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Banco suíço UBS é julgado por fraude fiscal maciça na França

Suspeita-se que o grupo suíço capturou ilegalmente, entre 2004 e 2012, uma clientela rica e a encorajou a abrir contas não declaradas na Suíça

UBS: a França abriu a investigação sobre a UBS há seis anos, após antigos funcionários denunciarem o esquema (Matthew Lloyd/Bloomberg)

UBS: a França abriu a investigação sobre a UBS há seis anos, após antigos funcionários denunciarem o esquema (Matthew Lloyd/Bloomberg)

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AFP

Publicado em 8 de outubro de 2018 às 17h09.

O julgamento do banco suíço UBS teve início nesta segunda-feira, 8, na França, onde um tribunal em Paris deve determinar se esse gigante global da administração de fortunas executou um sistema maciço de evasão fiscal.

Suspeita-se que o grupo suíço capturou ilegalmente, entre 2004 e 2012, uma clientela rica e a encorajou a abrir contas não declaradas na Suíça.

Junto com o UBS e sua subsidiária francesa, há também seis altos funcionários do banco na França e na Suíça, incluindo Raoul Weil, que era o terceiro no comando.

O ex-número dois da UBS França, Patrick de Fayet, confessou sua culpa e pode ser julgado separadamente, segundo fontes judiciais.

Esta e outras disputas processuais poderiam fazer o julgamento ser adiado, indicaram advogados de defesa. Caso isso aconteça, o julgamento no Tribunal Penal de Paris vai durar até 15 de novembro.

Contabilidade dobrada

A França abriu a investigação sobre a UBS há seis anos, após antigos funcionários denunciarem o suposto sistema de contabilidade dobrada do banco para ocultar movimentos de capitais para a Suíça entre 2004 e 2012.

Ao todo, pelo menos 9,76 bilhões de euros foram ocultados da Receita francesa, segundo a unidade nacional de crimes financeiros.

A UBS será julgada por "captação bancária ilegal" e por "lavagem agravada das receitas procedentes da fraude fiscal". Sua filial francesa seria cúmplice nesses crimes.

A UBS AG não teria apenas ajudado essas pessoas a driblar a Receita, mas também realizado uma captação ilegal de clientes, já que não tinha licença para operar na França.

Para ocultar os movimentos de capitais ilícitos entre os dois países, o grupo suíço teria implementado uma contabilidade dobrada.

O banco pode ser sancionado com multa de "até metade do valor ou até metade dos fundos evadidos", de acordo com a legislação francesa.

Fora do tribunal, um ex-banqueiro norte-americano do UBS, Bradley Birkenfeld, distribuía cópias de seu livro "Lucifer's Banker".

Birkenfeld descobriu uma fraude colossal do UBS para ajudar cerca de 20 mil clientes a esconder bilhões de dólares das autoridades americanas entre 2002 e 2007, pelos quais o banco teve de pagar uma multa de US$ 780 milhões.

Sorrindo, o americano aconselhou sua leitura, "muito instrutiva", a um advogado do UBS, que respondeu que "não tinha encontrado tempo para lê-lo". "Claro, ele está ocupado", respondeu Birkenfeld.

Acusações infundadas

O UBS nega as acusações. O banco alega que sempre agiu em conformidade com a lei suíça e que não sabia se seus clientes estavam em dia com a Receita de seus países.

"O UBS finalmente terá a oportunidade de responder às acusações infundadas", disse o banco.

 

De acordo com documentos que as autoridades alemãs deram a investigadores franceses, os depósitos de cerca de 38.000 clientes franceses no UBS totalizaram cerca de 13 bilhões de francos suíços (12 bilhões de euros), disse uma fonte próxima ao caso à AFP.

Com sede em Zurique, o UBS oferece consultoria financeira e soluções bancárias para clientes ricos, institucionais e corporativos em todo o mundo, bem como para clientes particulares na Suíça.

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