Negócios

Azul anuncia saída da Abear, na esteira da disputa por ponte aérea

Fonte disse que o estopim para o racha da Azul com Gol e Latam foi a disputa pelos slots (autorizações de voos) no aeroporto de Congonhas

Azul: "O movimento de Gol e Latam garante um duopólio na rota mais rentável das Américas" (Leonardo Benassatto/Reuters)

Azul: "O movimento de Gol e Latam garante um duopólio na rota mais rentável das Américas" (Leonardo Benassatto/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 1 de maio de 2019 às 14h00.

Última atualização em 2 de maio de 2019 às 12h56.

São Paulo - A Azul anunciou nesta quarta-feira a saída da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), que representa o setor no país, após um embate entre a companhia e as rivais Gol e Latam Airlines pela Avianca Brasil, que está em recuperação judicial.

"Entendemos que nosso diálogo com a sociedade civil, autoridades, órgãos competentes e demais stakeholders deve ser feito diretamente pela companhia", afirmou em nota o presidente-executivo da Azul, John Rodgerson, sem dar mais detalhes.

Uma fonte com conhecimento do assunto disse à Reuters que o estopim para o racha da Azul com Gol e Latam foi a disputa pelos slots (autorizações de voos) no aeroporto de Congonhas (SP).

No mês passado, Rodgerson acusou Gol e Latam de agirem para evitar a concorrência na ponte aérea São Paulo-Rio de Janeiro.

Em março, a Azul anunciou acordo não vinculante de 105 milhões de dólares para comprar ativos da Avianca Brasil, incluindo slots em aeroportos e contratos de leasing de aviões da rival, que está em recuperação judicial desde dezembro.

Semanas depois, Gol e Latam ofertaram pelo menos 70 milhões de dólares cada por alguns ativos da Avianca Brasil, num acordo aprovado por credores da companhia.

Na prática, o movimento de ambas barrou a tentativa da Azul de obter o ativo mais cobiçado da Avianca Brasil, 20 pares de slots - nome da licença que uma companhia aérea recebe para poder decolar e pousar num aeroporto- em Congonhas.

Isso permitiria que a companhia tivesse várias rotas diárias entre Rio de Janeiro e São Paulo, condição tida como necessária para poder competir em condições de igualdade com as rivais.

"O movimento de Gol e Latam garante um duopólio na rota mais rentável das Américas", disse a fonte sob condição de anonimato.

Após ter devolvido dezenas de aeronaves para empresas de leasing, a Avianca Brasil ficou com apenas 5 aviões e operando em só quatro aeroportos, incluindo justamente Santos Dumont (RJ) e Congonhas, além de Salvador (BA) e Brasília (DF).

Para a fonte ouvida, se a Avianca Brasil mesmo assim não conseguir sobreviver, a tendência seria que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) distribuísse seus slots da ponte aérea entre Gol, Latam e Azul. Mas isso não seria suficiente para a última poder operar a rota de forma competitiva.

Sem conseguir resolver a situação com mecanismos de mercado, a diretoria da Azul passou a negociar caminhos em contato direto com fontes do governo, incluindo em conversas com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas.

O objetivo é tentar aproveitar o interesse do governo do presidente Jair Bolsonaro de elevar a competitividade em vários setores da economia e encontrar caminhos que forcem a abertura da ponte aérea para mais concorrentes. Por enquanto, não houve avanços nesse sentido.

Acompanhe tudo sobre:AviancaAzulCongonhasGol Linhas AéreasLatam

Mais de Negócios

Os criadores do código de barras querem investir em startups brasileiras de olho no futuro do varejo

Marca de cosméticos naturais Laces aposta em 'ecossistema' para chegar a 600 salões e R$ 300 milhões

Uma vaquinha de empresas do RS soma R$ 39 milhões para salvar 30.000 empregos afetados pela enchente

Ele fatura R$ 80 milhões ao transformar gente como a gente em palestrante com agenda cheia