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Bradesco nega aumento da taxa de juros e que tenha represado crédito

O Bradesco já recebeu 1,2 milhão de pedidos de clientes para prorrogar o pagamento das dívidas em até 60 dias, cerca de 15% das parcelas a vencer

Bradesco (Paulo Fridman/Bloomberg)

Bradesco (Paulo Fridman/Bloomberg)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 13 de abril de 2020 às 13h31.

Última atualização em 13 de abril de 2020 às 13h37.

O Bradesco não aumentou suas taxas de juros nos empréstimos feitos a pessoas físicas ou empresas por conta da pandemia, diz Octavio de Lazari Jr., presidente do banco. Ele também afirmou que o banco não represou liquidez ou negou operações de crédito.

Em coletiva com analistas, investidores e jornalistas, o executivo disse que o banco já concedeu 32,8 bilhões de reais em novos créditos, acima dos 26,4 bilhões de reais em compulsórios liberados pelo Banco Central. "Não há pretensão ou atitude do banco de aumentar as taxas de juros", afirma.

Além de liberar dinheiro novo, o banco está negociando a prorrogação de prazo para pagamentos de dívidas em 60 dias para quem não tem condições de cumprir com os contratos atuais. Já há conversas com instituições e outros bancos para aumentar esse prazo para até 90 dias. 

O Bradesco já recebeu 1,2 milhão de pedidos de clientes para prorrogar o pagamento das dívidas, principalmente de pessoas físicas e pequenas empresas. Cerca de 15% das parcelas a vencer agora estão sendo prorrogadas. 

Os cinco maiores bancos do país receberam mais de 2 milhões de pedidos de renegociação de dívidas até o dia 6 de abril e, até o dia 8, já haviam renegociado 130 bilhões de reais. Até a semana passada, os valores chegaram a 200 bilhões reais, de acordo com levantamentos feito pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). 

Pequenas empresas

As micro e pequenas empresas também receberam uma linha de crédito específica, em conjunto com o Banco Central e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para financiar a folha de pagamento dessas empresas, de até 40 bilhões de reais.

Nessa linha de crédito específica, 85% do risco da tomada de crédito será do governo e 15% dos bancos privados. Os juros são iguais à taxa Selic, de 3,75% ao ano, com até 36 meses para pagar e seis meses de carência.

O Bradesco diz que cerca de 20% do público elegível a essa linha de crédito já tomou o empréstimo, cerca de de 54 mil empresas. 

Além disso, para operações gerenciadas inteiramente pelo banco, há 125 mil empresas com o crédito pré-aprovado. Para acelerar a adoção dessa linha de crédito, o banco está mandando notificações nos celulares dos clientes e irá ligar para eles para apresentar o produto. 

Lazari acredita que muitos empresários vão primeiro fazer uma avaliação de sua situação e caixa antes de tomar novos empréstimos.  

Grandes empresas

No início da quarentena pelo coronavírus, as grandes empresas correram para os bancos para garantir o caixa e a liquidez necessários para passar pelos próximos meses.

Segundo Lazari, o banco recebe normalmente 2 bilhões de reais em pedidos de crédito, mas no pico do estresse chegou a receber dez vezes mais, até 20 bilhões de reais em pedidos. Esse pico passou e o pedido de crédito por grandes empresas se estabilizou, diz o empresário. 

"As empresas do segmento corporativo estão mais capitalizadas e têm condições diferentes para tomar créditos", diz, afirmando que os pedidos de novos empréstimos desse segmento não deve crescer tanto.

Os próximos passos devem ser o desenvolvimento de linhas de crédito e ações específicas voltadas a setores, como aéreas, empresas de energia e distribuidoras e o mercado automotivo.

Com a crise, a inadimplência pode vir a aumentar, diz o executivo. A maior taxa de inadimplência foi observada durante a crise econômica de 2014 a 2016. "Mas, dependendo da extensão e da gravidade da covid-19, a inadimplência pode ser pior. Espero que não seja, mas estamos trabalhando com esses cenários", diz Lazari.

Para trabalhar com esse novo cenário de risco, a empresa está usando dados da crise econômica para analisar quanto tempo cada setor leva para se recuperar e quanto as empresas devem tomar de dinheiro novo nesse período. "Com base novos indicadores de risco e na nossa experiência, a análise de crédito é mais rigorosa hoje", diz o executivo. 

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