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Bayer separa divisão química para focar em saúde e agro

Atualmente, 70% das vendas e 90% da lucratividade do grupo estão nessas duas divisões, segundo executivo do grupo

Fábrica da Bayer: empresa está acelerando investimentos em pesquisa e desenvolvimento de medicamentos (Lars Baron/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2014 às 10h31.

São Paulo - O grupo alemão Bayer anunciou nesta quinta-feira, 18, que pretende separar sua divisão química do restante da companhia. O conglomerado quer se concentrar inteiramente nos negócios de ciências da vida (saúde humana e animal) e CropScience (agronegócios).

"“Vamos crescer como uma companhia voltada para ciências da vida. Atualmente, 70% das vendas e 90% da lucratividade do grupo estão nessas duas divisões"”, disse ao jornal "O Estado de S. Paulo" Kemal Malik, o principal executivo de inovação da Bayer e membro do conselho do grupo.

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A companhia pretende listar no mercado de ações seu negócio de polímeros (plásticos), menos lucrativo, nos próximos 12 a 18 meses. Essa oferta pública poderá levantar entre 10 bilhões e 11 bilhões de euros no mercado, segundo analistas ouvidos pela Reuters.

Nos últimos anos, a companhia começou a se desfazer globalmente de negócios voltados para especialidades químicas, que já não garantiam alta rentabilidade e que nos últimos meses perderam competitividade para o “shale gas” (gás de xisto). “

Essa divisão tem uma boa geração de caixa, mas não estamos em um ambiente muito competitivo e sofremos forte concorrência da China”, disse Malik, reafirmando que o futuro da companhia será voltado para ciências da vida.

Nesse sentido, segundo o executivo, a Bayer está acelerando investimentos em pesquisa e desenvolvimento de medicamentos. “Temos cinco importantes produtos que podem gerar receita (futura) de 7,5 bilhões de euros”, disse. Uma das principais apostas é o Xarelto (anticoagulante), que sozinho pode alcançar vendas globais de 3,5 bilhões de euros. Outros produtos, como Elya (degeneração macular úmida), Adempas (hipertensão pulmonar), Xofigo (câncer de próstata) e Stilvarga (câncer colo retal) compõem o novo portfólio.

“As apostas são em P&D para desenvolvimento de drogas com alto potencial de inovação. À medida que essas drogas chegam ao mercado, levam a Bayer para uma longa jornada rumo a um crescimento sustentável.” A companhia investe mais de 3 bilhões de euros em inovação e possui uma equipe de 13 mil pessoas no mundo dedicadas à pesquisa.

Em maio, o grupo alemão anunciou a aquisição da unidade de bens de consumo da Merck, por US$ 14,2 bilhões. Com essa transação, a Bayer tornou-se a segunda maior fabricante de medicamentos sem prescrição do mundo, atrás da Johnson & Johnson.

“Foi uma aquisição consistente, uma vez que a nossa estratégia é se consolidar na área de ‘consumer care’. Recentemente, GSK e Novartis anunciaram uma joint venture para atuar na área de medicamentos isentos de prescrição. Esse é um ‘core business’ para nós. Faz parte desse movimento de consolidação. Temos que olhar que muitas indústrias aderiram a essa tendência porque precisam ampliar seu portfólio com novos produtos”, afirmou Malik.

Brasil

A Bayer deverá investir R$ 200 milhões no País, afirmou Theo Van der Loo, presidente da companhia no Brasil. Recentemente, a companhia fez aquisições para avançar no segmento de sementes, sobretudo de grãos. Novos negócios estão no radar da companhia.

No ano passado, a subsidiária brasileira registrou faturamento de R$ 7 bilhões. A divisão Cropscience (defensivos agrícolas) abocanha a maior parte da receita: 62,5% do total, com R$ 4,4 bilhões em vendas, um aumento de 41% sobre 2012. O Brasil é o segundo maior mercado para a Bayer na divisão Cropscience, atrás dos Estados Unidos. Os dois países têm forte vocação agrícola.

Mas a divisão química do grupo não vive um bom momento, segundo fontes. O complexo químico do conglomerado, localizado em Belford Roxo (RJ), tem sofrido, como boa parte das indústrias desse segmento, perda de competitividade.

Líder no País em contraceptivos (anticoncepcionais), a companhia, dona da Aspirina, produziu no ano passado cerca de 2 bilhões de pílulas, segmento que continua em expansão.

A Bayer deverá manter suas apostas em mercados emergentes, a despeito da retomada da economia de alguns países do hemisfério norte. “Nosso crescimento vem desses mercados. Crescemos nos EUA, mas também na China, México, Brasil e podemos investir em novos mercados”, disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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