Logo do Bradesco (Adriano Machado/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 31 de janeiro de 2019 às 06h42.
Última atualização em 31 de janeiro de 2019 às 07h06.
O Bradesco, segundo maior banco privado do país, divulga seus resultados do quarto trimestre de 2018 nesta quinta-feira sob grande expectativa.
Depois que o Santander Brasil surpreendeu o mercado, ontem, ao anunciar que o seu índice de retorno sobre patrimônio (ROE, da sigla em inglês) avançou para 21,1%, os investidores querem saber se o Bradesco ficou mesmo para trás no ranking de rentabilidade das instituições financeiras.
O Santander tomou do Bradesco a segunda posição nessa lista no segundo trimestre de 2018, quando seu retorno subiu de 16,1% um ano antes para 19,5%. O ROE do concorrente brasileiro avançou de 18,1% para 18,4% no mesmo período.
Pelos cálculos dos analistas do banco de investimentos Itaú BBA Thiago Bovolenta Batista, Tiago Binsfeld e Alexandre Spada, a rentabilidade do Bradesco no intervalo de outubro a dezembro de 2018 deve ter chegado a 19,2%.
O retorno sobre patrimônio é um dos principais indicadores levados em consideração pelos investidores na bolsa na hora de decidir qual ação comprar.
Enquanto o seu ROE sobe, o Santander tem atraído acionistas dispostos a pagar mais pelo seu papel. No último ano, a ação do Santander subiu 33,6%, fechando a 48 reais ontem, enquanto o papel preferencial do Bradesco ganhou 17%, a 42,84 reais, e o Ibovespa, principal índice acionário do mercado local, avançou 16,8%, para 94.133 pontos.
“O Santander tem anunciado excelentes resultados, os quais o colocam na primeira divisão do mercado bancário brasileiro, junto com os eternos pesos-pesados Itaú e Bradesco”, Eduardo Rosman e Thiago Kapulskis, analistas do banco BTG Pactual, escreveram em relatório a clientes ontem.
Ainda assim, o Bradesco é, junto com o Banco do Brasil, a principal indicação dos analistas do Itaú BBA para os investidores neste momento.
“O Bradesco deve anunciar outro trimestre de resultados sólidos com boas margens e custo de risco estável”, escreveram os analistas em relatório. A margem de lucro do Bradesco deve recuar de 4,1% para 3,9% entre os três últimos meses de 2017 e igual intervalo de 2018, enquanto as provisões para devedores duvidosos deve recuar 13,6%, para 3,38 bilhões de reais.
No início do mês, o Bradesco mudou a sua cúpula, diminuindo o número de vice-presidências de seis para quatro a fim de ganhar agilidade na briga com o Santander.
Rivalidades à parte, todos os bancos brasileiros estão se beneficiando da recuperação do mercado de crédito.
Os empréstimos cresceram 5,5% no país em 2018, os financiamentos para pessoas físicas saltaram 8,6% e os para pessoa jurídica aumentaram 1,9%, de acordo com dados do Banco Central divulgados no dia 29 de janeiro. Neste ano, o volume total de crédito no sistema deve avançar 9%, pelas contas da consultoria de análise de investimentos Lopes Filho.
A esperada aceleração da recuperação da economia neste ano deve ajudar também a melhorar a qualidade dos resultados dos bancos, com um aumento dos ganhos não só em financiamentos mas também nas vendas de outros produtos, como seguros e ferramentas de investimentos, segundo escreveu João Augusto Frota Salles, analista da Lopes Filho, em relatório.
O Itaú, líder do setor, divulga seus números no dia 4 de fevereiro. Seu ROE no terceiro trimestre de 2018 estava em 21,3%. Com a melhora do cenário econômico para todos os bancos, a disputa no topo desse mercado deve ficar cada vez mais embolada.