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Azul vê oportunidade em entregas com expansão da Amazon no país

A empresa aérea fechou acordo com os Correios no mês passado para criar uma empresa para a entrega de pacotes por via aérea.

Azul: prejuízo revertido (Paulo Whitaker/Reuters)

Azul: prejuízo revertido (Paulo Whitaker/Reuters)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 12 de janeiro de 2018 às 14h20.

A Azul aposta que sua próxima grande oportunidade chegará pelo correio.

A empresa aérea brasileira fechou acordo com os Correios no mês passado para criar uma empresa para a entrega de pacotes por via aérea. A aposta pode ser clarividente, considerando a infraestrutura ruim da região, o crescimento do comércio eletrônico e a expansão da presença da Amazon na maior economia da América Latina.

“A logística é inexistente”, disse o CEO John Rodgerson, em entrevista na sede da empresa, em São Paulo, em 10 de janeiro. “Somos a única empresa aérea que atende 100 cidades do País. Temos a companhia aérea mais confiável do País. Temos o melhor desempenho em pontualidade. Se pudermos entregar itens pelo País, será uma enorme oportunidade.”

A Azul terá participação de 50,01 por cento no novo empreendimento e a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, o restante. O órgão regulador antitruste do Brasil, o Cade, ainda precisa aprovar a criação da empresa.

Os Correios atualmente gastam cerca de R$ 550 milhões (US$ 171 milhões) por ano no transporte de mercadorias por via aérea usando uma série de empresas aéreas diferentes, mas somente à noite e para apenas 21 cidades. A Azul, em contrapartida, mantém uma frota de 122 aviões e voa para mais de 100 destinos, cerca de 60 a mais que as rivais locais.

Guilherme Campos, presidente dos Correios, disse em entrevista por telefone. Ele destacou que a malha da Azul, já a maior, fez dela uma escolha óbvia. No entanto, os executivos da Azul foram mais comedidos, projetando crescimento de cerca de cinco a 10 cidades por ano.

Recorde de entregas

A aliança surge no momento em que o comércio eletrônico e as entregas resultantes dele ganham força no Brasil. Os Correios transportaram um número recorde de pacotes em dezembro, chegando a 26,1 milhões, contra 23,1 milhões no ano anterior. Segundo Campos, a tendência é que esse número continue aumentando.

A nova empresa gerará economia de pelo menos R$ 200 milhões por ano em custos de transporte aéreo para os Correios, disse Campos. O valor não engloba todas as entregas que se deslocarão dos modais terrestre e aquaviário para o aéreo.

Para a Azul, a iniciativa é uma forma de usar a capacidade excedente do compartimento de carga dos aviões, disse Rodgerson. Transportar cargas por conta própria não seria uma solução viável, mas com o volume de entregas oferecido pelos Correios, a operação valeria a pena. Se o negócio decolar, a Azul pode até mesmo estudar a compra de aviões de carga.

“É uma jogada muito inteligente da Azul”, disse Álvaro Salgado Frasson, analista da Eleven Financial. “A Azul deve ficar mais competitiva com essa parceria. Claro que temos que esperar para ver resultados concretos para ter qualquer medida financeira, mas vejo a jogada como positiva.”

Entre os obstáculos para o acordo estão o envolvimento dos Correios em escândalos de corrupção e as notórias greves na empresa postal.

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