Baidu: empresa está ingressando em uma área disputada (Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 25 de janeiro de 2016 às 15h30.
Wang Jing comprou seu primeiro carro, um Dodge Shadow, com US$ 3.000 que juntou em três empregos de meio período nos EUA quando cursou uma pós-graduação na Flórida.
Atualmente, o vice-presidente sênior que comanda a iniciativa de direção autônoma da Baidu é muito mais bem remunerado. E é também um homem com uma missão: empurrar a China para a vanguarda da era dos carros autônomos, que está por vir.
A Baidu está ingressando em uma área disputada.
O Google, que começou a desenvolver carros autônomos em 2009, testou veículos sem motoristas por mais de 3,2 milhões de quilômetros e está estudando transformar sua unidade de carros autônomos em uma empresa independente sob o guarda-chuva corporativo da Alphabet no fim deste ano.
O CEO da Tesla Motors, Elon Musk, disse que seus clientes poderão chamar um carro elétrico para levá-los de forma autônoma de Los Angeles a Nova York dentro de dois anos. A General Motors e a Ford Motor também estão perseguindo esse mercado emergente.
Wang, 51, não desanima e vê um campo de jogo equilibrado na futura era dos carros inteligentes e autônomos -- que a China é capaz de dominar.
“As fabricantes de veículos chinesas começaram a produzir carros 100 anos depois das demais e boa parte da tecnologia principal não está em mãos chinesas, como os motores”, disse Wang.
“Com carros elétricos, com carros inteligentes, a tecnologia principal muda do motor e da caixa de marchas para a inteligência artificial e esta é uma área na qual a China está muito próxima dos EUA, dando à China a chance de correr atrás do prejuízo e roubar a liderança”.
Cérebro robótico
Robin Li, um dos fundadores e CEO da Baidu, tem investido pesadamente em um subcampo da inteligência artificial conhecido como aprendizagem profunda, que visa a melhorar resultados de buscas e tarefas computacionais treinando os computadores para trabalharem de forma mais semelhante à do cérebro humano.
A empresa contratou Andrew Ng, um renomado cientista da computação e especialista em robótica e aprendizado de máquinas, como cientista-chefe em maio de 2014.
Wang pensa que a empresa poderá alavancar sua expertise em inteligência artificial, mapeamento de dados e conectividade à internet para se sobressair na tecnologia de direção autônoma.
Colocar a China nesse jogo é uma prioridade para o presidente chinês, Xi Jinping, que vê a tecnologia digital como uma oportunidade para que a indústria chinesa se torne mais inovadora.
Em um fórum internacional voltado à internet, no mês passado, Xi fez questão de visitar o stand da Baidu, onde escutou Li, o CEO da empresa, falar sobre o desenvolvimento de carros autônomos.
Pode levar tempo para as empresas chinesas crescerem nesse negócio, segundo Cao He, analista da Minzu Securities em Pequim.
“Há um longo caminho pela frente para a Baidu e outras empresas que estão tentando produzir em massa e vender carros autônomos”, disse Cao.
“Considerando a ampla diversidade de condições das ruas de um lugar ao outro, é improvável que qualquer empresa consiga uma operação industrial considerável em cinco anos”.
Dito isso, pode haver muito dinheiro em jogo. A Baidu estima que o mercado chinês para vendas de carros, ônibus, táxis e serviços relacionados ao transporte possivelmente valha mais de US$ 1,5 trilhão ao ano em receita.
Conseguir uma fatia dele poderá ser uma enorme nova fonte de receita para a maior empresa de motor de buscas da China.
Em 2017, os veículos autônomos capazes de usar o piloto automático em um congestionamento e manobrar de forma autônoma em um estacionamento deverão estar nas concessionárias, seguidos pela função de piloto automático para rodovias com mudança de pista, em 2018, segundo a Boston Consulting Group.
Os veículos com capacidade de piloto automático urbano poderiam estar prontos em 2022, abrindo caminho para os veículos totalmente autônomos em 2025, segundo a empresa de consultoria.
“Empresas chinesas da internet como a Baidu, cheias de dinheiro e confiança, estão disputando a liderança na santíssima trindade do futuro da indústria automotiva: automóveis elétricos, compartilhamento de carros e veículos autônomos”, disse Michael Dunne, presidente da Dunne Automotive em Hong Kong.
“O Google desfruta de uma enorme liderança em termos de autonomia atualmente. Mas não subestime a vontade chinesa de competir”.