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Amaggi aumenta investimento e capacidade, acirrando competição

A expansão da Amaggi ocorre em meio a um boom no mercado de grãos brasileiro, guiado pelos altos preços

Judiney Carvalho de Souza, CEO da Amaggi, posa para foto em Cuiabá, Mato Grosso, em outubro de 2019 (Divulgação/Reuters)
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Reuters

Publicado em 26 de agosto de 2021 às 10h18.

Última atualização em 26 de agosto de 2021 às 12h46.

O conglomerado agrícola Amaggi prevê investir 2,3 bilhões de reais este ano como parte de um plano agressivo de crescimento, expandindo sua presença em diversos segmentos da cadeia de suprimento ao mesmo tempo em que acirra a competição com empresas estrangeiras como a Cofco e a Cargill.

Em uma rara entrevista, Judiney Carvalho, CEO da empresa, disse à Reuters que a demanda por commodities agrícolas brasileiras, impulsionada especialmente pela China, dá suporte ao plano da companhia de crescer por meio de aquisições e projetos greenfield.

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A expansão da Amaggi ocorre em meio a um boom no mercado de grãos brasileiro, guiado pelos altos preços.

A Amaggi, que produz, processa e negocia grãos, está construindo duas novas unidades de fertilizantes --uma em Mato Grosso, onde a empresa está sediada, e outra em Rondônia--, disse Carvalho em uma entrevista por telefone.

Anteriormente, a companhia já havia divulgado que também está construindo sua primeira instalação de biodiesel em Lucas do Rio Verde, com obras em andamento ao lado de uma planta processadora de grãos mantida pela empresa no município há mais de dez anos.

A chinesa Cofco e empresas norte-americanas como ADM, Bunge e Cargill possuem unidades de processamento de soja no Estado, e os investimentos da Amaggi devem desencadear ainda mais competição nos segmentos de originação e esmagamento de oleaginosas.

"Estamos em todos os ramos da cadeia", disse Carvalho, citando relacionamentos com cerca de 6 mil agricultores, além da produção própria da companhia.

"A forma como somos estruturados faz nossa tomada de decisão ser mais rápida se comparada às ABCDs", acrescentou, em referência a grandes concorrentes globais.

O investimento da Amaggi ampliará sua capacidade de armazenamento de grãos, sua frota rodoviária própria, bem como seu negócio de geração de eletricidade, que terá capacidade instalada total de 90 megawatts (MW) até 2023, o suficiente para abastecer uma cidade de 260 mil habitantes.

Carvalho, que trabalha na empresa há mais de três décadas, não quis revelar quanto a Amaggi pagou pelo Grupo O Telhar Agro --negócio anunciado em março e que aumentará a área de cultivo da empresa para cerca de 350 mil hectares.

Ele confirmou, porém, que a mudança deve aumentar a produção de oleaginosas e fibras da Amaggi em cerca de 34% ante os atuais 1,1 milhão de toneladas por ano.

A Amaggi também possui atuação no setor bancário e uma planta de farelo de soja não geneticamente modificada na Noruega.

Em 2020, a Amaggi negociou cerca de 14 milhões de toneladas de grãos globalmente. O volume, segundo Carvalho, deve avançar para 17,5 milhões de toneladas neste ano.

De acordo com dados de agências marítimas, até julho a empresa foi a maior exportadora de milho e a quinta maior exportadora de soja do Brasil.

Carvalho indicou que uma "sólida estrutura de governança", que exclui membros da bilionária família Maggi --controladora da empresa--, ajuda a companhia executar seu plano de expansão, bem como a navegar pela volatilidade em meio à pandemia, quando algumas tradings enfrentaram riscos financeiros.

"A pandemia virou o mercado de cabeça para baixo", disse ele. "Se teus parceiros financeiros ficam com medo do Brasil, da atividade e do negócio, eles não te dão o dinheiro e é um problema sério."

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