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Biosev segue investindo e visa ganhar com virada do mercado

A Biosev não obtém um lucro operacional desde 2011 e reportou novo prejuízo de 265 milhões de reais no primeiro trimestre da safra 2015/16


	Fumaça sai da chaminé de fábrica da Biosev para o processamento de cana de açúcar: "Eu não posso falar pelos outros (grupos), mas nós temos uma estratégia de longo prazo e acreditamos que, para que funcione, é fundamental manter os investimentos", afirmou o presidente-executivo
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Fumaça sai da chaminé de fábrica da Biosev para o processamento de cana de açúcar: "Eu não posso falar pelos outros (grupos), mas nós temos uma estratégia de longo prazo e acreditamos que, para que funcione, é fundamental manter os investimentos", afirmou o presidente-executivo (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 26 de agosto de 2015 às 15h49.

São Paulo - A Biosev, segunda maior processadora mundial de cana, tem resistido a adotar cortes em investimentos, diferentemente de outras companhias do setor no país, apostando que poderá lucrar quando o mercado de açúcar e etanol se recuperar após anos de preços baixos e excesso de oferta.

A Biosev, que é controlada pela trading e processadora de alimentos francesa Louis Dreyfus, não obtém um lucro operacional desde 2011 e reportou novo prejuízo de 265 milhões de reais no primeiro trimestre da safra 2015/16, perda 79 por cento maior que no ano anterior.

Mas a empresa ainda assim investiu 226 milhões de reais no período, mantendo programas de renovação de canaviais, inserindo novas e mais produtivas variedades de cana e ampliando a mecanização da operação agrícola, visando ter uma estrutura modelo para ganhar quando os mercados virarem, disse à Reuters o presidente-executivo Rui Chammas, durante um dos eventos da feira Fenasucro.

"Eu não posso falar pelos outros (grupos), mas nós temos uma estratégia de longo prazo e acreditamos que, para que funcione, é fundamental manter os investimentos", afirmou.

"Isso para mim é o básico. Quando não começa a fazer isso bem, você vai ter uma conta pra pagar lá na frente. Então, estamos trabalhando, buscando produtividade no campo, na otimização dos custos, buscando vender sempre bem, mas o básico eu não posso deixar de fazer", afirmou.

Formado em engenharia de infraestrutura aeronáutica pelo ITA (Instituto de Tecnologia da Aeronáutica), Chammas, que assumiu a Biosev em 2013, vê que o setor está prestes a sair de um longo período de transição.

"O setor hoje vive ressaca do sobreinvestimento que aconteceu entre 2002 e 2010. A gente investiu mais do que a demanda suportava", afirmou, acrescentando ver sinais positivos como o primeiro déficit global de açúcar desde 2010, esperado para 2015/16.

O prejuízo de 1,3 bilhão de reais reportado pela Biosev em 2014 colocou a empresa com as maiores perdas anuais entre as dez maiores companhias listadas do Brasil.

Mas Chammas diz ter o apoio integral dos controladores para manter a estratégia traçada.

A empresa possui quase 100 por cento de mecanização de seus canaviais e iniciou recentemente o uso de drones para verificar falhas no plantio de cana, buscando obter cada vez maiores rendimentos agrícolas.

A Biosev registrou um aumento de 13 por cento no peso de cana por hectare no primeiro trimestre, na comparação com igual período anterior, como resultado de melhorias nos canaviais e também de um clima mais favorável.

Guidance confirmado

Chammas confirmou guidance de buscar moagem de até 32 milhões de toneladas na safra 2015/16, dizendo que o processamento da safra está sendo realizado de forma bastante satisfatória até o momento.

A empresa elevou o volume de cana destinado para a produção de etanol de 48,7 para 50,6 por cento neste ano, consequentemente reduzindo a destinação para produção de açúcar de 51,3 para 49,4 por cento.

O presidente-executivo disse que o momento para o etanol segue bastante positivo no mercado local, que registra forte demanda, e afirmou também ter fechado negócios de exportação, tanto para os Estados Unidos como para a Ásia. Mas não quis revelar volumes.

O real mais fraco tem possibilitado mais operações de exportação de etanol por parte de companhias brasileiras.

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