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Vale aprofunda cortes de investimentos em busca de lucro

A maior produtora de minério de ferro do mundo deve anunciar um plano de negócios de US$ 14,5 bilhões para 2014, 11% menos que o orçamento deste ano


	Trem da Vale: a Vale, a empresa com pior desempenho em ações neste ano entre as três maiores mineradoras, está buscando aumentar a confiança do investidor
 (Divulgação/ Agência Vale)

Trem da Vale: a Vale, a empresa com pior desempenho em ações neste ano entre as três maiores mineradoras, está buscando aumentar a confiança do investidor (Divulgação/ Agência Vale)

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Da Redação

Publicado em 29 de novembro de 2013 às 13h56.

Rio de Janeiro - A Vale SA deverá reduzir seus gastos no ano que vem ao nível mais baixo desde 2010 em uma tentativa de recuperar-se de dois anos de quedas nos lucros devido a produções decepcionantes e preços mais baixos.

A maior produtora de minério de ferro do mundo provavelmente anunciará em 2 de dezembro um plano de negócios de US$ 14,5 bilhões para 2014, segundo a média de estimativas de 11 analistas compiladas pela Bloomberg News. Isso é 11 por cento menos que os US$ 16,3 bilhões orçados para este ano e seria o menor investimento anual da Vale nos últimos quatro anos.

A redução nos investimentos seria a última tática da empresa com sede no Rio de Janeiro para aumentar as margens após vender pelo menos US$ 3 bilhões em ativos neste ano e reduzir custos em US$ 2 bilhões.

A Vale, a empresa com pior desempenho em ações neste ano entre as três maiores mineradoras, está buscando aumentar a confiança do investidor focando em suas operações mais lucrativas de minério de ferro e dando fim a uma disputa fiscal de uma década.

“Estamos esperando uma racionalização das despesas de capital, de uma forma negativa”, disse Marcel Kussaba, que ajuda a gerenciar R$ 14 bilhões (US$ 6 bilhões) em ativos, incluindo ações da Vale, como chefe de pesquisa da Quantitas Asset Management, por telefone, de Porto Alegre. “O retorno a um foco no minério de ferro faz sentido”.

A empresa está reduzindo investimentos fora do negócio do minério de ferro enquanto conclui alguns projetos, disse Kussaba. As ações da Vale, que em julho atingiram a maior baixa em quatro anos, subiram ao nível mais alto em seis semanas, ontem, depois que a empresa aceitou pagar R$ 22,3 bilhões para resolver uma pendência fiscal de uma década com o governo brasileiro relacionada aos lucros de suas unidades estrangeiras.

 


Melhora nos lucros

As ações da Vale estão em baixa de 21 por cento neste ano, enquanto as da BHP Billiton Ltd., a maior mineradora do mundo, avançaram 0,8 por cento e os papéis da Rio Tinto Group, a segunda maior, caíram 6,2 por cento em Londres.

A Vale reportou em 6 de novembro seu primeiro incremento no lucro trimestral em mais de dois anos, batendo as estimativas dos analistas, depois que a demanda chinesa por matéria-prima para a fabricação do aço empurrou os preços para cima.

A margem de lucros antes de juros, taxas, depreciação e amortização de 12 meses da empresa se recuperou e chegou a 41 por cento no terceiro trimestre, o maior nível dos últimos cinco trimestres, após atingir a maior baixa em três anos, de 36 por cento, no final de 2012, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A empresa prevê divulgar seus planos de investimento em 2 de dezembro, antes do início das operações em São Paulo, e discutir sua estratégia, incluindo as metas de produção, em uma reunião com investidores na Bolsa de Nova York. A Vale organizará um evento semelhante em Londres, em 5 de dezembro.

A assessoria de imprensa da empresa preferiu não comentar a respeito dos planos de investimentos antes de sua divulgação.

Orçamento

A Vale pode surpreender os investidores com um corte ainda mais profundo no orçamento de 2014, disseram analistas do Credit Suisse Group AG em São Paulo, liderados por Ivano Westin, em uma nota de pesquisa, em 24 de novembro.

“Nós esperamos que a gestão mantenha sua liderança qualitativa indicando que há espaço para reduções adicionais de custos nos próximos trimestres”, escreveram os analistas, prevendo US$ 12 bilhões em despesas de capital.

A Vale está prestes a gastar menos que seu plano orçamentário, em 2013, pelo quinto ano consecutivo. A empresa estará “ligeiramente abaixo” de seu plano de investimento de US$ 16,3 bilhões neste ano, disse o diretor financeiro Luciano Siani em uma teleconferência, em 7 de novembro. Em 2012, foram gastos US$ 17,7 bilhões, 17 por cento menos que o orçamento de US$ 21,4 bilhões.

As mineradoras estão reduzindo custos após o fim de uma década de alta nos preços, que prejudicou as receitas. A Rio Tinto, maior produtora de minério de ferro após a Vale, disse ontem que precisará de US$ 3 bilhões a menos do que previu anteriormente para atingir sua meta de aumentar em cerca de 25 por cento sua capacidade de produção no oeste da Austrália.

“Todos os players globais estão reduzindo os investimentos”, disse Kussaba, da Quantitas. “É prudente e até saudável para o setor de mineração que haja uma racionalização”.

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