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Balanço da Petrobras alivia mercado, mas dívida preocupa

Os analistas estão preocupados com a capacidade da empresa de aumentar a produção para fazer caixa


	Petrobras: na Bolsa, a reação foi confusa, com forte oscilação das cotações
 (Vanderlei Almeida/AFP)

Petrobras: na Bolsa, a reação foi confusa, com forte oscilação das cotações (Vanderlei Almeida/AFP)

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Da Redação

Publicado em 24 de abril de 2015 às 09h16.

São Paulo, Rio, Brasília e Nova York - Livre do peso do longo atraso na divulgação de dados financeiros auditados ao mercado, a Petrobras voltou a enfrentar as desconfianças de sempre.

Durante a teleconferência realizada na quinta-feira, 23, pelos executivos da empresa para explicar os dados do balanço, os analistas financeiros concentraram suas perguntas no endividamento da estatal e na sua capacidade de aumentar a produção para fazer caixa.

Na Bolsa, a reação foi confusa, com forte oscilação das cotações. As ações ON (ordinárias, com direito a voto) subiram 5,63%, para R$ 14,06, refletindo o alívio com a divulgação do balanço.

Já os papéis PN (preferenciais, sem direto a voto) caíram 1,52%, a R$ 12,92, afetados pelo anúncio de que, por causa do prejuízo, a estatal não pagará dividendos, a parte do lucro que cabe aos acionistas - os papéis PN têm preferência na hora de receber os pagamentos.

"A divulgação do balanço da Petrobras sem dúvida alivia a situação, porque elimina o risco de uma aceleração no pagamento das dívidas da companhia", afirmou Caio Toledo, analista da XP Investimentos.

Em linhas gerais, o prejuízo de R$ 21,587 bilhões em 2014, o primeiro resultado negativo anual desde 1991, causado por perdas de R$ 6,194 bilhões com gastos relacionados à corrupção e de outros R$ 44,636 bilhões com a revisão no valor dos ativos, não assustou investidores.

A publicação do balanço, após cinco meses de adiamentos, e uma definição sobre o quanto registrar de perdas foram considerados "um alívio".

A agência de rating Standard & Poor’s (S&P) disse que a nota da Petrobras não é afetada pelo balanço. Apesar de reconhecer que as baixas contábeis não afetam as métricas da companhia, a agência disse que a perspectiva negativa para a nota reflete incertezas sobre a capacidade de aumentar a produção.

Já Nymia Cortes de Almeida, vice-presidente e analista sênior da agência Moody’s (que em fevereiro retirou o "grau de investimento" da Petrobras), afirmou, em e-mail, que a publicação do balanço é um "desenvolvimento positivo", mas que a nota continua em revisão.

Os analistas do banco Credit Suisse André Sobreira e Vinicius Canheu escreveram que os valores retirados como perdas do balanço "parecem grandes o suficiente para ter credibilidade", mas investimentos estimados de US$ 29 bilhões neste ano e de US$ 25 bilhões em 2016 não foram reduzidos na medida necessária diante de uma previsão de geração de caixa de US$ 23 bilhões este ano.

Dívidas

Com dificuldade de gerar caixa e diante de um ambicioso plano de investimentos no pré-sal, a Petrobras se endividou demais. A dívida líquida soma R$ 282 bilhões e subiu 27% em 2014 em relação a 2013.

Ela representa 48% do patrimônio da companhia, muito acima do limite de 35% estabelecido pela própria empresa.

Por isso, investidores esperam que a Petrobras venda ativos e reduza investimentos. "Esperamos que os investidores foquem nos impactos da revisão do plano de negócios e na geração de caixa dos próximos dois anos", escreveu o analista do Citibank Pedro Medeiros, em relatório.

Em teleconferência, a diretoria da Petrobras reforçou a estratégia de analisar a venda de ativos exploratórios, com o objetivo de compartilhar riscos e reduzir investimentos.

Segundo a diretora de Exploração e Produção, Solange Guedes, a estatal olha "com atenção" as oportunidades. "Olhamos com atenção ativos onde nós podemos compartilhar riscos", disse.

Ao comentar os resultados na quarta-feira, 22, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, prometeu para daqui a aproximadamente 30 dias a apresentação do novo plano de negócios para os próximos cinco anos.

O plano de negócios 2014-2018, apresentado em fevereiro de 2014, prevê investimentos de US$ 220,6 bilhões. A expectativa de analistas é de que a nova versão venha menor. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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