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As mulheres recebem menos aportes. Esse novo fundo de R$ 25 milhões quer mudar essa desigualdade

Apenas 17% das startups no Brasil são fundadas por mulheres

Erica Fridman e Jaana Goeggel, da Sororitê: "Os grandes fundos de investimento ainda vivem em uma bolha” (Luciano Alves/Divulgação)

Erica Fridman e Jaana Goeggel, da Sororitê: "Os grandes fundos de investimento ainda vivem em uma bolha” (Luciano Alves/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 10 de setembro de 2024 às 10h05.

As investidoras Erica Fridman e Jaana Goeggel têm observado de perto, há alguns anos, os desafios enfrentados por mulheres no empreendedorismo. Elas comandam a Sororitê, uma gestora de capital que, por meio de uma rede de investidoras-anjo, apoia startups lideradas por mulheres. E, neste tempo, puderam se conectar diretamente com fundadoras e entender suas principais dificuldades.

No topo da lista está o acesso limitado a redes de investidores e recursos. 

"Os grandes fundos de investimento ainda vivem em uma bolha”, diz Erica. “Para conseguir um cheque, você precisa conhecer alguém que conheça alguém". 

Essa é uma das barreiras que elas se propõem a derrubar.

E a partir desta terça-feira, 10, elas terão um novo produto para ajudar nesta missão. A Sororitê está lançando um fundo de 25 milhões de reais, destinado exclusivamente a startups fundadas ou co-fundadas por mulheres.

Diferentemente do modelo de investimento-anjo, que depende de cheques assinados por investidores -- neste caso, investidoras --  a cada rodada de captação, o Sororitê Fund 1 tem esse capital já disponível para alocar nas melhores oportunidades. 

"Nosso objetivo é facilitar a vida das investidoras e das fundadoras. O fundo nos permite tomar decisões mais rápidas e estratégicas", afirma Jaana.

Segundo o Mapeamento do Ecossistema Brasileiro de Startups 2021, da Abstartups, apenas 17% das startups no Brasil são fundadas por mulheres. É este número que projetos como a Sororitê querem jogar para cima. 

Qual será o foco do fundo

O foco do novo fundo será em startups em estágio inicial que já estejam operando e com clientes pagantes. 

O objetivo é fazer cheques de cerca de 500.000 reais por rodada, com um portfólio planejado para incluir até 22 startups. Além disso, um terço do capital do fundo será reservado para investir novamente nas startups que demonstrarem um bom desempenho. 

"Estamos criando uma estrutura que permita acompanhar de perto o crescimento dessas startups e apoiá-las com novos aportes, quando necessário", afirma Erica.

O Sororitê Fund 1 se concentra em negócios que utilizam tecnologia para transformar setores como 

  • fintech
  • healthtech
  • agritech
  • retailtech 

"Gostamos de investir em startups que resolvem grandes problemas, e a tecnologia é a chave para isso", diz Erica.

Quais são os desafios atuais do setor

Embora o cenário de venture capital no Brasil tenha enfrentado desafios nos últimos anos, Jaana e Erica veem o momento como uma oportunidade para startups em fase inicial, aquelas que querem se consolidar. 

"Empreendedores que passam por crises tendem a ser mais resilientes, e esse é o tipo de empresa que queremos apoiar", afirma Jaana. 

O fundo já realizou a primeira chamada de capital e espera começar os primeiros aportes ainda em 2024.

Com o braço de investimento-anjo, a Sororitê já investiu em uma série de startups. 

Entre os negócios apoiados, um dos destaques é a Aya Tech, que desenvolve soluções com foco em saúde e segurança. A empresa é conhecida por criar produtos de desinfecção de alta performance, que ganharam relevância especialmente durante a pandemia.

Outro exemplo é a Provi, uma fintech voltada para soluções de crédito educacional, que oferece acesso facilitado a financiamento para estudantes. 

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