As brigas de Abilio Diniz
Empresário já se desentendeu com sócios antigos, recentes e até com os irmãos
Da Redação
Publicado em 31 de maio de 2011 às 13h17.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h33.
São Paulo - A disputa entre Abilio Diniz e a rede francesa Casino, sua sócia, é apenas mais um capítulo numa lista longa de conflitos. Abilio Diniz ajudou o pai a construir o Pão de Açúcar e também a tirar a empresa do endividamento. Para ser dono do maior grupo de varejo do Brasil – e de uma fortuna estimada em 3,4 bilhões de dólares, segundo a Forbes – o empresário envolveu-se em várias brigas dramáticas, inclusive com os próprios irmãos. Hoje (28/6), o Grupo Pão de Açúcar confirmou as negociações com o Carrefour, que é concorrente do Casino, o principal acionista do Grupo Pão de Açúcar. A oferta foi feita pela Gama, companhia que pertence ao BTG Pactual. A intenção é unir os ativos do Carrefour e os do Pão de Açúcar em uma joint-venture de partes iguais. O Casino já havia arquivado um pedido de arbitragem junto à Câmara Internacional de Comércio (ICC) contra o grupo de Abilio Diniz e obtido documentos que provavam as negociações. atualizado em 28 de junho de 2011.
São Paulo – Em 1948 Valetim Diniz abriu uma padaria no centro de São Paulo. Depois vieram a doceria e o supermercado, a origem do atual Pão de Açúcar. Na década de 80, a empresa, então com mais de 45 mil funcionários e com 22 tipos de negócio diferentes estava endividada. Diante da dívida, Valentim distribuiu entre os filhos 38% das ações da empresa de acordo a produtividade de cada um - Abilio ficou com 16% dos papéis. Alcides e Arnaldo, receberam 8% cada e, as três filhas, que não atuavam na empresa, ficaram com 2% cada. A divisão do pai deu origem a uma briga familiar. Os irmãos, insatisfeitos com a decisão do pai, acabaram por vender suas ações a Abílio, que assumiu a companhia em 1991. O empresário encerrou os negócios que não eram supermercado, demitiu funcionários e substituiu onze integrantes da diretoria, inclusive amigos da família. Das 549 lojas, apenas as 216 mais lucrativas ficaram abertas. Diniz cita três eventos que mudaram sua visão de si mesmo e do mundo e transformaram sua personalidade, uma delas é a briga com os irmãos. As outras são o sequestro e a quase falência
São Paulo - Em 2003, o Pão de Açúcar comprou metade do capital da rede carioca Sendas, fundada pelo empresário Arthur Sendas. Mas, em 2005, o empresário recorreu à arbitragem para obrigar o Pão de Açúcar a comprar o resto das ações do grupo por 700 milhões de reais. A disputa durou três anos e foi vencida por Abilio. Em maio de 2011, o Pão de Açúcar concluiu as negociações com o Sendas para a aquisição das ações remanescentes da empresa. O valor total da operação é de 377 milhões de reais. O Pão de Açúcar foca na conversão da marca Sendas em lojas Extra Supermercado.
São Paulo – Em dezembro de 2009, Abilio Diniz e Samuel Klein fecharam a fusão das empresas que o pai de cada um construiu, o Grupo Pão de Açúcar e a Casas Bahia, respectivamente. Pelo que foi divulgado na época, a família Klein assumiria 49% da nova empresa enquanto Abilio e o Pão de Açúcar ficariam com 51%. Menos de cinco meses depois da associação, Michael Klein decidiu rever o negócio. Para ele, o que havia sido assinado era um “pré-contrato”, insuficiente para criar uma nova empresa. O Pão de Açúcar considerava o negócio válido. Além disso, na época, especulava-se a insatisfação de Klein com a forma como era tratado por Diniz - como se a Casas Bahia tivesse sido vendida, e não se associado. Em julho de 2010 os empresários anunciaram um novo acordo. Segundo o novo acordo, o Pão de Açúcar fez uma capitalização adicional de cerca de 700 milhões de reais na Nova Casas Bahia, o poder passou a ser mais compartilhado entre os sócios e que os Klein passaram a ter direito a veto nas decisões estratégicas que envolvam a diluição de sua participação.
São Paulo – O grupo francês Casino arquivou em 30 de maio um pedido de arbitragem junto à Câmara Internacional de Comércio (ICC) contra o grupo de Abilio Diniz, com quem divide o controle do Pão de Açúcar. Na última semana especulou-se que o Grupo Pão de Açúcar mantinha conversas com o Carrefour – concorrente do Casino na França. O grupo brasileiro negou as negociações. Mas acredita-se que Abilio Diniz tenha abordado o Carrefour para discutir uma possível fusão. O empresário teria iniciado as negociações após temer que Walmart e a chilena Cencosud estivessem interessadas em adquirir os ativos brasileiros do Carrefour. O Casino não concedeu aprovação para que a família Diniz iniciasse as conversas com o rival francês e quer que Diniz cumpra o acordo de acionistas que possui. O acordo foi fechado em 2006, e criou a holding Wilkes, que detém cerca de 66% do poder de voto no Grupo Pão de Açúcar. Em junho de 2012, o Casino poderá exercer a opção de adquirir o controle total do Pão de Açúcar.
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