Negócios

Após golpe bilionário, ex-VP da Wirecard contrata espião e foge da prisão

Fuga de Jan Marsalek, ex-executivo da Wirecard, contou com a ajuda de ex-oficial sênior do serviço secreto austríaco, diz jornal

Wirecard: executivo fugiu com ajuda de membro do serviço secreto (Peter Kneffel/Getty Images)

Wirecard: executivo fugiu com ajuda de membro do serviço secreto (Peter Kneffel/Getty Images)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 24 de janeiro de 2021 às 16h20.

A polícia de Viena, capital da Áustria, prendeu um ex-oficial sênior do serviço secreto austríaco e um ex-parlamentar sob a acusação de terem organizado a fuga do ex-diretor de operações da empresa alemã de pagamentos Wirecard, Jan Marsalek, para a Bielo-Rússia em junho de 2020.

Os promotores criminais de Viena confirmaram neste domingo, 24, que duas pessoas estavam sob custódia policial, com identidades não reveladas, por conta da fuga de Marsalek em um jato particular pago em dinheiro, segundo informações do Financial Times, que teve acesso ao documento da polícia local.

O ex-executivo, que continua desaparecido, havia fugido pouco depois de ser suspenso da Wirecard e dias antes de os promotores de Munique emitirem um mandado de prisão contra ele. Os promotores suspeitam que ele, que está na lista dos mais procurados da Interpol, desviou centenas de milhões de euros da empresa.

De acordo com o documento oficial da polícia, um dos homens presos é um ex-funcionário do serviço secreto austríaco que foi confidente de longa data de Marsalek e o encontrou para jantar em um restaurante em Munique na noite de 18 de junho.

No dia seguinte, o executivo pegou um táxi para um aeródromo privado em Bad Vöslau, na Áustria. E depois pagou dois pilotos em dinheiro e embarcou em um Cessna Citation Mustang 510 fretado que o levou para Minsk, na Bielo-Rússia.

O documento aponta ainda que outro funcionário do serviço secreto austríaco foi preso. Essa pessoa é acusada de usar indevidamente a autoridade oficial ao passar informações confidenciais para a empresa de pagamentos.

Wirecard

Em junho do ano passado, após uma queda de 90% nas ações e de um ex-presidente ter sido preso, a companhia anunciou que pediria insolvência para continuar funcionando até encontrar alguém que a adquirisse. Na época e empresa valia 13 bilhões de euros.

A derrocada começou quando a empresa anunciou que estava faltando 1,9 bilhão de euros em seu caixa (11 bilhões de reais), o que a forçaria a renegociar com bancos e a interromper pagamentos. A inconsistência no balanço colocou em dúvidas o futuro do Wirecard Bank, uma subsidiária promissora no mercado financeiro alemão.

No dia 19 de junho, o presidente e principal acionista da empresa, Markus Braun, se afastou em consenso com o conselho de administração. Quatro dias depois, ele foi preso por suspeitas de manipulação de mercado e, depois, liberado após pagar fiança de  milhões de euros. Já Marsalek fugiu. 

Segundo o Financial Times, o colapso do Wirecard é uma das maiores fraudes contábeis da Europa no pós-guerra. O ex-presidente-executivo Markus Braun e vários outros ex-gerentes da Wirecard estão sob custódia policial na Alemanha há meses por causa da fraude, mesmo negando as irregularidades.

 

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoFalênciasmeios-de-pagamento

Mais de Negócios

15 franquias baratas a partir de R$ 300 para quem quer deixar de ser CLT em 2025

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia