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Após captar R$ 5,9 mi, startup que ajuda motorista a saber quando vale a pena ser Uber ganha o mundo

Primeira parada é os Estados Unidos. Até o final do ano, plataforma quer ter 50.000 assinantes

Sócios da StopClub: expectativa é chegar a 50.000 assinantes pelo mundo até o fim do ano (StopClub/Divulgação)

Sócios da StopClub: expectativa é chegar a 50.000 assinantes pelo mundo até o fim do ano (StopClub/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 16 de maio de 2024 às 08h12.

Última atualização em 16 de maio de 2024 às 13h26.

Do momento em que o aplicativo toca com uma nova corrida ao momento em que o motorista escolhe se vai aceitar a viagem ou não, há um longo (mesmo que curtíssimo, em termo de tempo) caminho. Ele precisa avaliar se quer ir até o destino final, se o preço é competitivo, se vai pagar as despesas de gasolina e possível retorno, etc.

Há alguns anos, porém, uma plataforma brasileira ajuda o motorista de aplicativo a tomar essa decisão. É a StopClub, nascida em 2017.

Inicialmente, a plataforma permitia que motoristas de aplicativo encontrassem lugares seguros para estacionar, se alimentar e fazer suas necessidades enquanto estavam trabalhando. Durante a pandemia, porém, o modelo de negócio pivotou e hoje a empresa serve como um “assistente” do trabalhador.

Pela StopClub, por exemplo, o motorista pode calcular se a viagem que está sendo oferecida a ele valerá a pena. A plataforma coleta a distância, o valor que está sendo pago e informações adicionais, como o consumo do veículo e o preço da gasolina e mostra essas informações num único dashboard para o motorista, que avalia e toma a decisão de aceitar a corrida — ou não. 

Até o momento, a empresa funcionava apenas no Brasil. Mas essa realidade vai começar a mudar. Após um aporte de cerca de 5,9 milhões de reais em março, a StopClub está dando um novo passo em seu processo de expansão, chegando aos Estados Unidos.

O aplicativo já começou a funcionar por lá, sob um novo nome, GigU.

“Ao expandir nosso negócio para o mercado americano, uma das preocupações que surgiram foi de encontrar um nome que funcionasse naquele país”, diz Pedro Inada, cofundador da empresa. “StopClub foi o nome que criamos para a nossa primeira solução, baseada em um plano de assinatura que oferecia aos motoristas pontos de apoio espalhados pela cidade, ou seja, era o “clube da parada”. Essa solução já não existe mais, por isso, para o lançamento nos Estados Unidos, optamos por um nome mais curto, que represente nosso modelo de negócios e nossos propósitos atuais”.

“A princípio não há planos para mudar o nosso nome no Brasil, pois já é uma marca consolidada e conhecida pelos motoristas”, complementa o também cofundador Luiz Gustavo Neves.

Apesar da mudança de nome, as funcionalidades são as mesmas do Brasil, com “Recusa Automática”, “Cálculos de Ganhos”, “Calculadora de Custos”, “Câmera de Segurança” entre outras.

A empresa não abre faturamento, mas espera chegar ao fim do ano com cerca de 50.000 assinantes na modalidade premium. Hoje, são cerca de 15.000.

Como a StopClub nasceu 

O projeto foi desenvolvido por dois amigos de infância. 

Pedro Inada trabalhava no mercado financeiro, numa gestora de investimentos que administrava cerca de 1 bilhão de reais no Rio de Janeiro. Em 2013, largou a operação para ter uma startup de marketplace de prestação de serviços. O negócio não foi para frente, mas serviu como base de aprendizado para o mundo do empreendedorismo. 

Luiz Gustavo Neves teve um movimento de carreira parecido, mas na área de direito. Trabalhou no setor tributário até sair para empreender, mais ou menos na mesma época, em 2013. Sua primeira empreitada foi na revitalização de uma área ociosa do Jockey Club no Rio. 

“Nós sempre compartilhamos experiências, porque éramos amigos de infância e estávamos vivendo momentos muito semelhantes de nossas vidas”, diz Inada. “Estávamos sempre trocando figurinhas”. 

As figurinhas viraram uma oportunidade de negócio em 2017, quando os dois perceberam um movimento que chamam de “uberização”, com mais trabalhadores colaborativos no país. Foi quando decidiram desenvolver a StopClub, primeiramente como um clube de apoio físico para o motorista, depois como um “assistente virtual”.

Como a StopClub funciona 

Atualmente com cerca de 230.000 usuários ativos no Brasil, a StopClub é um clube para o motorista de aplicativo, atuando em duas frentes: segurança e rentabilidade. 

Na parte de segurança, a plataforma funciona como uma rede social em que motoristas podem se adicionar, compartilhar localização e viagens e mostrar para onde estão indo. O app também transforma o telefone do usuário numa câmera de segurança. “Em dois toques, inicia uma navegação em segundo plano”, afirma Neves. 

Na parte de rentabilidade, há uma calculadora de ganhos e outra de custos. Na de ganhos, a plataforma informa quanto o profissional vai ganhar por hora ou quilômetro rodado com a corrida, podendo recusar automaticamente as que não interessarem. Na de custos, os usuários a entenderem seus custos e calcular o ganho líquido real de acordo com o número de horas trabalhadas e o total de quilômetros rodados.

“Antigamente, toda corrida era vantajosa, mas hoje em dia, tem muita viagem que não vale a pena para o motorista”, diz Inada. “Como os brasileiros não costumam ter uma boa educação financeira, essas ferramentas ajudam o motorista a tomar as decisões”. 

E como a StopClub fatura? Para quem quiser pagar, há uma modalidade “premium” que custa 7,99 reais por mês. Boa parte das funcionalidades, porém, também estão disponíveis na versão gratuita. 

Nesse caso, o faturamento vem de um outro serviço da empresa: um marketplace de produtos que possam interessar o motorista. Na lista de vendas há serviços como seguro, consórcio e crédito. E a plataforma ganha uma comissão em cima da venda. 

Entre as marcas que aparecem hoje na plataforma estão empresas como o consórcio Mycon, a seguradora Iza e uma oferta de crédito do Santander via a startup mexicana Bankuish.

“O StopClub Pro traz ferramentas que melhoram muito os ganhos dos usuários e o nosso marketplace os ajuda a encontrar os produtos e serviços que eles precisam”, diz Neves. “Essas duas frentes vêm fazendo nosso faturamento crescer 82% ao mês”.

Pedra no sapato da Uber

A possibilidade de recusar automaticamente viagens desagradou a gigante de corridas Uber. No ano passado, as duas empresas travaram uma disputa na Justiça pela possibilidade dos motoristas usarem a plataforma da StopClub ou não.

Na alegação da Uber, a plataforma violava os termos de uso da companhia, que conta com restrições sobre o uso de robôs para um trabalho que deve ser humano: de aceitar uma corrida ou não. A gigante de tecnologia também disse que havia violação de privacidade de dados e concorrência desleal por parte da startup carioca.

Num primeiro momento, a Justiça acolheu o pedido da Uber e mandou suspender o uso das ferramentas de cálculo de ganhos e recusa automática do aplicativo. Depois, em segunda instância, voltou atrás e liberou a plataforma, que segue funcionando. 

Acompanhe tudo sobre:StartupsUber

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