 4,54 por cento.

“Além de tirar vantagem dos baixos custos para vender dívidas em euros, nós pretendemos diversificar nossa base de investidores”, disse Elcio Ito, diretor financeiro da BRF, por telefone, de São Paulo.

“Os recursos provenientes da venda de bonds deverão ser investidos em projetos sustentáveis e ambientais, como eficiência energética, gestão de resíduos, gestão florestal -- coisas que a BRF já faz”.

Patrimônio da BlackRock

A Standard Poor’s estima que as ofertas de green bonds corporativos poderão subir 58 por cento neste ano, para US$ 30 bilhões.

Esses bonds “atraem um novo grupo de investidores e podem oferecer uma saída para a arrecadação de fundos adicionais sem elevação dos yields”, disse Gregory Elders, analista da Bloomberg Intelligence, em resposta por e-mail a perguntas.

“Uma série de investidores declarou intenção de comprar green bonds como parte de suas iniciativas de investimentos verdes”.

O Nordea Bank AB, da Escandinávia, e a BlackRock Inc., com sede em Nova York, são os maiores detentores de green bonds vendidos por empresas desde 2013, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Patrik Kauffmann, gestor de recursos da Solitaire Aquila Ltd., com sede em Zurique, diz que a BRF não terá problemas para encontrar compradores, especialmente após o aumento do rating, em 19 de maio.

A S&P elevou a BRF em um degrau, para BBB, segunda nota de investimento mais baixa, citando proporções de endividamento bem abaixo de duas vezes os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda).

“Esta é uma empresa com um balanço sólido e baixa alavancagem que paga um prêmio mais elevado que seus pares que têm sede em países desenvolvidos”, disse Kauffmann, em e-mail.

“Eles deverão conseguir fechar esse acordo e eu posso imaginar mais green bonds vindo do Brasil, pois há uma crescente demanda por investimentos como esse no mundo desenvolvido”.

São Paulo - A revista americana Newsweek divulgou sua lista anual de empresas com melhores práticas de sustentabilidade . A avaliação é feita em parceria com a Corporate Knights, consultoria canadense especializada em responsabilidade social e desenvolvimento sustentável. Foram levados em conta o desempenho na gestão de energia , água , resíduos, carbono ( emissões de gases efeito estufa) e reputação. Outros dois fatores importantes também contaram pontos: se a empresa possui um comitê de sustentabilidade e se o salário e bonificação dos executivos estão atrelados aos seus esforços verdes. Veja a seguir as empresas com os melhores desempenhos nos quesitos analisados.
  • 2. 1 - Vivendi

    2 /12(Fabrice Dimier/Bloomberg)

  • Veja também

    Pontuação verde global85,30 (de 100)
    PaísFrança
    SetorTelecomunicação
    Gestão de energia73,30
    Gestão de carbono67,80
    Gestão de água94,60
    Gestão de resíduos82,90
    Reputação87,70
    Premia executivos por esforços verdesSim
    Possui comitê de sustentabilidadeSim
  • 3. 2 - Allergan

    3 /12(Patrick T. Fallon/Bloomberg)

  • Pontuação verde global85,1 (de 100)
    PaísEstados Unidos
    SetorFarmacêutico/Saúde
    Gestão de energia72,2
    Gestão de carbono85,2
    Gestão de água61,1
    Gestão de resíduos82
    Reputação100
    Premia executivos por esforços verdesSim
    Possui comitê de sustentabilidadeSim
  • 4. 3 - Adobe Systems

    4 /12(David Paul Morris/Bloomberg)

    Pontuação verde global84,4 (de 100)
    PaísEstados Unidos
    SetorTecnologia da Informação
    Gestão de energia82,7
    Gestão de carbono87,1
    Gestão de água99,2
    Gestão de resíduos91,9
    Reputação51,4
    Premia executivos por esforços verdesSim
    Possui comitê de sustentabilidadeSim
  • 5. 4 - Kering

    5 /12(GettyImages)

    Pontuação verde global83,6 (de 100)
    PaísFrança
    SetorBens de Consumo e Vestuário
    Gestão de energia69,7
    Gestão de carbono70,2
    Gestão de água81,5
    Gestão de resíduos82,2
    Reputação90,1
    Premia executivos por esforços verdesSim
    Possui comitê de sustentabilidadeSim
  • 6. 5 - NTT Docomo

    6 /12(Kiyoshi Ota/Bloomberg)

    Pontuação verde global83,1 (de 100)
    PaísJapão
    SetorTelecomunicação e Serviços
    Gestão de energia81,7
    Gestão de carbono57,7
    Gestão de água90,5
    Gestão de resíduos90,6
    Reputação100
    Premia executivos por esforços verdesSim
    Possui comitê de sustentabilidadeSim
  • 7. 6 - Ecolab

    7 /12(Divulgação)

    Pontuação verde global82,6 (de 100)
    PaísEstados Unidos
    SetorMateriais
    Gestão de energia73,2
    Gestão de carbono80,1
    Gestão de água84,3
    Gestão de resíduos59,6
    Reputação90,1
    Premia executivos por esforços verdesSim
    Possui comitê de sustentabilidadeSim
  • 8. 7 - Atlas Copco

    8 /12(Divulgação)

    Pontuação verde global77,2 (de 100)
    PaísSuécia
    SetorEquipamentos Industriais
    Gestão de energia78
    Gestão de carbono89,4
    Gestão de água81,9
    Gestão de resíduos87,4
    Reputação58,7
    Premia executivos por esforços verdesSim
    Possui comitê de sustentabilidadeSim
  • 9. 8 - Biogen Idec

    9 /12(Divulgação)

    Pontuação verde global75,7 (de 100)
    PaísEstados Unidos
    SetorFarmacêutico e Biotecnologia
    Gestão de energia69,2
    Gestão de carbono82,7
    Gestão de água84,5
    Gestão de resíduos97
    Reputação53,4
    Premia executivos por esforços verdesSim
    Possui comitê de sustentabilidadeNão
  • 10. 9 - Compass Group

    10 /12(Getty Images)

    Pontuação verde global75,3 (de 100)
    PaísReino Unido
    SetorServiços de Alimentação
    Gestão de energia74,3
    Gestão de carbono69,3
    Gestão de água91,3
    Gestão de resíduos83,9
    Reputação87,4
    Premia executivos por esforços verdesNão
    Possui comitê de sustentabilidadeSim
  • 11. 10 - Schneider Electric

    11 /12(Divulgação)

    Pontuação verde global75,3 (de 100)
    PaísFrança
    SetorProdutos elétricos e serviços
    Gestão de energia73
    Gestão de carbono71,9
    Gestão de água79,5
    Gestão de resíduos68
    Reputação57
    Premia executivos por esforços verdesSim
    Possui comitê de sustentabilidadeSim
  • 12. Eles dão exemplo

    12 /12(Wikimedia Commons)

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