Banco do Brasil: segundo Raul Moreira, vice-presidente de Negócios de Varejo do BB, banco enfrentava dificuldade ao negociar com empresas de cartões, pois seguem padrões internacionais que não atendem às peculiaridades locais (ALAN MARQUES)
Da Redação
Publicado em 21 de junho de 2015 às 09h32.
São Paulo - O Banco do Brasil e a Ceitec, vinculada ao Ministério da Ciência, firmaram acordo para desenvolver e produzir chips para cartões de débito ou crédito no Brasil com tecnologia local. A parceria, que nasceu da necessidade de desenvolver soluções que esbarravam em padrões internacionais com os fabricantes, visa fornecer chip para os plásticos do banco público que somam 80 milhões e ainda as coligadas Elo, bandeira local com Bradesco e Caixa, e Alelo, da área de vouchers de alimentação e refeição. Por ano, o BB emite de dois a quatro milhões de plásticos.
O plano de negócios do acordo começa a ser desenhado agora, de acordo com Raul Moreira, vice-presidente de Negócios de Varejo do BB, e deve ser concluído até o final deste ano. Nele, o banco e a Ceitec vão definir números de produção almejados, economia de custos com a detenção da tecnologia local e ainda a divisão das receitas.
"O objetivo do BB não é financeiro, mas deter a tecnologia local e oferecer às suas coligadas, possibilitando a oferta de soluções customizadas aos nossos cartões", disse Moreira, durante o CIAB 2015, promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
O acordo não foi estendido ao Bradesco, de acordo com o executivo, mas está aberto a outros bancos interessados. O objetivo é desenhar soluções que antes não eram possíveis via parceiros internacionais. Segundo Moreira, o BB enfrentava dificuldade na hora de negociar com essas empresas uma vez que seguem padrões internacionais que não, necessariamente, atendem às peculiaridades locais. Dentre elas, ele citou a inclusão de várias modalidades de cartões em um mesmo chip, programas de fidelidade e ainda uma espécie de etiqueta que substitui os cartões tradicionais e que contém um chip, os chamados stickers.
De acordo com Marcelo Lubaszewski, presidente da Ceitec, a empresa tem capacidade e expertise para fazer a entrega dessas soluções. Criada há seis anos, a companhia é pública e atua no segmento de semicondutores, desenvolvendo soluções para identificação automática. Além disso, é responsável pela produção dos chips que serão inseridos nos passaportes dos brasileiros a partir do ano que vem. "Vamos criar um ciclo virtuoso de inovação ao determos a tecnologia dos chips financeiros. Vamos produzir soluções sob medida, novas funcionalidades, com segurança e rapidez", afirmou Lubaszewski, em conversa com jornalistas.
O mercado brasileiro conta atualmente com 200 milhões de cartões com chips. Da base do BB, de 80 milhões, mais de 90% têm o dispositivo, conforme o vice-presidente do banco. Essa base deve ser migrada para os novos chips a serem desenvolvidos com a Ceitec, entretanto, o banco vai continuar adquirindo soluções internacionais, segundo ele. O BB, via licitações, compra chips de empresas como a Valid, Gemalto e outras.
A substituição por plásticos com chips com tecnologia local, de acordo com Moreira, ocorrerá de maneira gradual tanto com mudanças preventivas, por demanda do cliente ou também de forma ativa por parte do banco para a inserção de uma nova funcionalidade. "Renovamos 25% da nossa base ao ano e conseguimos rodá-la por completo de maneira fácil e rápida", acrescentou o executivo.