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Após perderem 60%, títulos da Samarco viram boa aposta

Empresa responsável pelo maior desastre ambiental do Brasil quer convencer investidores de que pior já passou


	Rio Doce poluído por rompimento de barragem da Samarco: após acordo com governo, empresa quer impulsionar venda de títulos
 (Leonardo Merçon/Últimos Refúgios/Divulgação)

Rio Doce poluído por rompimento de barragem da Samarco: após acordo com governo, empresa quer impulsionar venda de títulos (Leonardo Merçon/Últimos Refúgios/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 9 de março de 2016 às 14h09.

A Samarco Mineração, mineradora responsável pelo maior desastre ambiental do Brasil, está convencendo os detentores de bonds de que o pior já passou para a empresa.

A empresa de minério de ferro de propriedade da Vale e da BHP Billiton viu seus bonds da emissão de US$ 1 bilhão para 2022 subirem 48 por cento desde 22 de janeiro, quando os jornais locais informaram que a empresa estava negociando um acordo com o governo. 

No acordo anunciado em 2 de março, a Samarco concordou em pagar pelo menos US$ 1,1 bilhão ao longo dos três próximos anos por danos resultantes dos rompimentos de duas barragens na mina da empresa, em Minas Gerais, em novembro, matando pelo menos 17 pessoas e liberando bilhões de litros de lodo no Rio Doce.

O acordo gerou a especulação de que a Samarco conseguirá reconquistar sua licença de mineração e retomar as operações na mina após concluir a limpeza, segundo a Stone Harbor Investment Partners e a Mizuho Securities USA. 

Os bonds da Samarco caíram a níveis distressed no ano passado após perderem 60 por cento de seu valor e a Moody’s Investors Service rebaixou a nota da companhia para sete níveis abaixo do grau de investimento. A Samarco estava classificada acima do grau especulativo antes do acidente.

“A assinatura do acordo entre a Samarco e o governo brasileiro é um importante primeiro passo para permitir que a empresa retorne à normalidade operacional”, disse Darin Batchman, que ajuda a administrar US$ 39 bilhões, incluindo dívida da Samarco, na Stone Harbor Investment Partners.

A Samarco concordou em pagar R$ 2 bilhões (US$ 534 milhões) neste ano, R$ 1,2 bilhão em 2017 e outros R$ 1,2 bilhão em 2018, disseram a Vale e a BHP em comunicados separados na semana passada. 

Os pagamentos anuais para 2019, 2020 e 2021 vão variar entre R$ 800 milhões e R$ 1,6 bilhão, dependendo das necessidades do projeto. 

Ao longo de 15 anos o acordo poderá exigir R$ 20 bilhões para garantir projetos sociais, econômicos e ambientais, segundo comunicado divulgado na cerimônia de assinatura entre as partes, em Brasília no dia 2 de março.

O acordo é “claramente positivo para a Samarco”, disse John Haugh, estrategista para a América Latina da Mizuho Securities USA em Nova York. 

“É de maior interesse do governo brasileiro permitir que a Samarco mantenha sua licença de mineração e reinicie suas operações por uma série de razões -- em particular, como forma de financiar o acordo, a reconstrução e os custos de limpeza ambiental”.

Licença ambiental

A Samarco, que era a segunda maior produtora de pellets de minério de ferro do mundo, tinha uma taxa de produção anualizada de cerca de 30 milhões de toneladas em setembro. A empresa quer reconquistar a licença ambiental que perdeu após o desastre para retomar as operações neste ano, segundo um relatório do dia 3 de março publicado pelo site de notícias G1, que citou o CEO Roberto Carvalho.

A empresa mineradora poderia gerar US$ 900 milhões em lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização a plena capacidade, disse o Itaú BBA em relatório do dia 3 de março.

“Agora é possível fazer as contas e projetar os custos contra os lucros que sairão da Samarco e é possível julgar se haverá uma provável reestruturação dos bonds”, disse Patrik Kauffmann, gestor de recursos da Solitaire Aquila, que administra US$ 11 bilhões em Zurique. 

“Se a BHP e a Vale injetarem algum capital na empresa ou derem uma linha de crédito a ela, a Samarco conseguirá realizar os pagamentos sem uma reestruturação”.

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