O que muda com as aprovações de ETFs de cripto no Brasil e no mundo?
A abertura para negociação dos primeiros ETFs de Solana no Brasil reforça o protagonismo e o pioneirismo do país no mercado de criptomoedas
EXAME Solutions
Publicado em 30 de agosto de 2024 às 11h30.
Última atualização em 30 de agosto de 2024 às 11h42.
Em agosto deste ano, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) do Brasil aprovou o primeiro ETF de Solana (SOL) do Brasil e da América, posicionando o mercado brasileiro de criptomoedas à frente de países como os Estados Unidos. Logo após, a CVM também aprovou o segundo ETF de Solana, lançado pela gestora brasileira Hashdex em parceria com o BTG Pactual. Essas decisões reforçam a posição de liderança do Brasil no setor.
Criado pela gestora QR Asset e administrado pela Vortx, o fundo QSOL11 foi aberto para reservas na última quarta-feira, 21, e começou a ser negociado na B3 no dia 28 de agosto. A aprovação pela CVM acontece em meio à expectativa do mercado com relação a uma resposta aos pedidos de lançamento de ETFs de Solana nos Estados Unidos.
No final de maio, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, a SEC, aprovou os pedidos de lançamento de ETFs de ether (ETH). Eles começaram a ser negociados na Bolsa de Valores de Chicago há cerca de um mês. A decisão veio após a liberação, em janeiro, dos primeiros fundos de bitcoin, a criptomoeda mais relevante do mercado global, no mercado americano.
Perspectivas para os ETFs de ETH
Segundo Guilherme Nazar, vice-presidente regional da Binance na América Latina – maior corretora de criptomoedas por volume de trading do mundo – o desempenho dos ETFs de ETH foram afetados negativamente pela queda dos mercados de capitais globais. Mas ele destaca que, mesmo em cenário adverso, "até meados de agosto, oito dos nove fundos de ETH negociados em bolsa à vista, lançados no final de julho, registraram entradas positivas, atraindo coletivamente mais de US$ 2 bilhões”.
Dois bancos tradicionais de Wall Street – Goldman Sachs e Morgan Stanley – compraram, juntos, mais de US$ 600 milhões em ETFs BTC à vista durante o segundo trimestre deste ano.
“Esses dados, combinados, pintam um quadro de expansão sustentada da presença das principais instituições financeiras no espaço de ativos digitais. Essa tendência contínua significa mais capital fluindo para o espaço cripto, mais liquidez nos mercados de criptomoedas, bem como maior conscientização e adoção chegando a novas categorias de investidores”, explica Nazar.
Mercado mais maduro
De acordo com a Binance, essas últimas movimentações reforçam ainda a validação do BTC e do ETH como ativos financeiros alinhados à tendência de institucionalização do mercado e sinalizam o amadurecimento dele.
“A aprovação marcou um novo patamar de aceitação, maturidade e popularização do mercado de criptoativos, oferecendo mais credibilidade à indústria e abrindo potencial para mais inovação”, diz Richard Teng, CEO da Binance.
Segundo ele, os ETFs de Bitcoin facilitam o acesso ao mercado de criptoativos, atraindo mais investidores e liquidez. “Embora não seja fácil antecipar a escala de novos entrantes e as dinâmicas de mercado [ as quais estão sujeitas às próprias dinâmicas de mercado ], é útil notar que a introdução dos ETFs de ouro em 2004 resultou em sete anos de ações positivas de preço”, destaca Teng.
O que muda para os investidores brasileiros
Por aqui, a aprovação dos ETFs, segundo a Binance, pode ter um efeito indireto, mas significativo. Isso porque, como as criptomoedas já possuem uma crescente popularidade entre os investidores brasileiros, a possibilidade de que mais ETFs de cripto sejam lançados no país aumenta.
A entrada de mais instituições financeiras no mercado global de cripto também pode levar a uma maior pressão para a regulamentação e adoção de produtos semelhantes no Brasil, oferecendo novas oportunidades para investidores e players do mercado financeiro local.
As vantagens dos ETFs
Além de serem uma maneira segura de acessar o mercado de cripto, os ETFs de BTC e ETH são uma forma simplificada de diversificar o portfólio, permitindo que os investidores se exponham a esse tipo de ativo sem a necessidade de investir diretamente em múltiplas plataformas ou tokens.
Por serem produtos regulamentados, eles também trazem uma camada adicional de segurança e transparência às negociações. Isso os torna ainda mais atrativos para grandes instituições financeiras, que tendem a evitar riscos e preferem produtos tradicionais e regulamentados.
Por fim, devido à oferta limitada de ETH nas corretoras e ao crescente uso em staking, a introdução dos ETFs pode ter um impacto significativo no preço do ETH, criando oportunidades de valorização.
“Esses diferenciais reforçam o valor agregado dos ETFs de BTC e ETH, tanto para investidores tradicionais quanto para aqueles mais familiarizados com o mercado de criptomoedas, ampliando seu apelo e acessibilidade”, afirma Teng.