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Boeing reconhece falha técnica em acidentes e alto volume de trabalho

Primeiras investigações sobre voo na Etiópia mostram que tripulação seguiu todos os procedimentos de segurança para desativar software que gerou queda

Boeing: empresa reconheceu primeiros pontos revelados em investigação (Matt Mills McKnight/Reuters)

Boeing: empresa reconheceu primeiros pontos revelados em investigação (Matt Mills McKnight/Reuters)

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EFE

Publicado em 4 de abril de 2019 às 18h56.

Nova York - O diretor-executivo da Boeing, Chris Muilenburg, reconheceu nesta quinta-feira, 4, a similaridade entre as falhas técnicas que afetaram os aviões 737 MAX que sofreram acidentes fatais nos últimos meses na Etiópia e na Indonésia, além do "alto volume de trabalho" que pode afetar alguns pilotos.

Após a divulgação de um relatório preliminar da investigação do voo 302 da Ethiopian Airlines, Muilenburg afirmou em comunicado que "é aparente" que em ambos voos o sistema de controle conhecido como MCAS foi ativado em resposta a uma informação "equivocada" do ângulo de ataque.

"Como nos disseram os pilotos, uma ativação equivocada da função do MCAS pode se somar a um entorno que, por si só, representa uma alta carga de trabalho. É nossa responsabilidade eliminar este risco. Nós assumimos e sabemos como fazer isso", acrescentou.

As primeiras investigações sobre o acidente de um 737 MAX 8 na Etiópia no último dia 10 de março, que deixou 157 mortos, mostram que a tripulação seguiu todos os procedimentos de segurança, mas não conseguiu desativar o software de controle automatizado que fez a aeronave descer.

À espera da divulgação dos relatórios finais das autoridades com os "detalhes completos", Muilenburg disse que a história do setor "mostra que a maioria de acidentes é causada por uma cadeia de eventos" e "este é novamente o caso". Além disso, garantiu que "sabemos como romper um desses elos nos dois acidentes".

O principal executivo da Boeing começou o comunicado pedindo perdão e dando seus pêsames às vítimas do voo 610 da Lion Air, que caiu na Indonésia em outubro do ano passado, e do voo 302 da Ethiopian Airlines, cujas "tragédias continuam com um peso muito forte" na equipe da empresa, que sente a "imensa gravidade dos eventos".

Após reconhecer a semelhança entre as falhas técnicas dos dois voos, Muilenburg elogiou a colaboração de seus "melhores engenheiros e analistas" com a Administração Federal de Aviação dos EUA desde o acidente da Indonésia para atualizar o software e garantir que esses incidentes "nunca voltem a ocorrer".

"Seguimos um método amplo e disciplinado, respeitando o tempo para que a atualização do software seja a correta. Estamos perto de completá-la e antecipamos que será certificada e implementada na frota mundial do 737 MAX nas próximas semanas", disse o executivo, que lamentou os prejuízos da sua paralisação.

Essa melhoria no software, somada ao treinamento associado e materiais educativos adicionais que os pilotos solicitaram, "eliminarão a possibilidade de uma ativação não proposital do MCAS e evitará que um acidente relacionado com o MCAS volte a acontecer", afirmou.

Muilenburg reiterou que o 737 MAX é seguro e que, quando voltar a voar, já com as mudanças no software, "será uma das aeronaves mais seguras que já voaram".

O executivo, que trabalha há três décadas na Boeing, disse ainda que não lembra um "momento mais dilacerador" na sua carreira e garantiu saber que vidas dependem do trabalho de sua equipe, o que exige "integridade e excelência".

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