Business organization goals in being responsible for the world's environment concept, Sustainable and renewable energy, green power, carbon neutral, ESG.
Redação Exame
Publicado em 14 de outubro de 2024 às 15h57.
Em junho de 2004, um grupo de 20 instituições financeiras globais responsável pela gestão de mais de US$ 6 trilhões endossou uma iniciativa patrocinada pelo Pacto Global da ONU, intitulado “Who care Wins”, estabelecendo pela primeira vez a integração de aspectos ambientais, sociais e de governança (ESG) nos critérios de investimentos do mercado financeiro e nas práticas empresariais em geral.
Desde então, existe uma pressão crescente por parte dos investidores, consumidores e stakeholders para entender como as empresas criam valor ao incorporar objetivos ESG na sua estratégia de negócios.
Trata-se de uma estrutura de gerenciamento de risco e investimento que busca avaliar os desafios e oportunidades que os fatores ambientais, sociais e de governança representam para o valor de uma empresa.
O ESG deve ser visto como uma história de sucesso visto que, em poucos anos, evoluiu de um tema restrito ao mundo das Finanças para um assunto que está no topo das agendas corporativas em todo o mundo.
De acordo com a Global Sustainable Investment Review, em 2022, o volume de investimento ESG atingiu US $ 30,3 trilhões representando, aproximadamente, 30% dos ativos globais sob gestão.
Enquanto isso, no Brasil, conforme revelado pela pesquisa "Panorama ESG 2024" da Amcham, estudo que envolveu 687 empresas, aponta 71% das empresas já tendo implementado ou já iniciando algumas ações nessa direção.
Atualmente, os bancos comerciais e de desenvolvimento no Brasil estão expandindo suas ofertas de financiamentos verdes, visando apoiar empresas médias na transição para práticas mais sustentáveis.
Essas opções incluem linhas de crédito específicas para projetos de eficiência energética, energias renováveis e gestão de resíduos, além de incentivos financeiros para a adoção de tecnologias limpas.
Instituições como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) têm programas direcionados que oferecem condições favoráveis, como taxas de juros reduzidas e prazos mais longos para pagamento, visando estimular a inovabilidade no setor empresarial.
Além disso, os bancos comerciais estão cada vez mais alinhando suas estratégias de investimento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, criando produtos financeiros que não apenas atendem a legislação ambiental, mas também promovem a responsabilidade social.
Em 2023, o volume total de linhas de financiamento verdes oferecidas por bancos comerciais e de desenvolvimento no Brasil é estimado em aproximadamente R$ 50 bilhões.
Esse valor reflete um aumento significativo em relação aos anos anteriores, impulsionado pelo crescente interesse das empresas em adotar práticas sustentáveis e pela pressão por investimentos que contribuam para a transição energética e a mitigação das mudanças climáticas.
É inegável reconhecer que as empresas médias enfrentam diversos desafios ao adotarem a agenda ESG. Um dos principais obstáculos é a falta de conhecimento e capacitação sobre práticas sustentáveis e governança corporativa.
Além disso, muitas dessas empresas podem ter limitações financeiras que as impedem de investir em tecnologias limpas ou em processos que melhorem sua sustentabilidade. A complexidade regulatória também pode ser um fator desmotivador, uma vez que as normas e exigências relacionadas a ESG estão em constante evolução.
Por outro lado, a adoção da agenda ESG representa uma significativa oportunidade para as empresas médias. A crescente demanda por produtos e serviços sustentáveis pode abrir novos mercados e atrair consumidores que valorizam a responsabilidade social e ambiental.
Além disso, empresas que implementam práticas ESG tendem a se tornar mais competitivas, já que essas práticas podem resultar em eficiência operacional e redução de custos a longo prazo. A adesão a essa agenda também pode facilitar o acesso a financiamentos verdes e melhorar a reputação da empresa, tornando-a mais atrativa para investidores e parceiros comerciais.
Como podemos ver, os Líderes Empresariais, Mercado Financeiro e Comunidade Científica nunca estiveram tão engajados realçando ainda mais o seu dever fiduciário como indutores desta agenda.
Acreditamos que as empresas médias que adotarem as práticas ESG e investirem em Inovabilidade, ou seja, inovação e sustentabilidade na geração de produtos e serviços, como parte da sua proposta de valor e planejamento de longo prazo, serão aquelas que mais se beneficiarão desta tendência secular com benefícios claros para os seus stakeholders e a sociedade em geral.