Negócios

Blockbuster tenta comprar a 2ª maior rede de varejo de eletrônicos dos EUA

Oferta pode chegar a 1,35 bilhão de dólares e reforça a tentativa da empresa de locação de filmes em ampliar sua área de atuação

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

Enquanto no Brasil a Blockbuster perde espaço nas próprias lojas - desde a compra pelas Lojas Americanas, as prateleiras de DVDs encurtaram para dar lugar às guloseimas vendidas pela empresa brasileira -, nos Estados Unidos, a rede de locadoras tenta ampliar sua área de atuação, com uma oferta não-solicitada de aquisição à segunda maior rede de varejo de eletrônicos do país, a Circuit City.

Em carta enviada em 17 de fevereiro ao executivo-chefe da Circuit City, Philip Schoonover, mas divulgada somente nesta segunda-feira (14/04), a maior rede de aluguel de filmes dos EUA oferece pagar de 1,01 a 1,35 bilhão de dólares pela companhia, que há mais de um ano vem enfrentando dificuldades financeiras.

O valor de compra foi definido pelo cálculo de que cada ação da Circuit City valeria de 6 a 8 dólares, mais que o dobro do valor de fechamento da última sexta-feira (3,90 dólares). Com a notícia, os papéis da rede de eletrônicos dispararam 55% antes mesmo da abertura do pregão da Bolsa de Nova York, nesta segunda-feira, e alcançaram o valor unitário de 5,65 dólares. A elevação recupera boa parte dos 79% de desvalorização registrados pela companhia nos últimos 12 meses.

Apesar do reflexo positivo, a negociação ainda não caminhou. Segundo executivos da Blockbuster, a Circuit City reluta em oferecer a abertura necessária para a realização de uma auditoria (due diligence), condição essencial para uma oferta definitiva de aquisição. A rede de eletrônicos, por sua vez, informou numa declaração formal que ainda não está convencida da capacidade da potencial compradora em levantar fundos para o negócio.

A divulgação tardia da proposta foi uma forma de a Blockbuster pressionar por um avanço nas discussões. Segundo a empresa, "os acionistas da Circuit City devem ter a oportunidade de participar da definição do destino da companhia". Em comunicado, a rede de locadoras afirma ainda que "uma vez que a Blockbuster tem outras oportunidades estratégicas", a manutenção da proposta está condicionada a um "início em tempo hábil" do processo de auditoria.

Novo foco da Blockbuster

A proposta de aquisição surge seis semanas depois de um dos principais investidores da Circuit City, Mark Wattles, declarar que queria a deposição do executivo-chefe da empresa e a busca de possíveis compradores. O elevado clima de tensão dentro da empresa reflete a diminuição crescente do volume de vendas nas lojas e o distanciamento cada vez maior em relação à líder do setor no mercado americano, a Best Buy. Após cinco trimestres consecutivos de prejuízo, a Circuit City só voltou a ter lucro no quarto trimestre de 2007, após tomar medidas drásticas, como a demissão dos funcionários de salários mais elevados.

Para a Blockbuster, o momento de fraqueza da Circuit City deve representar uma oportunidade de entrar no novo setor com investimento relativamente baixo e já no controle de uma grande competidora. Nos Estados Unidos, a rede de eletrônicos conta com 693 lojas próprias, enquanto na Canadá, o número de pontos de venda, incluindo os outlets, chega a 779. Ambos os números têm crescido nos últimos meses, apesar das turbulências na empresa, graças à estratégia da companhia de instalar lojas de menor porte.

A aquisição reforçaria os esforços da Blockbuster para ampliar seu faturamento a partir de outras fontes além da locação de DVDs, diante de um cenário cada vez mais desfavorável para esse modelo de negócios, nos EUA. Uma das alternativas encontradas até agora foi o reajuste da tarifa de aluguel de filmes via internet, uma vez que o meio eletrônico é o principal responsável por roubar clientes da locação presencial.

Segundo a nota da Blockbuster, uma fusão também traria ganhos de sinergia. "A combinação das duas companhias resultaria num empreendimento global de varejo, com valor de 18 bilhões de dólares e uma posição única para capitalizar sobre a crescente convergência entre as indústrias de produção de conteúdo e de aparelhos eletrônicos", diz a empresa.

Analistas ouvidos pela agência de notícias Bloomberg questionam, no entanto, a possibilidade de o negócio trazer ganhos reais. "É uma atitude precipitada. A sinergia entre uma locadora de vídeos e uma loja de eletrônicos não é tão óbvia assim", afirma o analista de varejo da consultoria Pali International, de Londres, Nick Bubb.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Negócios

Veja o que a Revo faz para garantir segurança em dobro a bordo de seus helicópteros

No "Vale da Eletrônica", evento de inovação e negócios deve movimentar mais de R$ 30 mi

Em busca dos R$ 4 bilhões em receita, farmacêutica paranaense dá primeiro passo para ir para fora

ApexBrasil e EXAME lançam o prêmio Melhores dos Negócios Internacionais 2024. Inscreva-se

Mais na Exame