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BCE pede resgate de 8,8 bilhões de euros ao Monte dei Paschi

O governo anunciou na semana passada um plano de resgate que fará do Tesouro público o principal acionista do banco

Monte dei Paschi: na Bolsa de Milão, o título BMPS está suspenso desde a sexta-feira (Alessia Pierdomenico/Bloomberg)
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AFP

Publicado em 27 de dezembro de 2016 às 09h35.

Última atualização em 27 de dezembro de 2016 às 14h36.

O Banco Central Europeu (BCE) solicitou um plano de resgate de 8,8 bilhões de euros para o banco Monte dei Paschi di Siena (BMPS), frente aos 5 bilhões previstos inicialmente, operação que deverá ser financiada essencialmente com fundos públicos italianos.

O banco italiano disse ter recebido essa informação do BCE através das cartas enviadas aos ministérios das Finanças e Economia italianos.

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O governo anunciou na semana passada um plano de resgate que fará do Tesouro público o principal acionista do banco.

Os empréstimos duvidosos pesam sobre a terceira instituição financeira da Itália, o banco mais antigo do mundo, fundado em Toscana durante a Idade Média.

No dia 23 de novembro, o BCE calculou que o banco italiano precisava de um capital de 5 bilhões de euros, mas com base nos resultados dos testes de resistência realizados em 2016 considera que a cifra deve ser maior, de 8,8 bilhões de euros.

A liquidez do banco se deteriorou rapidamente entre 30 de novembro e 21 de dezembro.

O banco toscano se encontrava no grupo de 51 bancos europeus avaliados em função dos testes.

O jornal financeiro italiano "Il Sole 24 Ore", calcula em sua edição desta segunda-feira que o Estado italiano deverá investir "cerca de 6 bilhões de euros".

O resto deve vir principalmente da conversão forçada das ações, pagas a 75% de seu valor nominal aos investidores institucionais e a 100% aos 40.000 poupadores.

"O banco será na prática nacionalizado, já que mais de 67% vai terminar nas mãos do Estado", calcula "Il Sole 24 Ore".

O jornal italiano classifica de "tratamento grego" o resgate que será aplicado ao BMPS.

O governo italiano aprovou na madrugada de sexta-feira passada durante uma reunião extraordinária um decreto que autoriza o ministério do Tesouro a se transformar no maior acionista do Banco Monte dei Paschi di Siena (BMP).

A decisão foi tomada após o fracasso da entidade em sua tentativa de captar os 5 bilhões de euros necessários para sua recapitalização.

Título suspenso

Na Bolsa de Milão, o título BMPS está suspenso desde a sexta-feira.

Para o italiano Ignazio Angeloni, da junta que supervisiona o BCE, "a intervenção pública de um banco é sempre a última opção, sujeita a normas muito restritas", assegurou.

"Os dirigentes do banco italiano têm trabalhado nos últimos meses em várias soluções, temos acompanhado de perto seu trabalho", disse Angeloni, que considera que a intervenção do Estado "era necessária", admitiu em entrevista ao jornal La Stampa.

Fundado em Siena em 1472 para ajudar os pobres, o BMPS se desenvolveu até se tornar a terceira instituição financeira italiana.

O BMPS navega em águas turbulentas há anos. Debilitado pela desastrosa aquisição do banco Antonveneta em 2007 e por um escândalo de desfalque de fundos, acumulou prejuízos (14 bilhões de euros entre 2011 e 2015) e teve que realizar dois aumentos de capital, por um total de 8 bilhões de euros, dinheiro que já evaporou.

A delicada operação marca o início de um resgate do sistema bancário da península, um dos mais frágeis da Europa.

O Parlamento italiano aprovou na semana passada a criação de um fundo de 20 milhões de euros para o resgate dos bancos com problemas, o que provavelmente aumentará a dívida pública.

O setor bancário italiano preocupa a Europa devido à sua fragmentação, com 700 sedes, o elevado número de empréstimos duvidosos(360 bilhões de euros, ou seja, quase um terço do total da zona do euro ) e sua insuficiente capitalização.

O decreto aprovado oferece uma compensação aos pequenos poupadores pela desvalorização de seus bônus pela conversão forçada dos títulos do BMPS durante o processo de recapitalização preventiva.

No ano passado, o resgate com fundos públicos de quatro bancos pequenos se traduziu em fortes perdas para milhares de poupadores, o que provocou protestos e pelo menos um suicídio.

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