Negócios

Ana Botín, do Santander, revela como se sentiu ao ser demitida pelo pai

"Não estamos nem perto de alcançar a diversidade de gênero nos níveis mais altos em finanças e empresas", disse a executiva do Santander em entrevista

“Ele me ligou num domingo e disse: ‘Olha, o melhor para o banco e para você é que você saia amanhã'", disse ela (Santander/Divulgação)

“Ele me ligou num domingo e disse: ‘Olha, o melhor para o banco e para você é que você saia amanhã'", disse ela (Santander/Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 10 de janeiro de 2020 às 07h32.

São Paulo — Ana Botín, do Banco Santander, disse que o relacionamento “incrível”, mas complicado, com o falecido pai, Emilio, nunca mais foi o mesmo depois que ele a demitiu para levar uma fusão adiante.

Ana, cuja demissão ganhou destaque em 1999 quando seu pai era presidente do conselho do banco espanhol, explicou em longa entrevista a uma TV espanhola como sua saída era necessária para a fusão com o Banco Central Hispano. O BCH exigiu que a executiva saísse do banco como condição para o acordo, depois de um perfil dela em um jornal ter indicado que apenas um Botín poderia chegar ao posto de presidente do conselho.

Ana, que foi acusada por um parlamentar de ter mais influência do que políticos eleitos, tem gradualmente aumentado a exposição de seu perfil público desde que assumiu a presidência do conselho após a morte do pai, em 2014.

Confira alguns trechos importantes da entrevista de uma hora com o apresentador de TV Jesus Calleja.

Como o pai a demitiu

“Ele me ligou num domingo e disse: ‘Olha, o melhor para o banco e para você é que você saia amanhã. Pegue suas coisas e vá embora porque, caso contrário, não há fusão’.”

“Acho que ele fez o que precisava ser feito. O jeito que ele fez foi o que me afetou muito. Sempre lembrarei das frases que ele usou naquele momento.”

“Do ponto de vista da família, o relacionamento com meu pai sempre foi incrível.” Depois que ele a demitiu, “o relacionamento familiar era muito bom, mas não era o mesmo”.

Relacionamento com o pai

“Se você me perguntar quem tem sido a maior influência em minha vida, tem sido minha mãe, mais do que meu pai. Ela nos educou de uma maneira muito avançada para a época.”

“O relacionamento com meu pai, como pai, era muito bom. Como chefe, tinha altos e baixos.”

“Meu pai nunca me disse: venha trabalhar no Santander.”

Retorno ao Santander

“Fiquei fora do banco por três anos. Lancei um fundo de investimento e duas fundações, tudo por minha conta, sem dinheiro do banco, do meu pai ou da família. Em termos econômicos, em três anos ganhei mais do que havia ganhado nos dez anos anteriores.”

“Meu pai me ligou numa segunda-feira”, disse Ana, oferecendo-lhe o cargo de presidente do Banesto. “Eu disse a ele: ‘quanto tempo você me dá para responder?’ Ele me disse: ‘Quanto tempo? Agora mesmo’.”

Presidente do conselho

“Algumas pessoas da equipe anterior permaneceram, mas não muitas. Estávamos em uma nova etapa e isso exigia uma equipe renovada, e fizemos isso rapidamente. Algo que aprendi foi que, quanto mais rápido você mudar as coisas, melhor.”

Ser mulher em finanças

“Há duas semanas, eu estava em Paris em uma reunião dos 100 maiores bancos do mundo. Sabe quantas mulheres havia entre as 100? Três. Defendo a diversidade de todos os tipos, e não estamos nem perto de alcançar a diversidade de gênero nos níveis mais altos em finanças e empresas.”

“O que mais me deixava com raiva eram as reuniões em que meu chefe, que era meu pai, me dizia para calar a boca. Aprendi a falar com mais convicção.”

Acompanhe tudo sobre:BancosPresidentes de empresaSantander

Mais de Negócios

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia

"Bar da boiadeira" faz investimento coletivo para abrir novas unidades e faturar R$ 90 milhões

Haier e Hisense lideram boom de exportações chinesas de eletrodomésticos em 2024