Eliana Tranchesi, dona da Daslu: butique está na mira do espanhol Enrique Bañuelos (.)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.
Rio de Janeiro - O investidor espanhol Henrique Bañuelos, que recentemente vendeu sua incorporadora, a Agre, para a PDG Realty, demonstrou interesse em investir na butique de artigos de luxo Daslu, da empresária paulista Eliana Tranchesi. Nesta quinta-feira, a empresa entrou com pedido de recuperação judicial. Como adiantou o site de Exame (leia a reportagem), a empresa já havia contratado o escritório Felsberg e Associados para assessorá-la no processo no início do ano. Bañuelos iniciou recentemente conversas com Tranchesi, interessado em fazer o aporte financeiro na empresa, caso o pedido de recuperação judicial seja aceito pela Justiça. Além dele, o investidor paulista Marcus Elias, sócio da Laep, que controla com a GP Investimentos a Parmalat, também já havia procurado a empresária.
Durante toda a tarde, os advogados do escritório Felsberg e Associados, que comanda o processo de recuperação, reuniram-se na sede da Daslu em São Paulo com boa parte dos 200 credores da empresa, entre bancos e grifes fornecedoras, para explicar o plano de resgate. A dívida total da Daslu com credores é de 80 milhões de reais. No processo, entrarão as duas lojas da grife, Villa Daslu e do shopping Cidade Jardim, ambas localizadas em São Paulo. Apesar de formalmente funcionar como uma empresa à parte e estar livre de complicações fiscais, a loja do shopping Cidade Jardim foi incluída no processo para dar mais segurança aos credores e garantir recursos à Daslu.
A empresa aguarda agora a aceitação do pedido pela Justiça. Se for aceito, a empresa terá 60 dias para a apresentar seu plano de recuperação, caso contrário, será decretada a falência. No caso da Daslu, tanto as negociações com os credores quanto a elaboração do plano estão bastante avançadas, segundo pessoas próximas à operação de resgate do negócio.
A recuperação judicial é a única forma de salvar a Daslu que, desde o ano passado, vive uma crise financeira e de reputação. Em março de 2009, a proprietária Eliana Tranchesi foi presa por crimes de fraude em importações e falsificação de documentos, como resultado da operação Narciso, desencadeada pela Polícia Federal em 2005. A prisão repercutiu no desempenho da empresa, que teve queda de 70% nas vendas em 2009, fechando o ano com o faturamento de apenas 100 milhões de reais. A empresa há meses não paga o aluguel de sua loja na Villa Daslu à construtora W Torre que, no entanto, preferiu ficar de fora do processo de recuperação judicial e negociar diretamente com a empresa uma solução. Além do problema com credores, há a dívida fiscal, que já passa de 400 milhões de reais, mas que pela lei não entra no processo de recuperação judicial.
Por meio de sua assessoria de imprensa, Bañuelos negou ter interesse em comprar a Daslu.