Exame Logo

Bens são apreendidos do "bilionário negativo" Eike Batista

Na manhã de hoje, a PF apreendeu 7 carros, R$ 90 mil em dinheiro e até o celular de Eike Batista, no momento em que o empresário tenta quitar dívidas

Eike Batista: Eike, cuja fortuna chegou a US$ 35 bilhões em 2012, está no vermelho em US$ 1,2 bilhão (Fred Prouser / Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2015 às 17h19.

São Paulo - A Polícia Federal realizou buscas na mansão do bilionário Eike Batista no Rio de Janeiro, hoje pela manhã, e apreendeu sete veículos, seu telefone celular e R$ 90.000 em dinheiro, entre outros ativos.

A operação foi deflagrada depois que o juiz Flávio Roberto de Souza ordenou, nesta semana, a apreensão de ativos financeiros de Eike, de dois de seus filhos, de sua ex-esposa e da mãe de seu terceiro filho no julgamento pelas supostas práticas de insider trading e manipulação de mercado.

A ação de Souza surge em momento em que Eike, de 58 anos, enfrenta dificuldades para quitar dívidas com bancos e com o fundo soberano Mubadala Development Co. Quatro das startups que ele fundou, como parte do grupo EBX, foram à falência.

A primeira delas foi sua empresa principal, a OGX -- agora conhecida como OGPar --, em outubro de 2013, seguida pelo estaleiro OSX, pela mineradora MMX e pela companhia de energia Eneva, antes conhecida como MPX.

Eike, cuja fortuna chegou a US$ 35 bilhões em 2012 antes de seu império de commodities e logística desmoronar, está no vermelho em US$ 1,2 bilhão, segundo o Bloomberg Billionaires Index, o que lhe dá a rara distinção de “bilionário negativo”.

“Tudo o que ele tem agora são dívidas”, disse Marcelo Battisti, um ex-gerente de crédito do Banco Itaú que atualmente dirige sua própria firma de consultoria. “Em condições normais, tornar-se um bilionário negativo é quase impossível, porque a maioria dos bilionários tende a não assumir um monte de dívidas. Você acha que o Bill Gates tem hipoteca?”.

Garantias pessoais

Embora Donald Trump se orgulhe de ter tido um patrimônio de “menos US$ 900 milhões” nos anos 1990, poucos bilionários chegaram tão fundo quanto Eike.

Em seu caminho para se tornar a oitava pessoa mais rica do mundo, Eike prometeu ultrapassar o mexicano Carlos Slim e ser o mais rico. Ele disse ao jornal Folha de São Paulo, em setembro, que estava no vermelho em US$ 1 bilhão.

Em 2012, Eike garantiu pessoalmente US$ 1 bilhão em empréstimos com o BNDES para suas empresas de capital aberto. Ele vendeu ações na MMX, na Prumo e na AUX, de capital fechado, para ajudar a quitar dívidas com bancos e com a Mubadala.

Esta última converteu seu investimento de capital em dívida em 2013.

Souza disse no dia 4 de fevereiro que ordenou a apreensão de todos os ativos financeiros do ex-magnata no Brasil, assim como imóveis avaliados em R$ 1,5 bilhão (US$ 542 milhões) pertencentes a Eike, aos seus filhos Thor e Olin, à sua ex-esposa Luma de Oliveira, musa do carnaval, e à advogada Flávia Sampaio, mãe de seu terceiro filho.

Souza disse que familiares e ex-parentes de Batista haviam se beneficiado com presentes dados pelo ex-bilionário.

Barcos, aviões

O juiz também ordenou a apreensão do barco e de aviões de Eike e exigiu informações sobre o conteúdo de suas contas bancárias, segundo uma cópia da decisão, obtida pela Bloomberg News.

A ação expandiu a apreensão de ativos de Eike depois que Sampaio foi atrás de suas contas bancárias em setembro e congelou pelo menos US$ 50 milhões que ele mantinha em um fundo.

A Polícia Federal foi à mansão de Eike Batista hoje pela manhã para executar a ordem de Souza. A corporação postou em seu site uma foto do Lamborghini do ex-bilionário sendo guinchado juntamente com um comunicado sobre a operação.

Porta-vozes da EBX Group Co., pertencente a Eike, e do Tribunal Federal do Rio de Janeiro preferiram não comentar. Flávia Sampaio e os advogados de Batista não responderam imediatamente aos pedidos de comentários feitos por telefone e e-mail.

Eike foi acusado pela Comissão de Valores Mobiliários de insider trading na venda de ações de sua empresa petrolífera antes de ela entrar em colapso.

Seus advogados disseram que ele vendeu as ações para pagar o credor Mubadala e não porque previu fracassos no projeto, segundo documentos judiciais.

Despesas diárias

Sérgio Bermudes, um advogado civil que diz coordenar as relações judiciais de Eike, disse em setembro que as acusações não têm fundamento. Bermudes disse na época, em entrevista, que Eike tinha apenas o suficiente em suas contas para cobrir despesas do dia a dia.

Souza suspendeu uma segunda audiência do julgamento de Eike que estava marcada para dezembro para estudar a combinação do caso com uma acusação similar contra Batista aberta no estado de São Paulo.

Neste caso, os promotores alegam que as projeções do magnata para a produção de petróleo da OGX eram baseadas em informações falsas a respeito do potencial de suas reservas. Eike negou qualquer irregularidade.

Se culpado, Batista poderá se tornar a primeira pessoa no Brasil a ser presa por crimes no mercado de capitais, mas o julgamento não o impediu de procurar novos empreendimentos. A empresa farmacêutica sul-coreana C.L. Pharm anunciou em seu site um acordo de desenvolvimento com a EBX, de Eike, por US$ 12 milhões, no ano passado.

A empresa é especializada em produtos para refrescar o hálito e tratar disfunção erétil.

São Paulo – O empresário Eike Batista , que já foi o sétimo homem mais rico do mundo pela Forbes, se desfaz hoje de uma série de ativos com o objetivo de acertar as contas com os credores ou, pelo menos, economizar um pouco. O mais recente deles foi o Hotel Glória, vendido pra o grupo suíço Acron, e parte da CCX para a turca Yildirim. A seguir, relembre quais negócios tiveram que ser passados para frente por ele desde a decadência de seu império X no ano passado.  * Atualizado às 9h, do dia 4/02
  • 2. CCX

    2 /11(Divulgação)

  • Veja também

    Na segunda-feira, 03 de fevereiro, Eike assinou um acordo para vender ativos da empresa de carvão CCX na Colômbia para a turca Yildirim por 125 milhões de dólares. O valor é 72% abaixo do previsto em um memorando assinado entre as duas companhias no final de outubro, de 450 milhões de dólares.
  • 3. OGX (agora OGP)

    3 /11(Divulgação)

  • A Óleo e Gás Participações, ex- OGX , está atualmente tendo suas documentações analisadas pela agência reguladora do setor de petróleo. O objetivo é saber se a companhia tem capacidade financeira para manter blocos exploratórios sob concessão. Rebatizada de OGP, a petroleira entrou em recuperação judicial em 30 de outubro, com dívidas de quase 14 bilhões de reais – trata-se do maior processo de recuperação judicial já feito na América Latina.
  • 4. MMX

    4 /11(Rich Press/Bloomberg)

    A companhia holandesa Trafigura é o novo dono do principal ativo da mineradora MMX desde setembro, quando pagou 400 milhões de dólares por 65% do Porto Sudeste, em Itaguaí, no Rio de Janeiro. A companhia já vendeu ativos no Chile para a chilena Cooper Mining e ainda colocou outros em seus classificados, segundo informações divulgadas pelo mercado – o sistema Serra Azul, em Minas Gerais, é um dos que estaria à venda.
  • 5. LLX (agora Prumo)

    5 /11(Divulgação)

    Desde outubro, a empresa de logística de Eike mudou de comando e, pouco tempo depois, também de nome. A companhia, cujo principal ativo é o Porto de Açú, no Rio de Janeiro, foi vendida para o grupo EIG, que irá injetar 1,3 bilhão de reais na reestruturação da empresa, agora rebatizada de Prumo. Com a venda, o empresário viu sua fatia cair de estimados 53% para 21%.
  • 6. OSX

    6 /11(Divulgação)

    Uma das empresas mais dependentes da petroleira OGX, a OSX teve uma série de pedidos de plataforma de construção naval cancelados pela petroleira do mesmo grupo, motivo pelo qual passou a atrasar o pagamento de fornecedores. O BTG estaria negociando a venda do estaleiro desde julho, inclusive com conversas com Jurong e a Fels, ambos de Cingapura, e a Odebrecht, mas nada foi fechado por enquanto. A empresa segue em recuperação judicial, com uma dívida bilionária.
  • 7. Pink Fleet

    7 /11(Divulgação)

    O luxuoso iate do empresário, o Pink Fleet, era usado para eventos corporativos e passeios turísticos na Baía de Guanabara até ter de entrar no acerto de contas de Eike com os credores. Porém, a venda não gerou interesse e passou-se a cogitar então a doação do iate para a Marinha – que também rejeitou a oferta. No fim das contas, Pink Fleet deve virar sucata – ao menos para reduzir os custos elevados de mantê-lo funcionando.
  • 8. Rock in Rio

    8 /11(Buda Mendes/Getty Images)

    Roberto Medina já afirmou em alto e bom que não quer mais Eike como sócio no festival Rock in Rio e até já já contratou o BTG Pactual para tocar a negociação. O que o empresário não sabia, no entanto, era que Eike teria oferecido sua fatia de 50% no festival ao fundo Mubadala como garantia de empréstimos, de acordo com a coluna Radar, de Veja.
  • 9. Marina da Glória

    9 /11(GettyImages)

    No início de março, a MGX Empreendimentos Imobiliários e Serviços Náuticos, do empresário, já havia anunciado que a Marina da Glória, no Rio de Janeiro, passaria por uma reformulação e seria liderada por uma nova equipe. Meses depois, no final de setembro, o controle do negócio já tinha mudado de mãos. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou sem restrições a venda do controle para uma holding do setor, a BRM Holding de Investimento Glória.
  • 10. Jato

    10 /11(Divulgação/Gulfstream)

    Ainda em janeiro, o empresário teria vendido seu jato Gulfstream 550 a um milionário chinês por 41 milhões de dólares. Vale lembrar que ex-homem mais rico do Brasil chegou a ter uma frota de seis jatos e helicópteros. Agora, só sobrou o helicóptero Agusta Grand, também à venda.
  • 11. Agora, veja os 10 bilionários que mais perderam dinheiro em 2013

    11 /11(Flickr)

  • Acompanhe tudo sobre:BilionáriosEBXEike BatistaEmpresáriosEmpresasEnevaGás e combustíveisIndústria do petróleoMMXOGpar (ex-OGX)OSXPersonalidadesPetróleo

    Mais lidas

    exame no whatsapp

    Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

    Inscreva-se

    Mais de Negócios

    Mais na Exame