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Boeing quer lucrar com aviões em sucatas

Companhia pondera comprar uma empresa que recicle motores, trens de aterrissagem e outros componentes retirados de aviões comerciais descartados

Sucata de um avião em um ferro-velho: Boeing pode lucrar com restos de modelos mais antigos (Flickr/Creative Commons/CleftClips)

Sucata de um avião em um ferro-velho: Boeing pode lucrar com restos de modelos mais antigos (Flickr/Creative Commons/CleftClips)

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Da Redação

Publicado em 7 de agosto de 2014 às 17h54.

Chicago - A Boeing vê potencial de riqueza nos aviões que aterrissam em ferros-velhos de aviação à medida que as companhias aéreas substituem os jatos mais antigos por modelos que utilizam menos combustível.

A maior fabricante de aviões do mundo está explorando formas de ganhar dinheiro com o final da vida de um avião comercial.

Ela poderia estar buscando no mercado uma empresa de salvamento que recicle motores, trens de aterrissagem e outros componentes retirados de aviões comerciais descartados, disse John Wojick, vice-presidente sênior de vendas globais e marketing.

Comprar uma empresa semelhante permitiria à Boeing, com sede em Chicago, ter mais controle sobre como os componentes dos seus jatos encontram uma segunda vida.

Até agora, a unidade de serviços de aviação comercial, que gerencia a manutenção, os consertos e o inventário de peças de reposição para companhias aéreas do mundo inteiro, terceiriza a tarefa de desmantelar os aviões usados que a Boeing compra para impulsionar os pedidos dos seus novos 747-8 jumbos.

“Tem sido um negócio lucrativo para nós”, disse Wojick em entrevista no Salão Internacional da Aeronáutica de Farnborough, na Inglaterra, no mês passado. “A questão passa a ser se a própria Boeing deveria entrar nesse negócio”.

O mercado de US$ 3,2 bilhões de peças usadas está crescendo à medida que companhias aéreas e locadores descartam aviões uma década ou mais antes do final da sua vida útil de 30 anos.

O somatório das peças de um jato pode superar seu valor de revenda deprimido, e possuir uma companhia de desmantelamento daria à Boeing mais controle sobre seus próprios componentes.

“A Boeing tem uma decisão estratégica a tomar”, disse Kevin Michaels, diretor administrativo global de consultoria e serviços de aviação da ICF International, empresa de consultoria com sede em Fairfax, Virgínia. “É um dos tendões de Aquiles deles”.

Panorama do setor

O setor de aviões descartados é uma mistura entre operadores de capital fechado, como a Aircraft Demolition LLC, que opera no Parque Aéreo de Pinal, no Arizona, conhecido pelo armazenamento ao ar livre, e empresas de capital aberto, como a AAR, com um valor de mercado de US$ 1,07 bilhão.

Michaels, da ICF, disse que vê uma “grande possibilidade” de que a Boeing mude sua estratégia de peças de reposição e possa realizar uma compra significativa.

O declínio de 13 por cento das suas ações neste ano até ontem foi o maior no Dow Jones Industrial Average.

Um fator que aumenta a complicação: os alvos de aquisição poderiam ter preços exagerados, pois os investidores recorrem ao mercado de usados para obter peças de aviões, disse Michaels.

Também há um risco para a Boeing, porque comercializar peças usadas que são certificadas para serem tão boas quanto as novas – e até 50 por cento mais baratas – poderia minar sua subsidiária Aviall, segundo o consultor Robert Mann da R.W. Mann Co. em Port Washington, Nova York. A Aviall é a maior vendedora internacional de peças novas de aviões.

6.000 aviões comerciais

O atrativo vem dos 6.000 aviões comerciais que deverão sair de serviço durante os próximos dez anos devido à chegada de novos modelos que prometem aumentar a economia de combustível, como o 737 Max da Boeing e o A320neo da Airbus Group NV, segundo um estudo encarregado pela Associação de Reciclagem de Frotas de Aviões (AFRA).

A Boeing foi uma das fundadoras da associação do setor, com sede em Washington, em 2006.

Peças retiradas da estrutura de um avião de corredor único como um 737 estão cotadas em média em US$ 1,5 milhão, e componentes de um modelo de fuselagem larga normalmente valem US$ 2,5 milhões, segundo um estudo da AFRA e da consultoria TeamSAI, com sede em Atlanta.

Os motores são valiosos, e rendem em média US$ 1,5 milhão para os modelos menores e US$ 6 milhões para os aviões de corredor duplo.

Alguns concorrentes e clientes da Boeing já possuem unidades ativas de desmontagem e comercialização de peças.

A Airbus, com sede em Toulouse, França, possui uma participação na Tarmac Aerosave, empresa francesa que armazena, conserta e destrói aviões.

A Bombardier, com sede em Montreal, trabalha junto com a Magellan Aviation Group para desmantelar aviões velhos, como o jato regional CRJ100, e os dois maiores locadores, a AerCap Holdings e o braço de leasing de aviões da General Electric, também estão envolvidos no desmantelamento de aviões.

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