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Asiáticos disputam espaço com grandes montadoras no Brasil

Empresas da Coréia do Sul e da China utilizam o Salão do Automóvel para aumentar presença no país

A Hyundai espera triplicar suas vendas no Brasil até 2013 (Chung Sung-Jun//Getty Images)

A Hyundai espera triplicar suas vendas no Brasil até 2013 (Chung Sung-Jun//Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 26 de outubro de 2010 às 21h18.

São Paulo - As quatro maiores montadoras de veículos do Brasil estão tendo de disputar espaço com uma dezena de marcas estreantes no Salão Internacional do Automóvel de São Paulo deste ano em meio a um recorde de importações ajudadas pela valorização do real.

Fiat, Volkswagen, General Motors e Ford anunciam novos modelos que vão desde veículos compactos conceito a sedãs híbridos comerciais, enquanto as duas principais rivais asiáticas, Hyundai e Kia, ambas da Coreia do Sul, traçam planos ambiciosos de crescimento.

Na maior exposição de veículos já realizada no Brasil, com 450 carros de mais de 40 marcas, a Hyundai anunciou meta de triplicar suas vendas no país das projetadas 100 mil unidades para 2010 para 300 mil em 2013, enquanto a Kia quer vender 90 mil em 2011 depois de comercializar esperadas 60 mil em 2011. Ambas as marcas são do mesmo grupo sul-coreano, mas no Brasil são representadas por grupos nacionais diferentes.

Oito marcas da China, entre elas Chery e JAC, mostram seus modelos em busca de seduzir representantes no mercado brasileiro ou já anunciam planos de fábricas locais.

"A concorrência mundial está acelerando cada vez mais e essa é uma tendência", afirmou o presidente da Ford para a Brasil e Mercosul, Marcos Oliveira, na abertura da exposição para a imprensa nesta segunda-feira.

A montadora norte-americana, quarta em vendas em automóveis e comerciais leves no Brasil, já teve de ceder posições em comerciais leves para a Hyundai.

Representada aqui pelo grupo Caoa, a Hyundai está focada na produção do utilitário Tucson no Brasil e na importação de outros modelos de luxo da marca que já anunciou fábrica própria no país voltada ao filão das montadoras tradicionais, os modelos compactos.

No caso da Ford, Oliveira afirmou que a estratégia da companhia --que prevê investir 4,5 bilhões de reais até 2015 no Brasil-- está nas plataformas globais da marca. Por isso, a montadora lançou no país o sedã New Fiesta apenas dois meses depois da chegada do modelo nos Estados Unidos.


Para a Fiat, líder do mercado brasileiro, o momento é de "sinal amarelo", depois que as importações de veículos sul-coreanos e chineses entre 2006 e 2010 cresceram mais de 1.200 por cento.

"O grande problema é que o mundo tem uma capacidade (anual) de produção de 85 milhões de carros e tem consumidor para 57 milhões. As marcas estão buscando brechas para entrar em qualquer lugar do mundo", disse o presidente do grupo Fiat para América Latina, Cledorvino Belini, também presidente da associação de montadoras no Brasil, Anfavea.

A companhia italiana, que tem capacidade de produção de 1 milhão de veículos no Mercosul, dos quais 800 mil no Brasil, prevê investir 10 bilhões de reais no país entre 2011 e 2015 e mostrou o conceito Mio, supercompacto de cerca de 2 metros de comprimento que foi desenvolvido com sugestões de internautas.

Segundo Belini, a Fiat permanece concentrada nos segmentos em que tem força, o de veículos de entrada e o de compactos. Ele estimou que o mercado brasileiro de veículos em 2011 terá vendas de 3,6 milhões de unidades, após 3,4 milhões projetadas para este ano. Para 2015, a expectativa de vendas é de 5 milhões de unidades no país.

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O volume de importações recorde de 2010 também acende alerta para a General Motors, que chegou a citar risco de desindustrialização no país se a valorização do real não for contida. "O real valorizado é mais um problema para a indústria que para as marcas, mas a desindustrialização pode acontecer. Hoje não é risco para nós, estamos com as fábricas todas tomadas, mas a tendência preocupa", disse o presidente da GM para América do Sul, Jaime Ardila.

A montadora norte-americana, uma das mais animadas no salão com shows e presença do campeão de Fórmula 1 Emerson Fittipaldi, anunciou vendas do superesportivo Camaro no país. "O Brasil mudou, a América do Sul mudou. O mercado da América do Sul vai superar as 5 milhões de unidades pela primeira vez este ano e esperamos vender 1 milhão", disse Ardila.


Para o Brasil, a montadora espera manter até 2012 sua participação de 20 por cento do mercado, enquanto renova seus produtos em meio ao plano de investimento de 5 bilhões de reais focado em picapes médias e carros pequenos, disse a presidente da subsidiária brasileira da GM, Denise Johnson.

Mas o aumento da rivalidade no Brasil tem obrigado a GM a apostar em uma estratégia de volumes maiores de vendas e margens de lucro menores, disse Ardila, sem citar números.

"Os preços hoje estão menores do que quando houve o benefício (da redução) do IPI", afirmou o executivo, sem deixar de comentar que aumentos de salários, em torno de 10 por cento, concedidos pelo setor este ano ficaram acima da capacidade da indústria em ampliar sua produtividade. No Brasil, a companhia espera vender 650 mil veículos em 2010, crescendo para 700 mil em 2011.

No mesmo discurso, o presidente da Volkswagen no Brasil, Thomas Schmall, admitiu que "vai ser mais difícil manter participação de mercado" no futuro.

"(Os novos rivais) geram mais pressão sobre as quatro grandes (montadoras) e a diferença será ter o melhor produto", disse o executivo, comentando que a empresa prepara para os próximos quatro a cinco anos um carro de entrada, mais barato que o Gol, para disputar mercado com o Mille, da Fiat.

A Volkswagen tem plano de investir 6,2 bilhões de reais no Brasil até 2014 e parte dos recursos já foi aplicada para elevar a capacidade de produção em 5 por cento sobre 2009, para 850 mil veículos.

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