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BHP avalia como improvável retomada da Samarco em 2019

Samarco depende de um acordo com o Ministério Público de Minas Gerais para iniciar obras de construção de novo sistema de rejeitos de minério em Mariana

Samarco: executivo afirmou que a homologação de um acordo entre Samarco e autoridades sobre modelo de governança para a reparação dos atingidos criou ambiente estável para o trabalho e as negociações em andamento (Douglas Magno/AFP Photo/AFP)

Samarco: executivo afirmou que a homologação de um acordo entre Samarco e autoridades sobre modelo de governança para a reparação dos atingidos criou ambiente estável para o trabalho e as negociações em andamento (Douglas Magno/AFP Photo/AFP)

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Reuters

Publicado em 21 de agosto de 2018 às 14h47.

Última atualização em 21 de agosto de 2018 às 14h50.

São Paulo - Há pouca probabilidade de a mineradora Samarco, uma joint venture entre a Vale e BHP Billiton, retomar as operações no próximo ano, embora espere obter todas licenças exigidas, disse a BHP nesta terça-feira.

A declaração confirmou comentários feitos por um outro executivo da BHP, Bryan Quinn, em entrevista ao jornal Valor Econômico.

Quinn, presidente das joint ventures não operadas da anglo-australiana BHP, disse à Reuters em uma outra entrevista que a Samarco ainda depende de um acordo com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para iniciar as obras de construção de um novo sistema de rejeitos de minério de ferro em Mariana (MG).

Isso apesar de a empresa ter recebido do órgão ambiental estadual, há oito meses, sinal verde para as obras.

Quinn explicou que as negociações com a autoridade já evoluíram, mas um termo de compromisso não foi assinado até o momento.

"Estamos esperando por isso", disse o executivo.

A Samarco está com as operações paralisadas desde 2015, quando o rompimento de uma barragem de rejeitos deixou 19 mortos, centenas de desabrigados e poluiu o rio Doce, que percorre diversas cidades até chegar ao litoral do Espírito Santo.

Quinn, entretanto, evitou entrar em detalhes sobre quais os termos que estão sendo negociados.

Procurado pela Reuters, o MPMG preferiu não dar informações, uma vez que as negociações ainda estão ocorrendo em sigilo.

A construção do sistema de rejeitos, que será feita em uma cava de mineração exaurida chamada Alegria Sul, é um dos passos importantes para que a empresa possa retornar as suas atividades.

A companhia obteve em dezembro de 2017 as licenças prévia e de instalação do Sistema de Disposição de Rejeitos Cava Alegria Sul, visando o retorno às operações.

Quinn explicou que, após a conclusão do acordo com o MPMG, as obras de preparação da cava vão demandar ainda pelo menos dez meses. A empresa também ainda precisará obter a licença de operação da cava.

Além disso, o processo de licenciamento de Alegria Sul não é o único em curso para o retorno das atividades.

A empresa precisa também de um licenciamento mais complexo, que envolve todo o Complexo de Germano, onde estão as operações de mineração da empresa. Ambos os processos ocorrem concomitantemente.

Em declaração recente, a Samarco disse que prevê obter em 2019 todas as licenças necessárias para retomar sua produção de minério de ferro em Mariana. Quinn evitou fazer suas próprias previsões, frisando que muitas etapas precisam ser concluídas.

A retomada da produção será gradual e com capacidade reduzida, conforme as empresas já informaram anteriormente. A capacidade total da Samarco era de 30,5 milhões de toneladas de pelotas de minério de ferro por ano antes de suas operações terem sido interrompidas.

O executivo reiterou ainda que o ativo é muito interessante e que a empresa está bastante disposta a buscar o retorno às atividades.

Sobre os trabalhos de reparação e indenização dos atingidos pelo rompimento da barragem, o executivo afirmou que a homologação, neste mês, de um acordo entre Samarco e autoridades sobre modelo de governança para a reparação dos atingidos criou um ambiente mais estável para o trabalho e as negociações em andamento.

O acordo, assinado em 25 de junho entre a Samarco e suas acionistas (BHP Billiton e Vale), Ministério Público e órgãos dos governos federal, do Espírito Santo e de Minas Gerais, extinguiu uma ação de 20 bilhões de reais movida contra as companhias.

Também manteve suspensa uma ação de 155 bilhões de reais, movida pelo MP, enquanto todas as partes permanecem em negociações, com o objetivo de fechar um acordo mais complexo dentro dos próximos dois anos.

Com reportagem adicional de Jake Spring

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