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"Bancos estão asfixiando o setor automotivo", diz presidente da Anfavea

Em entrevista à EXAME, Luiz Carlos Moraes afirma que o momento é de "guerra" e que atitudes diferenciadas são necessárias

Luiz Carlos Moraes: "Instituições financeiras precisam oxigenar a economia, não asfixiá-la" (Anfavea/Divulgação)
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Juliana Estigarribia

Publicado em 6 de abril de 2020 às 14h11.

Última atualização em 6 de abril de 2020 às 16h18.

O setor automotivo mal se recuperou de uma forte crise e já está entrando em outra, causada agora pelos efeitos do novo coronavírus . Neste cenário, além da queda da demanda, a falta de ajuda por parte das instituições financeiras é a principal reclamação das empresas.

"Os bancos deveriam oxigenar a economia, mas em vez disso, estão asfixiando", afirma Luiz Carlos Moraes, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em entrevista à EXAME.

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A produção das montadoras, em março, recuou ao menor nível desde 2006 para o período. No mês passado, o volume produzido caiu 21%, para 190.000 unidades, em meio à paralisação de mais de 60 fábricas no país. No acumulado do primeiro trimestre, a produção recuou 16%.

Para Moraes, embora a percepção de risco tenha aumentado substancialmente na crise atual, o sistema financeiro precisa dar a sua contribuição. "Os bancosestão liberando limites curtos, com custo inaceitável. O momento é de guerra e medidas diferenciadas precisam ser tomadas."

Ele acrescenta que o Banco Central adotou medidas para aumentar a liquidez no mercado, mas que isso não chegou às empresas. "Não estamos pedindo subsídios, queremos só garantir a sobrevivência do setor."

Diferentemente de outras crises, as montadoras agora não podem mais contar com suas matrizes, uma vez que todos os mercados automotivos do mundo foram impactados pelo novo coronavírus.

Neste horizonte, Moraes afirma que a Anfavea está trabalhando com outras entidades setoriais como a de concessionárias (Fenabrave) e a de autopeças (Sindipeças) para buscar medidas junto ao governo federal que garantam ao menos a sobrevivência neste momento. "Estamos vivendo uma crise gravíssima".

Procurada, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirmou, em nota, que "as taxas de juros praticadas pelos bancos ficaram estáveis nas últimas semanas", mas que "houve uma revisão geral do risco das operações de crédito em função da pandemia".

A entidade acrescentou ainda que o Banco Central e o Ministério da Economia estão trabalhando para enfrentar a situação e anunciaram medidas importantes recentemente, mas mesmo assim, "a circulação de dinheiro ficou mais restrita".

Perspectivas

A Anfavea deve esperar para revisar as projeções de 2020. "Édifícil fazer qualquer estimativa neste momento. O que nós sabemos é que o segundo trimestre vai ser muito difícil para o setor", diz Moraes.

O dirigente acredita que as medidas de isolamento devem ser prorrogadas no país, o que terá um impacto direto nos números do setor, com fábricas e redes de concessionárias fechadas. "A queda vai ser substancial."

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