Executivo aguarda avião em viagem de negócios: no manual da ArcelorMittal Tubarão há informações sobre 43 países (Stock Exchange/iStockphoto)
Luísa Melo
Publicado em 13 de fevereiro de 2014 às 09h54.
São Paulo - Na convivência entre pessoas de culturas diferentes, cometer algumas gafes pode até render boas risadas. Mas se essa relação é comercial, alguns constrangimentos podem ter resultados desastrosos.
Pensando nisso, a ArcelorMittal Tubarão elaborou um guia de viagens com dicas para orientar os executivos que precisam representar a empresa em suas transações internacionais – que não são poucas.
De todas as placas de aço produzidas pela companhia desde 1983, por exemplo, 93% foram exportadas para mais de 20 países.
"Viajar significa estresse. Resolver um incidente onde se fala uma língua diferente, por mais fluente que você seja, é mais complicado. Então, pensamos em uma alternativa que levasse conforto ao funcionário, para que os resultados do investimento no negócio sejam maximizados", explica José Augusto Servino, gerente-geral de recursos humanos da empresa.
O guia
O manual contém informações dos mais diversos tipos. Há desde notas a respeito de coisas que não se pode deixar de colocar na mala antes de ir para um país a dicas sobre a necessidade (ou não) de dar gorgetas em outra cultura. Há também referências sobre que tipo de roupa usar em certos eventos e até mesmo sobre o modelo das tomadas de eletricidade de um determinado local.
"São sutilezas que fazem diferença no resultado do negócio. E, muitas vezes, o executivo está tão dedicado ao evento que vai realizar que acaba esquecendo o periférico", diz Servino.
No guia também há sugestões de temas sobre a história e a cultura de alguns países que devem ser pesquisados antes da viagem – e até mesmo assuntos sobre os quais não se deve falar.
Além disso, uma das principais dicas que o manual traz é para que os profissionais acumulem bastante informações sobre o Brasil para contar lá fora (como a renda per capita, a população e os principais invesvimentos feitos aqui).
"Sustentar a conversa além de um nível de amenidades gera impacto no interlocutor. Isso coloca a pessoa em uma posição diferenciada na mesa, os outros passam a ouvi-la e respeitá-la mais, o que traz resultados", afirma Servino.
O manual começou a ser elaborado em 2005, mas está em constante aperfeiçoamento. Atualmente, ele é composto por dez apostilas que contém informações sobre 43 países, com uma média de 30 dicas por país.
Além da versão impressa, o material está disponível para todos os funcionários da ArcelorMittal Tubarão, na intranet.
Todas as dicas foram recolhidas junto a escolas de idiomas, consulados e, é claro, funcionários da companhia que já viajaram para o exterior.
Quando querem sugerir novas informações, os empregados procuram o departamento de comunicação da empresa, que é responsável por checá-las e atualizar o guia.
As dicas
Confira algumas informações que fazem parte do guia de viagens da ArcelorMittal Tubarão:
. Na Índia, é melhor evitar peças em couro, já que a vaca é um animal sagrado no país. Ao presentear, também evite o preto e o branco, consideradas cores que dão azar.
. No Vietnã, fale da arquitetura, das belezas naturais do país e sobre o Brasil. Não inclua nas conversas a Guerra do Vietnã.
. Presentes não são comuns em ambientes de negócio na Suécia.
. Na Coreia do Sul, não se deve estranhar e nem considerar falta de educação se o interlocutor arrotar depois da refeição. Além disso, é antissocial recusar bebidas.
. Não é preciso ser muito pontual no Peru. Lá, atrasos são frequentes.
. Na China, a pontualidade é coisa séria. Além disso, lá, o executivo graduado entra na sala na frente de seus subordinados. Jamais se deve falar diretamente com um funcionário do parceiro comercial. O superior é quem deve consultá-lo. No país, também é gafe por açúcar no chá.
. As mulheres devem evitar joias ou qualquer ostentação ao participarem de encontros de negócios na Alemanha.
. Seguir as tradições locais é considerado demonstração de respeito no Japão. Lá, não se dá gorjeta.
. Na Tailândia, não fale sobre o filme “Anna e o Rei”. Os tailandeses não gostam nada da história do rei que se apaixonou por uma professora inglesa.
. Na Suécia, um aperto de mãos não vale nada sem olhar nos olhos.
. Na Nova Zelândia, é comum receber parceiros comerciais em casa. Já nos Estados Unidos e na Alemanha, vidas pessoal e profissional não se misturam nem mesmo nas conversas.