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Banco dos irmãos Batista tem prejuízo de R$ 144 mi no 1º tri

Em 2016, o banco só fechou o ano no azul após uma curiosa operação de venda da marca "Banco Original" aos próprios donos por R$ 422 milhões

Joesley: o Banco Original abriu as portas em 2016 com a intenção de atrair clientes pela inovação e processos simplificados (Daniela Toviansky/Exame)

Joesley: o Banco Original abriu as portas em 2016 com a intenção de atrair clientes pela inovação e processos simplificados (Daniela Toviansky/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de junho de 2017 às 09h26.

Brasília - O braço financeiro do grupo J&F, o Banco Original, teve prejuízo de R$ 144,6 milhões nos três primeiros meses do ano e amargou o pior resultado dentre todas as 1.441 instituições financeiras em operação no Brasil, de acordo com dados do Banco Central.

Em 2016, o banco só fechou o ano no azul após uma curiosa operação de venda da marca "Banco Original" aos próprios donos por R$ 422 milhões. Sem a operação inusitada, teria prejuízo de R$ 322,12 milhões.

Em meio ao processo de expansão que levou o grupo J&F a se transformar no maior conglomerado privado do Brasil, Joesley e Wesley Batista uniram o gaúcho Banco Matone e o Banco JBS no início da década em um projeto ambicioso: abocanhar parte do bilionário mercado bancário de varejo. Para a empreitada, os irmãos goianos convidaram o conterrâneo e agora ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para liderar o projeto.

Com forte investimento em tecnologia e marketing, o Original abriu as portas em 2016 com a intenção de atrair clientes pela inovação e processos simplificados. Estimativas de concorrentes indicam que a casa teria mais de 230 mil clientes. Apesar disso, os resultados não aparecem.

Dados enviados pelo Original ao BC explicam o prejuízo: o banco gastou R$ 172,8 milhões em despesas administrativas e de pessoal entre janeiro a março.

O valor foi muito maior que os R$ 8,3 milhões obtidos das tarifas pagas pelos clientes. A receita, portanto, não cobriu nem 5% das despesas. Em grandes bancos, essas receitas chegam a cobrir até 80% dos gastos.

Procurado, o Original explicou que o prejuízo está dentro do esperado e não afeta o fôlego financeiro. "Alinhados à nossa proposta de negócio, realizamos significativos investimentos. O retorno, segundo nosso plano de negócios, está aderente às nossas expectativas e não impacta a nossa liquidez corrente ou os nossos compromissos", informou em nota.

Marca

Em 2016, o banco registrou prejuízo operacional de R$ 278,6 milhões. O balanço, porém, anunciou lucro líquido de R$ 43,6 milhões após uma operação inusitada: a casa vendeu o nome "Original" e dois endereços na internet para os próprios donos - a J&F Investimentos - por R$ 422 milhões que serão pagos em 36 parcelas. Em troca, o banco pagará 1% do resultado operacional à J&F como "royalties".

Ainda que o Original tenha recebido apenas a primeira parcela de R$ 11,7 milhões em 2016, a operação foi essencial para que a casa tivesse lucro contábil no ano passado - já que o valor total da operação foi declarado na rubrica "resultado não operacional". Sem essa transação, o prejuízo do banco teria ultrapassado R$ 322 milhões.

Independentemente do prejuízo, o banco dos irmãos Batista acabou sendo afetado pelo entorno conturbado após as acusações de Joesley. Clientes chegaram a sacar mais de R$ 30 milhões nos primeiros dias após a divulgação da conversa entre o sócio controlador do grupo J&F e o presidente Michel Temer.

O tema foi seguido de perto pelo Banco Central e um auditor permaneceu duas semanas acompanhando a operação diariamente. A retirada de recursos, porém, parece relativamente pequena diante do caixa do banco, que estaria em cerca de R$ 1,6 bilhão. O número não é confirmado pelo Original.

Analistas acreditam que o banco poderá tentar acelerar a chegada ao equilíbrio nos próximos trimestres com corte de gastos.

Mudança de controle

Em meio cenário conturbado ligado à J&F, o Original passou a ser alvo de especulações de que poderia ser vendido. A coluna da Sonia Racy informou que o Santander teria sido sondado para olhar o banco. O banco chinês CCB, dono do BicBanco, também foi apontado como interessado. Procurado, o Santander não comenta.

O CCB não retornou os pedidos de entrevista. O Original diz que "desconhece qualquer informação sobre transferência de controle". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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